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Voltar de madrugada pra casa, depois de uma grande festa, era obviamente cansativo. Eu me sentia sóbrio, mas depois que tive que parar urgentemente em um parquinho para crianças para que eu pudesse me aliviar no primeiro poste que encontrasse, comecei a duvidar sobre isso. Ou eu estava realmente bêbado - passei a festa toda enchendo a cara, mas era por uma boa causa, afinal, era o meu melhor amigo (Namjoon) que tinha resolvido comemorar o seu vigésimo oitavo aniversário em "grande estilo" (palavras dele, não minhas) - o suficiente para começar a ver miragens ou eu realmente estava vendo a figura de um garoto sentado de cabeça baixa em um dos balanços surrados daquele parquinho medíocre para crianças.

Pisquei várias vezes pensando que era coisa da minha cabeça, uma ilusão de ótica apenas mas não era. Ali, havia um garoto. Ele segurava as duas correntes que sustentavam o pedaço de madeira de cada lado, se balançando levemente: para frente e para trás. Fiquei assustado, o que um garoto fazia a essa hora na rua e sozinho? Será que ele fugiu de casa? Eu não queria me envolver nisso, afinal, não era da minha conta mas infelizmente a minha consciência fez-se presente e se acontecesse alguma coisa com ele e eu ficasse sabendo, com certeza me sentiria culpado depois... ou não. Mas confesso que sou a pessoa menos indicada - e desqualificada - para esse tipo de coisa.

Quando comecei a ir a seu encontro, caminhando em passos lentos e silenciosos para não assustá-lo, chamei a sua atenção com um leve pigarrear, logo vendo em sua expressão o quanto estava assustado. Havia algo de errado, ele se encontrava muito sujo além de vestir roupas completamente estranhas. Nunca vi alguém usar roupas branca e lisas daquele jeito, na verdade parecia roupa de enfermeiro só que mais sem graça, faltando só aquela máscara que tantos deixam de usar. Mesmo que o garoto se encontrava com aparência de um morador de rua, algo me dizia que ele não era.

Quando cheguei mais perto, ficando na sua frente, percebi o quanto o seu peito subia e descia rapidamente, ele estava tenso e não olhava pra mim, mantendo a cabeça abaixada, olhando para os próprios pés descalços.

- Oi? - vejo-o tremer, ou por causa da minha voz ou pelo vento frio que batia contra nós. - Hm, o que faz aqui sozinho? - nada de respostas o único som que fazia era o seu fungar baixinho. - Bom, se você não falar eu vou ter que ligar para a polícia - ameacei, talvez seja melhor deixar que eles resolvessem e ir embora, não via a hora de chegar em casa e dormir a semana toda. Pego o meu celular, mas paro ao ouvir o garoto falar:

- Po-por favor, não leve Taehyung de volta - diz finalmente, já estava começando a achar que era mudo -, eles são maus - treme ao dizer.

- Hm - maus? Respiro fundo. Do que ele estava falando? - Então, vai me dizer o que faz aqui sozinho em plena madrugada? - espero a sua resposta pacientemente, mas ela não vem. Respiro fundo mais uma vez para não perder a paciência, eu já estava no limite, nunca fiquei tanto tempo reprimindo o meu sono e isso já estava virando uma tortura, o meu corpo precisava desesperadamente de um descanso. - Você fugiu de casa? - nada. - Olha se não falar, fica difícil de ajudar. Onde você mora?

- Taehyung não tem mais casinha - murmurou. - Taehyung só tem a mamãe. - fico surpreso ao ouvi-lo se referir assim, ele já era bem grandinho pra falar desse jeito. Não havia ninguém na rua, todos já estavam dormindo, o álcool estava me deixando cada vez mais lento.

- Bom, Taehyung, é esse o seu nome não é? Então, eu quero ir pra casa e sei que você também quer, então se você não cooperar fica difícil para mim te ajudar.

- Taehyung não quer voltar, eles são maus pro Taehyung - ele me olha de relance. Desisto de tentar fazê-lo falar, se eu não for pra casa agora é bem capaz de dormir aqui mesmo.

- Bom, não posso deixar você aqui - passo a mão no rosto para despertar. - Levarei você para minha casa e depois iremos atrás dos seus pais. Tudo bem?

Kitten Taehyung ǀǀ TaeGiOnde histórias criam vida. Descubra agora