Capítulo 19.

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Capítulo 19.

Eu fiz uma bateria de exames, para ter certeza de que Jake não havia me passado nenhuma doença, e comecei a tomar alguns medicamentos, por precaução. A médica que o policial havia me falado, realmente foi ótima. Foi discreta, e me fez muito bem, ter alguém com quem conversar sobre o assunto.

Nas primeiras noites, eu tinha pesadelos com Jake, e foi aí que resolvi, escutar a doutora Fátima, e participar das reuniões de um grupo de apoio para mulheres que sofreram algum tipo de abuso. E isso me ajudou demais.

Eu pensei que poderia lidar com tudo, mas às vezes pôr para fora é importante. E a verdade, é que eu queria falar sobre isso, só não queria torturar as pessoas que eu amo com detalhes. E ouvir mulheres que passaram pelo mesmo que eu, me fizeram ter forças para superar, elas estavam superando e eu poderia também, aos poucos.

Faziam quase dois meses desde tudo, e com muito esforço as coisas estavam se ajeitando, eu conseguia dormir, não sentia mais que Jake ia aparecer a cada esquina. Eu podia sentir que estava tomando o controle da minha vida novamente.

Eu tinha muitas pessoas ao meu redor que me amam e me dão toda a força e carinho que eu preciso para passar por qualquer coisa, é isso me ajudou em cada passo adiante que eu dei, deixando para trás toda a carga negativa e de medo que ficaram me atormentando nos últimos tempos. Eu tenho meus pais, Kurts, Rafaela e Carter, que fizeram de tudo para me ajudar, e eu os amo demais por isso e por centenas de outras coisas.

Sem falar nos meus afilhados, que eram lindos. Eu passava metade do meu tempo no hospital. Parte com Rafaela, que estava se recuperando e outra parte na UTI neonatal, observando meus afilhadinhos pelo vidro. Eles eram lindos, perfeitos e para a alegria de todos nós, estavam prestes a receber alta.

É como eu disse, tudo estava tomando o rumo que tinha que tomar.

***

Quando chego em casa, depois de ficar a tarde com minha amiga, vejo Kurts, falando ao telefone na sala. Eu me aproximo devagar e escuto o que ele diz.

-Mãe, Eu já disse... - diz ele. - Não é o melhor momento. Nica ainda está se recuperando...

Eu sorrio. Kurts estava tão preocupado comigo, que se dependesse dele, eu estaria sob observação vinte e quatro horas por dia. Estávamos tão bem, como se nunca tivéssemos nos separado, ele esteve ao meu lado em cada momento, me ajudando a superar tudo. E isso é ótimo. Nunca devíamos ter nos separado, de qualquer maneira.

Eu vou até ele e o surpreendo, tirando o celular de sua mão.

-Senhora Ana? - pergunto ao colocar o celular na orelha.

-Mônica? - pergunta minha sogra rindo.

- Isso. - digo rindo em resposta. - O que Kurts está negando a senhora?

- Ele tinha combinado que vocês viriam passar uns dias aqui. Que poderíamos te conhecer, querida. Mas agora diz que não é o momento. Aconteceu algo?

Eu olho meu namorado, que tem os olhos arregalados e sorrio, me sentando ao sofá.

-Meu Deus. - digo com um suspiro. - Teu filho, acha que sou de porcelana. - Eu solto uma risada. - Mas não se preocupe, está tudo bem. Me mande o seu endereço, se Kurts não me levar aí, eu levo ele.

-Ah, eu estava preocupada, com você, querida. - diz ela. - Espero que esteja tudo bem para você vir em viagem para cá agora, não se sinta forçada.

-Está tudo bem. - repito. - Não tem como superar as coisas ruins, nos privando de viver. - digo isso olhando meu namorado que me observa com atenção. - Eu vou te mandar por mensagem meu número de telefone, assim tu me manda o endereço, pode ser?

DOCE VENENO - SPIN-OFF de Doce TentaçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora