Memento mori

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Yoongi

Min Yoongi sequer cogitou a ideia de levá-los ao seu próprio apartamento para conversar, seria como guiar o exército inimigo diretamente para dentro do seu território. Sua sala na Delegacia de Homicídios de Seul não era coisa muito mais segura ou confortável, mas pelo menos era um pouco mais impessoal.

Assim que entrou no recinto tão estimado, no entanto, com as estantes que exibiam seus porta-retratos, bugigangas decorativas, e seus diplomas, além da enorme mesa de vidro e sua acolchoada cadeira imponente logo a frente da janela coberta com persianas, começou a olhar o lugar com outros olhos. Era inevitável.

Tinha um pouco dele em tudo e quase já podia ouvir cada pedacinho sendo julgado pelos visitantes.

Ele só queria acabar com aquilo logo. Prender um deles, encurralá-lo, e pronto; perfeito. Pensara, sim, que quando os reencontrasse teria profissionalismo o bastante para não sentir nada, para tratar aquelas pessoas como se fossem simples suspeitos, no entanto lá estava ele, trazendo-os para sua sala, com raiva transbordando pelos ouvidos e querendo acabar com aquilo de uma vez.

Mas antes ele precisava de provas. Isso levaria tempo.

– Caramba, Yoongi, qual sua posição? – comentou Taehyung, entrando no escritório, sua postura cínica como sempre – Essa sala é bem bonita. Se eu trabalhasse em um lugar como esse, teria vontade de trabalhar todo dia.

Era impressionante o quanto Taehyung havia mudado. Colocara mais brincos na orelha, e tingira seu cabelo de um tom mais claro de castanho. Parecia muito mais vaidoso, andando por aí com sapatos de marca e um relógio dourado que brilhava contra o olho de qualquer um, chamando atenção.

Yoongi não disfarçava o desprezo.

– Coitado de você, não é, Taehyung? – Ele brincou. – Sua profissão é horrível. Imagina, eu mesmo odiaria minha vida se tivesse tudo na palma da mão, um motorista para me levar para todos os lugares... Nem consigo, nem consigo imaginar o quanto você sofre.

O outro lhe lançou um sorriso, um que só ele poderia lançar.

– Você trabalha com a sua mãe?

– Não, então é isso que te incomoda? – Ele se fez de desentendido.

Taehyung ficou calado, enquanto o encarava com uma expressão indecifrável.

– É, é sim – ele disse, por fim. – Mas é claro que você não entenderia, não é? Não depois de tanto tempo.

Yoongi abanou a cabeça e disse:

– Não.

Simplesmente não. Ele não iria mostrar qualquer traço de simpatia a qualquer um deles, e era, sim, muita ousadia de Taehyung que lhe pedisse isso naquele momento.

Hoseok foi o último a entrar, fechando a porta atrás dele.

– Tranca também, por favor. – Yoongi pediu, antes de dar a volta na mesa e sentar em sua cadeira.

A porta foi trancada e por um momento ele ficou apreciando a visão. Todos estavam dentro da sala, vestidos muito bem, com bons ternos devido ao funeral. Tímidos, desconfortáveis, como imaginou que estariam. Mas talvez nunca pudesse ter imaginado o quanto eles estariam diferentes e ao mesmo tempo parecendo exatamente os mesmos, as mesmas feições de que ele se lembrava de quando era jovem.

Qual deles?, essa pergunta o aturdia enquanto ele analisava as possibilidades.

Ele tinha pesquisado e não achado nenhum indício de ligações entre eles, e também era interessante observá-los naquele momento, o desconforto que eles mostravam; estavam mesmo se vendo pela primeira vez depois de anos de ignorância da existência um do outro.

Quem matou Jeon Jungkook?Onde histórias criam vida. Descubra agora