Chegamos

14.2K 756 243
                                    

A última mala foi fechada e o suspiro por finalmente ter acabado após longas horas de escolhas minuciosas escapou, era como se fosse para um mês inteiro na fashion week, talvez tão importante quanto, sua cintura foi abraçada e um beijo depositado em sua nuca.

— Acho que você ta exagerando — Disse encarando a grande mala sobre a cama — É apenas um mês na casa de veraneio, não a semana da moda em Paris, não que isso seja importante — Os olhos castanhos continuaram presos na mala como se fosse recordar se estava esquecendo-se de algo.

— Eu estou indo conhecer sua mãe, Nate, não posso usar qualquer coisa.

— Também não pode deixar de ser você, ela não vai gostar menos de você, se você não estiver parecendo uma boneca da moda.

— Pois eu acho completamente o contrário, ela pode definir nossa relação, nós moramos juntos a pouco mais de um ano, namoramos a cinco, sua mãe pode nos separar em um mês.

— Você fala como se ela fosse o demônio — Andrea mordeu os lábios agradecendo por estar de costas, havia escutado muito sobre Miranda Priestly e nenhum palavra a definia melhor do que a que Nate havia acabado de pronunciar.

— Você é o bebê dela, Nate, sempre fez tudo o que sua mãe quis, tanto que fez gastronomia escondido para não magoar o coração dela — Virou-se de frente pra ele.

— Não é verdade, fiz gastronomia como um robe, não como profissão e ela sabe que eu gosto de cozinhar.

— Mas acha um emprego medíocre para o filho dela, me surpreende você não ter feito moda — Debochou, sabia como Nate era de certo modo machista e sentia a masculinidade ameaçada ao fazer esse tipo de coisa.

— Eu não aceitaria.

— É claro que não, é gay demais trabalhar com moda.

— Todos os gays que eu conheço trabalham com moda.

— Céus, Nate, nem todos são gays, que pensamento mais preconceituoso — Disse seguindo para o closet começando a arrumar a pequena bagunça que havia feito.

— Claro que são.

— James Holt não é, na verdade é muito bem casado, com uma mulher — Enfatizou.

— Nigel é.

— Quem é Nigel?

— Editor de moda da mamãe.

— Eu nem deveria dar atenção a você, você pronuncia o mamãe com manha e ainda a chama de mamãe, você vai fazer trinta e dois anos.

— Você chama a sua mãe de mamãe.

— Só na frente dela e não é sempre.

— O fato é que eu não faria moda.

— E o fato é que sua masculinidade é frágil — Retrucou.

— Posso saber como conhece o James Holt?

— Eu o entrevistei, deveria se lembrar já que eu passei um mês inteiro falando sobre isso — Saiu do closet entrando no banheiro e começou a se despir.

— Posso tomar banho com você? — Perguntou manhoso da porta do banheiro, Andrea revirou os olhos pela manha e afirmou adentrando embaixo da água morna.

Nate adentrou o Box a abraçando e começando a beija-la, Andrea sentiu o corpo ser erguido e o abraçou com braços e pernas entregando-se ao que viria logo em seguida.

.§.

A paisagem se passava diante dos olhos de Andrea como um borrão, mesmo com a velocidade baixa do carro, suas mãos suavam a cada quilômetro cruzado, seu estômago revirava com o medo de estragar tudo e Miranda simplesmente desaprovar a sua relação com Nate, sabia que ele não era o tipo de filho rebelde, fazia tudo o que a mãe queria — o que lhe surpreendia era ainda estarem juntos, ela sempre foi o tipo de garota que ao fim do expediente saia com os amigos para tomar uma cerveja, que aos sábados curtia em alguma boate.

Já Nate era completamente o oposto, o garoto rico por causa da mãe que era até mesmo mais importante do que a rainha da Inglaterra, não duvidava que Miranda era, se ela dissesse que o namoro não era de seu agrado, Nate não pensaria duas vezes em rompe-lo, Lily e Doug lhe deram os pêsames assim que ela disse que sairia de férias com Nate e sua família.

Quando ficaram sabendo que Andrea havia iniciado um relacionamento com o filhinho amado de Miranda diaba Priestly — como Doug gostava de chamar — quase morreram, mas Andrea não havia iniciado um relacionamento com ele por causa da fama de sua mãe, realmente havia gostado dele e só descobriu que ele era filho da renomada rainha da moda quando por coincidência uma colega de trabalho lhe perguntou se ela havia lido uma revista onde Miranda estava com os filhos em uma grande evento de caridade, seu susto não podia ser maior ao ver que o cara que a pouco tempo aproveitava de seu corpo, era filho da temida mulher, lhe fez ficar incrédula e questiona-lo por não lhe dizer a verdade, sua preocupação inicial foi de que Miranda arruinasse sua carreira, até porque Nate era seu bebê, seu primogênito, mas quando não houve ao menos interesse em conhecê-la, ela percebeu que Miranda era indiferente.

Mas meses depois perceberá que a editora nem mesmo sabia de sua existência até uma matéria onde Nate e ela saíram em um passeio de mãos dadas pelas ruas de Manhattan a coluna de fofoca da Times fizera a mais velha questionar o filho pelo seu caso com Andrea.

As belas casas enchiam seus olhos, sempre fora apaixonada por arquitetura, mesmo não escolhendo isso como profissão, fizerá alguns cursos sobre decoração e paisagismo apenas para acrescentar ao currículo e ao seu amor pelo trabalho, mas jamais havia trabalhado no ramo, as casas eram pintadas em cores neutras, com belos jardins, algumas mais rústicas do que outras, mas verdadeiras casas de veraneio, cercas brancas e em uma altura média, outras com cercas altas de arame alambrado, deixando a vista os belos jardins com piscinas, haviam cercas vivas com belas flores coloridas, crianças passeando com os pais, babás, algumas com cachorros, havian também casais e alguns adolescentes, poucos carros circulavam pelo local, Andrea estava tão perdida em pensamentos que nem mesmo notou o carro afastar-se das outras casas e adentrar os portões da grande propriedade e parar em frente a porta da casa.

— Andy? — A mão em seu braço lhe fez assustar-se.

— Sim?

— Chegamos — Andrea olhou para fora do carro vendo a casa de tijolos vermelhos, tão rústica e bela, haviam heras pressas nas paredes com pequenas flores brancas, seus olhos seguiram para o lago mais a frente e o grande jardim que parecia enorme, mas não podia ir descobrir naquele momento o que mais havia aos arredores, escutou o som da porta.

— Senhor Nate, boa tarde.

— Boa tarde Nora — Disse sorrindo para a senhora que acabara de sair da casa e a abraçou.

— Você está tão bonito, nem parece o menino que corria pela casa — Nate riu.

— Essa é Andrea, minha namorada.

— Muito prazer senhorita.

— O prazer é todo meu — Disse sorrindo e voltando a analisar o jardim.

— E mamãe?

— Saiu com as meninas, elas não sossegaram até conseguirem ir tomar sorvete, mas já devem estar pra chegar.

— Então Andy e eu iremos subir para tomar um banho e descansarmos um pouco, a viagem foi longa.

— Claro, espero que descansem — Disse sorrindo e os três entraram.

A Sogra Onde histórias criam vida. Descubra agora