Prologue

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— Injeta o sedativo nele — Minseok ouviu.

Tentou se mexer, ou melhor, pensou em se mexer.  Abriu os olhos parcialmente, tudo se movia num espiral que causava náuseas, o coração estava disparado e ele suava, podia sentir as gotas escorrendo pelo lado do rosto. De repente, o corpo falhou, o desespero se transformou em calmaria e ele foi levado pelo escuro do sono.
Como tinha ido parar lá? Se perguntava. Onde estavam seus amigos? Sua banda? Seus irmãos de som?
Ah, sim. A The Seoul Mixtape não existia mais. Um sonho que durou 15 anos e acabou, deixando os integrantes cheios de sequelas.
Talvez nenhum deles soubesse onde Minseok estava, só tinha avisado a irmã, YoonSeok, e Sehun, deixado uma mensagenzinha mixuruca, torcendo para que eles se importassem, nem que fosse só para responderem "Ok, boa sorte".  Mas não soube se eles tinham sequer se dado ao trabalho. Preferiu esconder o celular e evitar um ataque de ansiedade.
A única coisa relativamente boa de toda a merda pela qual passou e estava passando eram seus diários cheios de músicas. Todas as ideias loucas em sua mente estavam externadas em forma de composição e guardadas na gaveta de seu apartamento em Seoul.

— O senhor vai acordar melhor. — ele ouviu antes de apagar de novo.

Acordou com a última frase em mente. Acordar melhor? Ele vinha tentando fazer isso nos últimos anos e nunca dava certo, não importava a forma que ia dormir, sempre acordava com um gosto amargo e melancólico na boca. A porta branca se abriu e um enfermeiro alto entrou e sorriu simpático para ele, que retribuiu com um movimento de cabeça e um fraco sorriso. O homem estava com uma bandeja em mãos, devia ser alguns anos mais novo que Minseok, mas velho o suficiente para saber quem ele era.

— O senhor precisa se cuidar melhor, sr. Kim.  — o enfermeiro olhou para a porta e então falou baixo — Se tiver um surto daqueles de novo é capaz de te obrigarem a ficar mais tempo aqui. Entendo que deve ser muito difícil passar por tudo isso, mas se recusar a comer não vai ajudar em nada.
— Eu sei, Tao. — Minseok respondeu sem forças. — Desculpe pela bagunça.
— Tudo bem, acontece. O senhor teve um gatilho e acabou perdendo o controle. Por isso que eu insisto que o senhor vá ao grupo de apoio e converse, ajuda bastante os pacientes que tem esses tipo de crise, sabe? Já está aqui há mais de duas semanas e nem tentou se misturar aos pacientes, nem participou de nenhuma das dinâmicas, nós queremos te ajudar e sei que o senhor também quer nossa ajuda.

Minseok assentiu e suspirou, exausto.

— Ah, quase me esqueci. Alguém veio te visitar ontem, era uma mulher mas não disse nome nem nada, só perguntou de você.
— Que esquisito.
— Pois é. Bem, venha se ajeite para almoçar.

Minseok levantou e se sentou na cama, tudo doía e ele nem tinha idade pra tanta dor. O enfermeiro estava saindo quando o baterista chamou-o.

— Tao?
— O que, senhor?
— Para de me chamar de senhor, temos quase a mesma idade. — Minseok disse de modo carinhoso, sem se virar por completo para Tao, tinha um sorrisinho no rosto.
— Mas são as normas…
— Tsc, fodam-se as normas, querido Tao. Me chame de Minseok ou não me chame.

O enfermeiro ficou um pouco sem graça por alguns instantes mas concordou.

— Até mais, sen... Minseok.
— Até, Tao. Obrigado.

Minseok se voltou para a comida, estava enjoado, mas Tao tinha razão, ele precisava se cuidar ou demoraria para sair de lá.

Deu a primeira colherada na sopa.

Rocker 《Kim Minseok》Onde histórias criam vida. Descubra agora