É, Eu Perdi

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Miranda pegou o celular do bolso e o desligou voltando a olhar para Andrea que ainda estava estática em sua frente, apenas observando seus movimentos.

— Ela morava em Ohio e mudou-se para Nova York para fazer faculdade, gostava de azul turquesa, Pêonias e ravióli de camarão, mesmo que eu suspeite que essa parte é mentira, pois tudo o que ela provou desde que a conheci, ela dizia que era bom demais pra ser verdade — Sorriu de canto — Ela é um desastre na cozinha, pois quando a vi cozinhar tinha mais farinha nela do que nos cupcakes que fazia — Andrea riu nasalado — É jornalista, adora viajar e quer ter sua própria editora mas antes adoraria trabalhar na Times ou na People, só que eu preferiria que ela trabalhasse na Runway só para ter a desculpa de vê-la durante todas horas do meu tedioso dia, ela não tem metas para casar e ter filhos, mas comigo ela teria duas se quisesse e nem precisaria assinar um pedaço de papel bobo, ela sempre comprime os lábios quando está envergonhada ou quer chorar e suas bochechas sempre ficam coradas nessas duas situações, gosta do meio da cama, um pouco espaçosa em meu ver e jamais conseguiu dormir abraçada com ninguém — Andrea mordeu os lábios olhando pra baixo — E eu prefiro não comentar sobre as posições que lhe agradam — Andrea a olhou corada — Adora o chocolate quente que apenas a mãe dela faz, ela nunca conseguiu reproduzir, adora os melhores amigos e eu também os adoro, admito — Sorriu com um curvar de lábios — Sua cabeça dói quando passa muito tempo no sol e sua pele fica muito vermelha, ela também não gosta demonstrações de afeto em público, pois pra isso é tímida, ela queria ser princesa — Disse divertida — Eu me apaixonei quando a vi descer as escadas da minha casa, a primeira vez que a vi, pra ela eu sou apenas Miranda — Sussurrou.

— Como me achou aqui? — Perguntou tentando não correr para os braços de Miranda.

— Seu amigo me deu o número dele, lembra? Não o liguei para perguntar seus... Como ele disse? — Tentou lembrar — Podres, mas ele me deu o endereço de seus pais.

— Mas... E o Nate?

— Assim que você entrou em casa chorando ele me intimou até o escritório e me perguntou o que eu tinha haver com a namorada dele gritar que estava apaixonada pela sogra — Andrea comprimiu os lábios olhando para baixo, o rubor das bochechas eram intensos.

— Vocês brigaram?

— Natanael não conseguiria passar um minuto brigado comigo — Disse revirando os olhos.

— Você veio até aqui... Por mim — Não havia sido uma pergunta, ela apenas estava incrédula demais para acreditar no que estava em sua frente.

— Você me perguntou se eu a buscaria se pudesse e eu só saio daqui se você for comigo.

— Céus — Sussurrou sentindo o coração bater tão forte que tinha certeza que Miranda ouviu e não só ela, mas quem estivesse dentro de sua casa naquele momento.

.§.

O silêncio ecoou pela estufa, Miranda não havia desviado a atenção da morena que parecia pensar em possibilidades que provavelmente nem mesmo existiam, Andrea tinha o olhar perdido, mas não era um pedido ruim, Miranda percebia isso pelo sorriso que a morena tentava conter.

— Elas não vão se beijar? — O sussurro de Cassidy fez com que Andrea fechasse os olhos para sorrir, Miranda entortou os lábios e olhou para a morena que piscou o olho contendo o sorriso.

— Eu sinto muito Miranda, eu não posso fazer isso, você perdeu seu tempo vindo aqui — Miranda afirmou com um maneio de cabeça.

— É, eu perdi.

— Ah não! — As gêmeas gritaram juntas e taparam a boca uma da outra, Andrea mordou os lábios para controlar a risada.

Definitivamente aquilo era loucura, Miranda ali dizendo que lhe queria e não desistiria dela, agora entedia o que Claire havia lhe dito a alguns dias, sobre ela saber o que precisava fazer quando fosse o momento, agora sabia que era o momento e não havia momento mais perfeito do que aquele, seu corpo apenas seguindo o impulso do desejo lhe fez dar um passo, seguido de outro e quando deu-se conta estava tão próxima que sentia a essência de flores de pessegueiro, assim como sentia a respiração de Miranda tocar seus lábios e ela parecia tão rápida quanto a sua.

Os dedos da mais velha fechando-se em sua cintura lhe fez tremer, pareciam queimar o tecido de tão quentes, Andrea apoiou suas mãos no braço e na nuca da mais velha sentindo os sedosos fios platinados, queria tanto senti-los, Miranda lhe olhou nos olhos sentindo o coração pulsar nos ouvidos.

— Acho que posso pensar na possibilidade de ter duas filhas — Sussurrou — Assinar um pedaço de papel bobo, trabalhar na Runway só pra que me veja todos os momentos do seu dia tedioso, dormir agarrada a alguém e escolher um lado da cama, eu também posso pensar em começar a demonstrar sentimentos em público, posso tentar gostar de outra posição — Sussurou mais baixo ainda pois sabia que as gêmeas estavam "escondidas", Miranda riu.

— Eu amo você Andrea Sachs — Sussurrou passando os lábios pela bochecha dela, Andrea a apertou sentindo o ventre contrair com esse simples toque, sentiu os dedos de Miranda fecharem-se sobre seus fios castanhos da nuca e ofegou, ansiava aquele beijo desde que a virá no fim da escada.

— Eu amo você Miranda Priestly — Sussurrou sentindo o nariz da mais velha deslizar pelo seu. Miranda lhe pressionou seus lábios levemente contra os lábios da morena.

— Yes! — As gêmeas gritaram e voltaram a tampar as bocas, Andrea sorriu entre o beijo assim como Miranda e sentiu o leve sugar de seu lábio.

A língua da mais velha deslizou por entre seus lábios fazendo-a abri-los para recebê-la, fazendo-a gemeu com a sensação de ter a língua de Miranda contra a sua, o deslizar sutil dos lábios sobre os seus, a firmeza das mãos em seu corpo, o leve sugar em seu lábio dando um breve pausa apenas para saborea-lo e puxar um pequeno bocado de ar, outro gemido fugiu de seus lábios ao sentir o beijo tornar-se mais urgente, mais preciso, céus, se beijar Miranda fosse sempre lhe tirar o chão como naquele momento, queria beija-la até o último dia de sua vida.

Miranda serpentiou a língua até a mandíbula da morena fazendo-a ofegar abraçando-se ao seu corpo e  lhe mordeu na orelha levemente antes de voltar a tomar seus lábios, Andrea sentiu o leve estalo que suas línguas causaram e ofegou, era tão dela e Miranda notou isso ao olha-la  nos olhos e descer para os lábios, vendo os vermelhos pelo beijo e a respiração mais do que ofegante, deslizou o polegar pelos lábios da morena e sorriu recebendo um sorriso de volta, Andrea pela primeira vez não se sentia perdida na cidade de pedra, havia encontrado abrigo.

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