Almacari/1889
DESACORDOS ENTRE HAWIK E NALENIL!
Um recente embate diplomático se iniciou entre as duas nações após a acusação do governo central de Nalenil a Hawik, dizendo que o país não pagou como deveria as dívidas do acordo de paz firmado vinte anos atrás. Como resposta, Hawik emitiu uma nota dizendo que não se comprometerá em pegar quaisquer que sejam as dívidas, independente de contrato, enquanto Nalenil seguir explorando o povo de maneira desumana as populações de seu território ultramarino. As denúncias de abusos ainda não foram provadas verdadeiras, e podem representar um grande choque se o forem. O Premiê Vondak Weenos (Lealista) anunciou que agirá, na medida do possível, para que um acordo mútuo seja encontrado entre as nações. Nas palavras do Premiê: "Aqueles que visam perturbar a paz do continente devem ser exaustivamente combatidos, em nome da união e do progresso unitário!".
– Até mais – foram as palavras de despedida quando desceram pela escadaria de calcário.
Depois Belloc e Aldrit desceram de modo sistemático, segurando-se para não saltarem os pequenos, mas numerosos, degraus que os separavam do chão. Arioch, mais atrás, tinha calma no caminhar, com um pé após o outro, apreciando o céu desnudo de nuvens e emoldurado pelo Anel de Kogos e sua lua diurna.
Naquele momento tinham deixado para trás o monstro de cinco quarteirões que era a Grande Biblioteca, com suas imensas janelas de vidro fumê, que filtravam a luz externa. Depois de descerem pelas escadas, haviam rapidamente chamado por um motorista e indicado para onde iriam, apesar da aparente dificuldade na fala do lacronimano, rapidamente se entenderam. Embora Aldrit preferisse as charretes pelo fator da temperatura, a carruagem fora a única coisa que conseguiram e conseguiriam em pouco tempo.
Quando os cavalos trotaram para longe da Biblioteca, também trotaram para longe da Praça do Saber, que se situava, engolindo outra dúzia de quarteirões, logo em frente a Biblioteca. Era a maior praça de Nova Nartan, com muitos dos poucos espaços verdes que haviam restado no motor industrial que rugia dia e noite. No centro, que por si só não seria fácil de se achar dada as trilhas e caminhos curvos e circulares da praça, a não ser por placas, havia uma enorme estátua em mármore e prata de Feanar Aldia, a mãe de toda a história.
Já eram seis e meia, e o sol começava a traçar seu último avanço pelo céu antes de esconder-se por completo atrás das montanhas do oeste. As ruas até então estavam ligeiramente livres, pois o lacronimano demonstrava muita destreza ao escolher rotas onde os veículos poucas vezes transitavam.
– Será que chegamos a tempo? – Belloc se indagou, olhando o movimento cru e orgânico de moradores transitando.
– Com toda certeza – Aldrit deu de ombros, descartando a preocupação.
– O problema é se o Maller enrolar pra chegar. Não temos tanto tempo de sobra assim pra ficar esperando ele – sua afirmação foi seguida por um olhar clemente à Aldrit, como se buscasse confirmação.
Ah, por que você anda tão estranho? Tão preocupado... nem parece o Belloc que a gente conhece.
– Qualquer coisa dormimos no navio, um de nós volta pra arrumar as coisas, não sei. Pouco importa, honestamente. Tenta relaxar, Belloc. Tá tenso.
– Não gosto de navios – estremeceu ao lembrar os enjoos comuns ao balançar ululante das ondas, e Aldrit com facilidade notou que aquilo fora uma legítima tentativa do rapaz em dispersar o sentimento de preocupação.
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As Brumas de Outono - O Flagelo do Tempo Vol.1
FantasíaEnquanto o motor industrial de Wigia funciona a todo vapor, Aldrit busca achar seu espaço na competitividade e agressividade da sociedade que o cerca. Após encontrar, junto de Belloc, um estranho objeto durante pesquisas de campo, acabam descobrindo...