ii. segundo

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02 - 둘째
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Lalisa corria por entre o mutirão de pessoas sobre a calçada de concreto escorregadio, quais pareciam lesmas gigantes por conta de seus ritmos de passos serem tão lentos, forçando as próprias pernas a funcionarem ao todo vapor —e sentindo partes específicas de suas coxas doerem—, sem fraquejar por um segundo que fosse, sentindo uma grande onda de calor subir por seu corpo com o esforço que estava fazendo, mas mesmo assim o corpo tremia com chuva que acertou a cidade de modo inesperado, o sol que há pouco lhe esquentava o corpo agora se escondia atrás das nuvens densas e cinzentas, as gotas gélidas lhe causando calafrios ao tocarem a pele exposta do rosto e braços, amaldiçoado a si mesma por deixar sua blusa dentro da mochila.

Levando os olhos de vez em quando para a tela de seu celular, já molhado podemos acrescentar, e para as placas das ruas que passava com tamanha presa, tendo certeza que estava indo no caminho certo. Poderia muito bem pegar um uber para se locomover até o local do crime, claro que poderia e além de ser bem mais rápido e pouparia muita energia, mas Lisa gostava de correr até onde era chamada, sentia-se em um dos livros que já tinha lido ou em uma cena de perseguição, fazia sua adrenalina ir para as alturas e aquela sensação instigante lhe possuía de um modo inimaginável e surreal, e era bom, muito bom.

Havia uma grande distância entre a cafeteria que estava até onde a polícia se encontrava, mas graças as suas longas pernas e seus pulmões saudáveis demorou menos de vinte minutos até chegar ao seu destino —que em uma caminhada normal demoraria cerca de quarenta minutos—, vendo o pequeno aglomerado de pessoas que tentavam ver ou descobrir algo sobre o ocorrido, tirando fotos e questionando os policiais que cercavam o perímetro. A quase ruiva se esgueirou entre os corpos presentes, sorrindo amigavelmente para um dos homens fardados, que ao notar a presença da menor acenou com a cabeça e puxou a fita amarela neon para que a mesma passasse.

Lisa agradeço com um sorriso fechado, passando as mãos levemente trêmulas nos fios úmidos para desgrudar a franja de sua testa, sua respiração estava pesada, descompensada, fazendo o seu pulmão cansado soltar chiados baixos e uma dor aguda acertar lhe o peito. Estava deveras acabada mas isso não a impedia de fazer o seu trabalho —ou dos outros— naquele momento, seu sangue estava sendo bombeado com rapidez para todo o seu corpo e isso a incentivava a começar suas deduções.

— parece que recebeu a minha mensagem, não? —o homem de terno preto falou assim que colocou os olhos na figura esguia de Manoban, a garota como sempre estava sorrindo daquele mesmo modo, com cinismo.

— claramente, senhor Kwon —dobrou o corpo em uma referência— sabe que eu adoro ajudar no caso do assassino de Daegu.

— adora mesmo não ganhando nada com isso, hm? —Lisa acentiu sem ao menos terminar seus raciocínios— você é uma criança muito estranha, Lalisa.

— já estou em meus 20 anos, hyung-nim, não sou mais uma criança. —ajeitou a alça da mochila que escorregava de seu ombro, rindo como uma criancinha— então... cadê o corpo?

O oficial Kwon riu assoprado, fazendo um sinal com a cabeça para que a garota o seguisse a qual não tardou de acompanhar os seus passos, ansiando para ver mais uma das obras primas de seu assassino favorito, Lalisa saltitou ao lado do homem de provavelmente quarenta anos, sabendo que o mesmo estaria incomodado com o fato de terem quase a mesma altura, e era engraçado como a confiança de um homem poderia ser medida por sua estatura.

Por essa razão que muitos garotos do colegial não se aproximavam de Lalisa, era uma das mais altas de sua turma então intimidava os prováveis pretendentes.

Passou a examinar o local, achando agradável a áurea que o mesmo exalava, era uma rua estreita com alguns comércios que em seus segundos andares viravam casas para os donos, poucos becos sem saída, provavelmente não era movimentado nem no horário de pico, calmo, vazio e bem pacífico, ninguém imaginária encontrar um corpo esquartejado em um lugar como aquele. E bem, talvez esse fosse o mesmo pensamento do assassino, o fator surpresa: o inesperado.

MISTITLED ━ taelice/vlisaOnde histórias criam vida. Descubra agora