Capítulo 4. Negócios Falindo.

97 21 6
                                    

Era domingo, três dias após o último incidente de Jungkook e dois dias após sua primeira consulta psiquiátrica. De certa forma, o casal Park e Jeon está, aos poucos, melhorando a convivência. É claro, Jungkook ainda não contou nada pro namorado e Jimin ainda está muito inseguro com tudo, mas não estão em pé de guerra como no dia em que J-Hope almoçou com eles.
Perto da noite, o casal deitou-se no sofá da sala, cansados por terem jogado video game nas últimas horas, decidiram assistir a um filme. Nos primeiros 20 minutos deste, Park começou a dormir, deixando apenas JK assistindo. De repente, na mesinha de centro da sala, o celular de Jungkook começa a vibrar. Tentando não acordar o amado, ele pega rapidamente e verifica quem o ligava: número desconhecido:
     - Alô? - Diz baixinho ao atender, migrando para o quarto e deixando Jimin sozinho, ainda dormindo. - Quem é?
     - Oi Jungkook. Aqui quem fala é Suga. - Jungkook estranha, não conhece ninguém com esse nome, mas, de alguma forma, soa tão familiar ao seus ouvidos essa voz e esse nome.
     - Desculpa, quem? - Confuso, pergunta mais uma vez.
     - Olha, é o seguinte, eu não devia estar fazendo isso, mas vou fazer... Preciso que você venha até o quarto de hotel em que estou, te mando o endereço por mensagem. Venha agora, sozinho. - Diz a voz do outro lado do telefone, antes de desligar. Jeon estava confuso, mas esperançoso. Talvez isso fizesse ele lembrar do que aconteceu na noite de quinta. Em poucos minutos, recebe o endereço e pensa: o que devo fazer? Sentado na cama ele respira e analisa a situação, contando os prós e contras. Se ele for e não perder a memoria no meio do caminho, poderá descobrir o que anda fazendo que perturba tanto ele e as pessoas a sua volta, se não for, na perderá nada, mas continuará com uma dúvida infinita em relação a esse assunto:
     - Foda-se, eu vou. - O garoto diz pra si, pega a chave do carro e, com um silêncio cuidadoso, sai do apartamento.
     O que ele não esperava, era que Jimin já estava acordado, apenas fingindo um sono profundo. Ao ter certeza que o namorado estava fora dali, Park abre os olhos e vê pela janela, conferindo se ele ja estava fora, mas ainda não havia saído do estacionamento. Rapidamente, ele pega sua carteira e desce pelo elevador, ao ver o carro do amado saindo, entra no primeiro táxi que vê e diz para o motorista:
     - Siga aquele carro.
     Acompanhando o percurso do veículo, chegam a um hotel chamado LOTTE HOTEL, no qual JK entra sem nem olhar para trás. Um pouco depois, Park entra também, espera Jeon entrar no elevador para poder ver em que andar ele vai parar e, por sorte, era o terceiro. Jimin sobe pela escada para chegar no mesmo tempo de Jungkook no andar e ver em qual dos quartos este entraria.
     Jeon toca a campainha do quarto de número 37, ninguém abre. Toca novamente e é recepcionado por um garoto menor que ele, porém com alguns anos a mais, que ostentava nos pés um tênis da Balenciaga cujo modelo foi reconhecido na hora por JK, pois seu sonho era ter um desses. No pescoço, correntes de prata:
     - Boa noite, Jungkook. - Diz conforme o garoto adentra no quarto, antes de fechar a porta, Suga verifica se alguém o seguiu ou semelhante, trancando a porta ao confirmar tais informações. - Por favor, pode sentar. Quer uma água? Um uísque? - Oferece e o menino apenas nega com um movimento de cabeça, se sentando na cadeira a sua frente.
     O homem, que se intitulou de Suga quando ligou para o celular de Jeon, enche um copo redondo de gelo e uísque antes de se sentar ao lado de Jungkook, ficando bem próximo do menino, que estava bem nervoso com a situação. "Será que é com ele que estou traindo Jimin?", pensa:
     - Bom... - Min pega na coxa de JK e dá uma leve apertada. - Estive pensando na sua proposta. - Morde os lábios inferiores. - Não vou abrir a boate essa semana. - Ele bebe um gole do líquido que estava em seu copo, o que faz com que JK desperte e finalmente se lembre do rosto desse homem que estava em seu lado. Era Suga, dono da boate para a qual ele presta serviços, o mesmo que não quis nem ouvir sua proposta. - Esses machucados no seu rosto... Foi RM? - Suga pergunta, com um sorriso de canto de boca.
     - RM? Não conheço nenhum RM, foi aquele seu queridinho, Namjoon.
     - RM é Namjoon. Rap Monster. Nunca ouviu ele cantando na boate? - Jungkook ouve isso e, ao se lembrar, ri alto, quase gargalhando.
     - Ele se chama de Rap Monster? - Ainda rindo, pergunta. Min não entende a graça, permanecendo com a mesma expressão de antes e em silêncio, o que deixa JK um pouco envergonhado e, aos poucos, para de rir. - Então... - O menino coça a garganta, sem graça. - Não vai abrir a boate, por que?
     - Porque você disse que conseguiria um lugar. - Responde olhando nos olhos de Jeon, um olhar intimidador. - E eu tenho certeza que se ela funcionar normalmente, no lugar em que está, a polícia aparecerá e meu clientes serão presos, eu não quero isso.
     Jungkook respira fundo. Realmente, na quinta-feira em que ele, pela primeira vez, conseguiu falar direto com Min Yoongi, sem interferência de Kim Namjoon, disse que conseguiria arranjar um lugar. Foi até mais além, dizendo que poderia ser melhor que Namjoon nos negócios. À primeira vista, Suga não sentiu muita confiança no que o garoto estava dizendo e achou de extremo desrespeito ele insinuar ser melhor que RM. Os funcionários não funcionam assim, precisam provar muito o quanto valem e se são ou não de confiança, para que, só então, Min suba seu cargo. Todavia, são momentos difíceis para um criminoso como ele.
     Há 4 meses, após um desentendimento entre uma das prostitutas e o governador, o local em que se localizava a boate, anterior ao atual, foi fechado. Por sorte, Yoongi não estava lá e conseguiu se safar, mas no dia seguinte seu rosto estava estampado em todas as cidades e redes, assim como de alguns dos membros que frequentavam ali. Sendo assim, ele precisou fugir e se esconder temporariamente, até que conseguisse arrecadar dinheiro suficiente para pagar à polícia sul coreana e se livrar, ilegalmente, das denúncias.
     Foi então que conheceu Kim Namjoon, ex soldado do exército, com fortes ligações na polícia. Este, acompanhava um dos detetives que tentavam localizar Suga, o que ele conseguiu fazer. Kim descobriu sozinho um dos esconderijos e foi atrás dele:
     - Min Yoongi. Você está muito famoso pra sair sem medo assim nas ruas. - Disse ao sentar ao lado de Min, no dia em que se conheceram. Yoongi estava de boné e oculos escuros em um bar ao dentro do hotel no qual estava escondido. - Agust D. É esse o nome que está usando para fazer os check-ins sem ser notado, não é?
     - E você, quem é? - Pergunta, mesmo já sabendo a resposta. Min conhece cada pessoa que está buscando por ele, para o caso de coisas como essa viessem a acontecer. Ele sabe que dinheiro sempre foi mais importante do que combater o crime, independente de sua procedência.
     - Isso não é importante agora. O que importa é: quanto você consegue me oferecer para eu não contar onde você se esconde? - Suga bebe todo a bebida que estava em seu copo de uma só vez e pede para que Kim Namjoon o acompanhe até seu quarto. Ao chegarem, Suga tranca a porta e pede para que o homem sente na cama. Após isso, ele abre o guarda roupa e e pega três itens: um celular, uma maleta e uma arma. Imediatamente, Kim levanta da cama e pega a arma que estava em sua cintura. - Você pensou que eu fosse vir despreparado?
     - Não. - Suga responde com arma na mão. Após a resposta, ele descarrega a arma e coloca-a, junto das munições, em cima do baú que ficava em frente à cama. - Gostaria que fizesse o mesmo. - E assim, Namjoon o faz. Quando termina o que lhe fora solicitado, Yoongi abre a maleta. - Dois milhões e duzentos mil wons. É uma parte do que eu quero dar pra polícia quando conseguir juntar o suficiente. - Em silêncio, Kim admira a maleta. - Pode ser seu, mas você pode ter muito mais... Trabalhando pra mim. - Ele diz para Namjoon.
     É claro que, de primeira, um ex soldado não aceitaria trabalhar para um criminoso, por questões éticas. Entretanto, ao analisar a situação e lembrar de seus problemas financeiros, entrar para o mundo do crime não lhe parecia algo terrível. Suga também não era bobo, sabia exatamente em que ponto tocar para convence-lo a trabalhar para ele. Então, em menos de quinze dias, Kim Namjoon conseguiu arranjar um lugar e despistar toda a polícia do local, temporariamente. Era visível a influência que ele teria para os negócios, uma chance que não pode ser desperdiçada. Porém, com um mês de serviço, sabendo da influência que exercia no local, Kim começou a exigir mais dinheiro de Min, que, inicialmente, deu. Mas a ganância e o amor pelo luxo individualizado de Suga fez com que ele seduzisse, surpreendentemente, o soldado. Tornaram-se amantes. Quando Namjoon menos esperava, estava na cama de Suga, fazendo tudo o que ele pedia.
Porém, nesse momento, com Jungkook, parece ser diferente. Jeon não exigiu, em pouquíssimo tempo de trabalho, nenhum dinheiro a mais, não tentou denunciar e nunca fez nada fora do que lhe era pedido. Isso intrigava Yoongi. Para o dono dos negócios, seria divertido ter mais um homem como seu brinquedo sexual e mais divertido ainda se eles entrassem em um conflito por conta dele, por isso colocara a mão na coxa do menino, com a intenção de iniciar seu flerte:
     - Bom, eu pedi pra Namjoon entrar em contato com os membros e informar eles sobre o fechamento. Vou esperar você arranjar o lugar, podemos ir conversando nesse tempo, mas preciso que seja com urgência. - Suga está a todo tempo olhando ou para os olhos, ou para a boca de JK, que morde os lábios rapidamente enquanto pensa.
     - Certo, ahm... Eu vou ver isso e te falo. Posso mandar uma mensagem? Em qual número? - Pergunta, não se lembrava da ligação dele nem de como veio parar no hotel.
     - Pelo que eu te liguei. - Responde. - Tem certeza que não quer um pouco de uísque?

Duality (이중성) - FANFIC FINALIZADAOnde histórias criam vida. Descubra agora