Antes
Ela estava pálida demais, fraca demais, e havia emagrecido. Olhar para ela, partia o coração de Thomas, era uma dor insuportável.
Ele tentava disfarçar a preocupação que estava sentindo, mas era difícil, vê-la daquele jeito doía, ela sempre fora uma mulher muito observadora e o conhecia como ninguém. Sabia o quanto ele estava sofrendo e o quanto estava preocupado em vê-la naquela situação, mesmo que tentasse disfarçar e passar segurança para ela, sempre com palavras positivas, sempre dizendo e repetindo que ela iria ficar bem.
— Eu vou melhorar, é sério, hoje já acordei melhor! — Ela garantiu, embora sentisse muitos enjoos, fraqueza, e vomitou assim que acordou.
Já fazia uma semana que estava no hospital, e duas que estava se sentindo mal, começara a notar que seu cabelo começara a cair, as unhas ficaram fracas, e então dias depois, começara a sentir enjoos, começara a vomitar todo dia de manhã, fora o médico, fez exames, mas não deu nada, pensou que poderia se tratar de crises de ansiedade, provavelmente nervosa por conta do casamento.
Mas, começara a piorar, começara a sentir falta de ar, até que desmaiou e novamente fora levada para o hospital, ficou internada, e novamente estava fazendo uma bateria de exames.
— Eu queria muito saber o que você tem! — disse Thomas aflito, segurou a mão dela, e sentou na cama ao seu lado, a beijou, acariciou sua cabeça, pensando em como isso era possível, numa manhã Victoria estava bem, estava feliz, preparando cuidadosamente cada detalhe do casamento.
Depois outro, começara a ficar assim, mostrando como a vida era frágil, num piscar de olhos tudo pode mudar.
— Estou fazendo novos exames, quem sabe agora descubram, e eu possa fazer o tratamento e ficar boa até o dia do casamento... — disse, esperançosa.
— É o que quero, mas se você preferir adiar... — Ele sugeriu.
— Não! —disse rapidamente. — Você não vai se livrar de mim, vou entrar naquela igreja mocinho, você vai ver... — garantiu, Thomas tentou sorrir, mas estava difícil.
— Então se você quer casar, é melhor descansar, eu vou procurar o médico... —pediu, ela assentiu com a cabeça, parecia mesmo estar cansada.
Thomas respirou fundo e se levantou, observou Victoria por mais alguns instantes, e depois saiu do quarto, assim que fechou a porta, encostou nela e as lágrimas começaram a descer, ele estava sendo uma forte angústia, como se já tivesse prevendo o que iria acontecer.
— Thomas? —ouviu a voz de Tyler o chamar, fazendo-o acordar e voltar a olhar para ele, seu cunhado, quase um irmão, já que foram criados praticamente juntos. — Está chorando? Por que? Não me diga que minha irmã... — Ele já estava ficando assustado.
— Não! — rapidamente Thomas o interrompeu. —É que me dói, vê-la! —Ele não conseguiu completar a frase.
Tyler colocou a mão no ombro dele, e então encostou-se na porta, ao lado do cunhado.
— Minha mãe também não consegue, chega em casa acabada de lágrimas, faz nem um ano que perdemos o meu pai, e agora minha irmã assim... — Tyler soltou um suspiro, as lágrimas foram se acumulando em seus olhos. Toda vez que falava da situação sentia vontade de chorar.
— Foi difícil mesmo, o senhor Carver era uma ótima pessoa... — Thomas comentou, e sorriu ao lembrar de John Carver, um homem alegre, fora professor de Língua Inglesa por mais de vinte anos, chegara a dar aula para ele, naquela época Thomas nem podia imaginar que um dia iria se apaixonar pela filha dele.
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As crônicas dos que voltaram
Science FictionNos últimos anos coisas estranhas sempre estão acontecendo em Silver Valley, antes de uma cidade pacata, agora pessoas estão desaparecendo, e mortes misteriosas acabam marcando aquela região. Se para Tyler, policial da cidade isso já não fosse um gr...