— Este aqui é você — ele apontou para o desenho mau feito de mim. Um círculo muito pequeno como uma cabeça, um traço grande como o corpo, e quatro traços pequenos como braços e pernas. — Esse aqui é o garoto — um parecido com meu no entanto o “corpo” era muito menor e o círculo da cabeça era exageradamente grande. Dessa vez ele se superou.
— Ele não é tão pequeno assim — comentei e ele me ignorou.
— Essa aqui é a minha casa. Então, você com uma criança...
— Adolescente — ele arregalou os olhos.
— Ele não é um...
Balancei a cabeça confirmando o que eu disse.
— Adolescente? Você está cuidando de um adolescente, Suga?
Droga.
— Eu tô ganhando pra isso, tá? — Ele semicerrou os olhos.
— Eu te pago muito bem, nós dois ganhamos muito bem com às suas músicas, não precisa dessa seção de tortura cara — Namjoon colocou uma mão sobre o meu ombro em solidariedade. — Me conte a verdade.
Eu olhei para a mão dele, em seguida o olhei e fechei a cara, o fazendo-o tirar quase de imediato.
— A verdade é que você não acredita em mim.
— Eu te conheço, sei que está mentindo.
— Sabe qual é a verdade então? — Apoiei os cotovelos em cima da mesa, e o encarei. — É que o que eu faço ou deixo de fazer não é da sua conta. — Ele permaneceu em silêncio, me observando. — Não é você que paga as minhas contas — dei de ombros e voltei a sentar relaxado na cadeira.
Namjoon ficou me observando por longos minutos, até que em silêncio se ajeitou na cadeira. Eu o conhecia muito bem e sabia que não desistiria em saber pois não gostava de tirar conclusões precipitadas.
Saímos assim que recebemos os nossos pedidos, e o caminho todo foi o mais puro silêncio. Quando chegamos, fui direto para a cozinha e percebi que tudo estava em um total silêncio e tranquilidade. Cadê o Jin e o garoto? Quando eu já iria sair pela casa a procura dos dois, escutei a voz do Jin vindo na direção oposta, quando virei para olhá-lo vejo o garoto ao seu lado com um pequeno sorriso bobo nos lábios. Olhei para o Namjoon, que continuava com o seu voto de silêncio, ignorando o Jin, assim que colocou as sacolas sobre a mesa me encarou e disse:
— Quando estiver pronto, pode me procurar — andou até a entrada da cozinha e antes de seguir em frente, se virou para mim — Ah! E tecnicamente sou eu sim que pagas as suas contas - e sumiu. Eu não iria conseguir esconder por muito tempo, eu tinha que dar um jeito nisso o quanto antes.
Jin por sua vez me olhou desconfiado, mas não falou nada como sempre fazia. Ele deu meia volta na mesa e começou a olhar dentro das sacolas, fazendo careta para cada biscoito e macarrão instantâneo que via. Sem perder tempo, peguei uma das sacolas do restaurante e tirei as comidas de dentro, e puxei uma das cadeiras para sentar. Fingi em não ter percebido ele suspirar aliviado assim que reconheceu a embalagem, no entanto não foi só isso que notei, o jeito que ele olhava para o Taehyung não me passou despercebido.
Ele fez um silencioso gesto para que o garoto sentasse em uma das cadeiras que ficava ao seu lado. Percebi também que o garoto o olhava de um jeito estranho, com uma certa cara de bobo e isso era totalmente diferente de quando o deixei.
Jin pegou a segunda sacola e tirou as comidas de dentro, ele abriu a embalagem, colocou em frente ao garoto e deu os hashis na mão dele. O híbrido ainda o olhava bobamente.
— Tá. O que foi que aconteceu aqui? — Jin, já de boca cheia, murmurou um “hum?” me olhando com curiosidade. — Eu perguntei: O que você fez com ele? — apontei pro garoto que ainda o olhava encantado. Sua comida estava intocada e parecia que ele estava babando.
Meu amigo olhou para o garoto, e fazendo um esforço para engolir a comida, deu um pequeno sorriso e passou a mão pelo cabelo do híbrido bagunçando-os pelo caminho antes de falar:
— Garoto bobo. — Sorriu e vi as suas bochechas ficarem vermelhas. O que foi que aconteceu aqui!? Parecendo ler a minha mente, Jin olhou para mim de imediato, e tentando parecer sério, pigarreou antes de dizer: — Não houve nada, Yoongi.
Como assim não houve nada? O garoto não parava de olhar para ele com um grande sorriso idiota na cara, como se estivesse acabado de ganhar um grande pirulito colorido. Alternei o olhar entre eles dois até parar e encarar o Jin novamente.
— Desembucha. — Ordenei. Encostei as costas na cadeira e cruzei os braços. No entanto acabei percebendo que havia sido ignorado só quando o vi puxar a cadeira para perto do garoto e pedir para que ele comece, usando um timbre de voz que eu nunca tinha visto usar.
Completamente chocado, vi o garoto alargar mais o sorriso – como se fosse possível – e começar a comer.
Mas que diabos!
Perplexo, olhei para Seokjin que parecia babar pelo híbrido a cada mastigada que ele dava.
O que foi que eu realmente perdi?
Cocei a nuca frustrado e isso lhe chamou a atenção.
— Tá fritando os miolos porquê, Yoongi? — Perguntou, e antes que pudesse olhar para mim, fez um carinho na cabeça do híbrido por cima da touca e pediu que ele comesse todinho.
Umedece os lábios. Isso só podia ser brincadeira.
— Seja direto, Jin — bufei. Ele não iria começar com esses joguinhos, não comigo.
Jin colocou uma mão sobre o peito.
— Não sou eu que estou escondendo certas coisas aqui — ele me dá um sorrisinho cínico — Iai? Fui direto o bastante?
Engole a seco. Ele sabia!
Olhei para o garoto que ainda estava comendo, estava totalmente alheio a conversa. Será que ele deixou a touca cair? Ou ele abriu essa boca grande? Não, ele não faria isso, eu pedi para que não falasse ou fizesse algo que revelaria quem ele era, além do mais eu chequei com ele várias vezes para ver se ele realmente havia entendido.
— Não sei do que você está falando. Dá pra você ser mais claro? — Suspirei tentando parecer tranquilo.
Olhei para o garoto que havia acabado de terminar de comer, e assim que Jin viu a boca dele suja, pegou um lenço de papel e o limpou.
— Hm, certo — ele sorriu sem ao menos olhar para mim. — TaeTae querido — TaeTae? — O que você disse que era? — Arregalei os olhos e observei o garoto responder super empolgado.
— Um porco!!! — Cantarolou.
— Não filho. O que você disse depois — peguei um copo d'água que estava ali e fingi que o bebia, quando ele agitou os braços e cantarolou “gatinho”, não me contive e comecei a tossir. Eu não estava acreditando nisso.
— Fique calmo, Min Yoongi — ele não tirava aquele sorrisinho da cara, e aquilo já estava me irritando. Lancei um olhar severo para o garoto que se encolheu amuado. — Não olha assim pra ele — ralhou. — Vai assustá-lo.
— Mais que fedelho boca grande! — rosnei. Bate o copo em cima da mesa e o Jin logo se levantou da cadeira pegando o copo e colocando bem longe de mim.
— Fique calmo, Yoongi. Ele só contou porque confia em mim, diferente de você que nem cogitou a ideia.
— Eu iria contar a você, mas só quando chegasse a hora.
— Que hora? Quando você fosse descoberto e levado preso, me ligando da cadeia pra tirar você de lá? — Perguntou impaciente.
— Que droga — resmunguei, passei as mãos pelo rosto frustrado. Era só o que faltava.
— Você é famoso por fazer isso, Suga — lá vem. — Só pede ajuda se for a sua última opção.
— Jin, eu… — suspirei cansado, não tinha mais jeito. — Eu preciso da sua ajuda — o encarei e logo o vi soltar um longo suspiro. — Eu não sei o que fazer com ele — olhei para o garoto que me observava com olhos marejados e um pequeno bico nos lábios.
— “Ele” tem nome e se chama Kim Taehyung, trate-o com mais respeito.
— Jin, você não tá entendendo a gravidade do assunto — usei um tom mais baixo, para parecer calmo mesmo que por dentro eu estivesse em puro aflito.
— Acho que eu tô sim, cara — ele voltou a sorrir. — Foi o ser humano que fez isso aqui. É simplesmente fantástico!!! — Falou super empolgado. Ele disse fantástico?
— Você disse fantástico? Fantástico Seokjin!? — Sorrir incrédulo. Ele só podia estar brincando comigo. — Você sabe o porque eles são feitos? Para quê o governo o fez?
Falei com repulsa só de imaginar em tantas barbaridades que o governo faz tudo debaixo dos nossos narizes.
— Yoongi, eu sei que o nosso governo é uma merda, infelizmente uma boa parte dela, mas olhe para ele — Jin foi até o garoto que continuava sentado com uma cara de choro, ele tirou a touca da cabeça do híbrido e logo vi os relevos das orelhinhas escondidas. Meu amigo fez um carinho singelo em seu cabelo e logo as orelhinhas apareceram, estavam com as pontas caídas representando a seu humor. — Ele é magnífico. É a arte do ser humano mais espetacular que já fizeram — ele olhou para mim com um semblante que me deixava um pouco com medo. Jin estava agitado e seus olhos brilharam ao dizer: — Meio humano, meio animal.
Isso não estava certo. Eu nunca o vi tocar nesse assunto antes, como ele podia ficar empolgado com uma coisa dessas sabendo o jogo sujo que se escondia?
— Ele é uma obra prima! Aonde você o encontrou? Irá devolvê-lo?
Temos que fazer alguma coisa…
— É por isso que eu estou aqui — revirei os olhos.
— Pensei que fosse pela falta de comida na sua casa.
— Isso também — dei de ombro —, mas o foco é o garoto.
— Taehyung.
— Hm?
— O nome dele é Taehyung, ou pode chamar ele de TaeTae — ele deu dois tapinhas no topo da cabeça do híbrido que o fez sorrir.
— Ele não é um bichinho de estimação, Jin — revirei os olhos. Era só o que faltava.
— Ele é meio animal, Suga — Jin se abaixou e ficando da altura do garoto começou a examiná-lo. — Será de qual DNA ele é...? — Falou consigo mesmo.
Meu amigo começou a inspecionar com euforia às orelhinhas, os olhos, mãos, dentes e assim que vi suas mãos alcançarem a barra da camisa do garoto, rapidamente o interferi o empurrando para longe e colocando o garoto ao meu lado.
— O que deu em você cara!? Tá parecendo aqueles cientistas loucos de merda.
Jin me olhou indignado.
— Eles não são loucos, são uns gênios!
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Kitten Taehyung ǀǀ TaeGi
Fanfiction"- Yah, Taehyung é um gatinho! - fala empolgado, ele não parava de sorrir. Okay, o garoto talvez tenha algum problema mental, além de ser disléxico, não é? Por isso que ele é "especial." - Gatinho? - ele assentiu várias vezes. - Sim, olha - aponta p...