Capítulo VI

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Assim que terminei de abotoar a camisa xadrez, pertencente à irmã de Jason, e após um bom banho, um formigamento despertou o meu estômago. Eu estava tão angustiada com os eventos atuais que acabei esquecendo que não havíamos comido nada durante o dia. Ouvi algumas vozes no andar de baixo, então, tentei ao máximo que pude ajeitar os meus cabelos para não passar uma impressão tão ruim quanto à de quando cheguei mais cedo. Ao abrir a porta, Jason me aguardava no corredor.

-Que bom que serviu._ Ele apontou para a blusa. Ela estava justa, dificultava o movimento dos meus braços, mas eu não reclamaria de tamanha hospitalidade.

-Tenho que agradecer à sua irmã, mais tarde._ Saí do quarto fechando a porta atrás de mim. Ele apontou para o quarto da irmã, aberto e cheio de roupas espalhadas pela cama, quando passamos por ele no corredor:

-Não se incomode com isso, ela não vai nem perceber._ Segurei um sorriso enquanto o seguia. Quanto mais nos aproximávamos da sala, mais alto era o barulho de conversa.

-Minha casa, às vezes, se torna uma espécie de espaço para concentração quando há algum evento na cidade. Hoje vai acontecer um show no centro e, provavelmente, minha irmã trouxe alguns amigos aqui para jantarem antes de sair, sem contar com a família, que se reuniu._ Ele respondeu aos meus pensamentos, e eu parei no primeiro degrau da escada, analisava a atual situação.

-Não fique preocupada, ninguém vai perceber que você não é daqui, pode ser que nem lhe deem atenção._ Jason notou a minha hesitação. Mesmo assim, continuei, enquanto me lamentava internamente.

O tio Youssef estava na cabeceira da mesa conversando com um homem de cabelos castanhos e olhos esverdeados. Ele aparentava ser uns dez anos mais velho que Jason e ria enquanto o velho se exaltava, servindo-lhe de cerveja sempre que encontrava um espaço para isso. Ao lado dele estava uma moça morena de cabelos cacheados. Clover estava sentada na outra cabeceira, cortava uma fatia de torta para uma garota asiática de cabelos platinados e unhas vermelho sangue. Duas outras garotas, da mesma idade da asiática, estavam sentadas dividindo uma poltrona e uma caixa de pizza. Uma se parecia muito com Jason, os cabelos eram loiros e os olhos azuis.

-Amber! Jason! Peguem um lugar e venham comer. Jennifer, eu já te avisei, se você melar de novo esse sofá com o molho de pizza eu não deixo você ir para lugar nenhum essa noite. Está me ouvindo?_ Clover notou a nossa presença e apontou para algumas cadeiras livres na mesa enquanto reclamava com a filha. A loira na poltrona revirou os olhos e mostrou como os seus dedos estavam limpos.

-Não vai acontecer de novo, mãe._ A conversa mudou de cenário quando o homem de cabelos castanhos, par da jovem morena, voltou a atenção para nós quando o velho tio foi buscar alguma coisa na cozinha.

-Primeira vez que meu irmão volta acompanhado para casa, desde o ensino médio. Que milagre você nos proporcionou...

-Jonathan, não fale essas coisas._ A morena o repreendeu, revelando seu nome. Jason, Jonathan e Jennifer. Tentei segurar um riso para disfarçar a escolha dos nomes dos filhos, todos com a letra "J" e, felizmente, apareceu um sorriso, o que o irmão mais velho queria, quebrando, desse modo, as inconveniências.

-É apenas uma amiga, John. Talvez passe apenas um dia aqui.

-Muitas coisas podem acontecer em "um dia"._ Ele continuou a provocar o irmão, que rebateu.

-Você está parecendo a tia Mel falando essas coisas._ Os três riram de alguma coisa, algum tipo de piada familiar, que eu não participava e, com certeza, não entenderia. Tio Youssef logo voltou de sua peregrinação à cozinha trazendo uma sidra de maçã. Clover, prontamente, se serviu da bebida e recebeu reclamações dos dois filhos pela ingestão do álcool.

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