Capítulo 20.

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Capítulo 20 - Bônus Victor Zhang.

Sete meses atrás...

Quando que em meus vinte e um anos, eu adivinharia que o meu maior sonho era estar de volta onde tudo começou?

Acredite ou não, eu nunca pensei que fosse querer voltar para minha cidade. Tudo o que eu queria aos meus dezoito, eram festas, sexo e popularidade. E eu tive tudo isso. Tive mais namoradas do que pude contar, mas a última delas, foi a que mudou tudo sem que eu percebesse. Se tudo o que me definia, eram os meus anos do ensino médio, o que eu seria no futuro? Nada. Quando o meu último ano do colegial acabou, eu não tinha nada, pelo menos era o que eu pensava.

Eu tinha muitas coisas que eram importantes, que valiam muito mais do que eu deixei transparecer. E uma delas, era ela.

Giovana.

Ela era tão natural, tão perfeita. Eu a via na igreja todo domingo, quando eu ia obrigado pelos meus pais. Ela estava sempre linda, sempre com um sorriso radiante no rosto, na escola andava com uma única amiga, nunca querendo chamar atenção para si mesma, mas ao mesmo tempo, atraindo diversos olhares. Toda a pureza que emanava dela, o sorriso doce e inocente, me fizeram notá-la. Me fizeram quere-la.

Quando finalmente conquistei seu coração, tive o melhor ano da minha vida. Eu não precisava de mais nada. Só dela.

Ela fazia planos, me contava seus sonhos e desejos, sempre me incluindo em cada um deles, mas então os preparativos para a formatura chegaram, as escolhas de universidades, também. E eu percebi, que nada da minha vida espetacular dentro da escola seria levada para fora dali. Enquanto Giovana, fazia planos de como seguir seu sonho de ser uma enfermeira que ajudaria a salvar vidas, eu pensava em qual seria o meu sonho, e me dei de conta que eu não tinha sonhos. Não tinha nada que eu quisesse de verdade. Quem eu seria depois disso? O que eu poderia oferecer a ela? Nada.

Fiquei completamente sem saber o que fazer, me sentindo um nada, um ninguém, até ver um comercial. Sim, foi um comercial o que me direcionou pro caminho que eu achei que seria o certo para mim. A carreira na marinha, nunca me pareceu mais atrativa. Eu não precisaria estudar para um vestibular, não precisaria ir para uma universidade. Eu só iria para longe dessa cidade, para longe de qualquer vínculo que eu pudesse sentir com essas pessoas que não me acrescentam em mais nada, para as quais eu não represento nada. Foi isso o que eu pensei.

Então, sem mais nem menos, fiz meu alistamento e minhas malas, e fui embora sem me despedir de ninguém. Se eu queria deixar tudo para trás, não podia me despedir.

As primeiras semanas, foram ótimas. Nunca me senti mais livre. Sem compromisso com ninguém, apenas algumas festas e sexo, nos meus dias vagos. Mas então, a falta de coisas simples como o jeito em que ela ajeitava o cabelo loiro atrás da orelha, quando estava envergonhada, ou a forma em que o sorriso fazia seus olhos verdes brilharem quando me via. Eu não sabia disso antes, mas eu a amava.

Eu sentia falta dos meus amigos, dos meus pais. Céus, eu sentia falta dos abraços da minha mãe.

Não consegui, depois de fazer essa descoberta, seguir com as festas ou nada que não fosse estritamente meu treinamento. Eu passei do cara festeiro, pro cara que só queria que o tempo passasse.

Me empenhei ao máximo, eu só queria terminar meu treinamento e voltar para casa. Queria me desculpar, por tê-la deixado para trás. Na verdade, eu tinha muitas pessoas com quem me desculpar.

***

Dois anos.

Eu só consegui voltar para casa, depois de longos dois anos. Meu vínculo com a marinha precisou se estender, e eu fiquei mais doze meses em serviço militar.

DOCE VENENO - SPIN-OFF de Doce TentaçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora