- Ficou sabendo? – Letícia pergunta durante o intervalo.
- O que?
- Victor vai dar uma festa. – Pedro responde por Letícia. Óbvio que vai, Victor não perde tempo e nem oportunidade para uma grande festa. Mas tenho que admitir que ele mandou bem na festa da praia.
- Deixa eu advinhar. – Começo. – Nós vamos? – Digo de maneira divertida.
- É claro! A última festa foi legal, além de que Diego vai estar lá. – Larissa fala animada.
- Ok. – Respondo. Elas me encaram por um tempo sem dizer nada e depois parecem satisfeitas.
- Você não vai negar, reclamar ou nem nada do tipo? – Letícia diz franzindo as sobrancelhas.
- Não dessa vez. – Respondo dando de ombros. – Eu iria de qualquer jeito, querendo ou não é o primo de Bernardo, e ele vai. E lutar contra vocês iria acabar sendo inútil.
- Caramba, finalmente ouvindo a voz da razão. – Letícia fala de maneira sarcástica. Vejo Bernardo jogar sua mochila em cima da mesa e sentar-se ao meu lado.
- Ficaram sabendo da festa? – Pergunta. Eu reviro os olhos e solto um grunhido.
- Ficamos. – Pedro diz.
- E vamos todos. – Larissa complementa. Bernardo arquea as sobrancelhas.
- Bem, isso foi rápido. – Diz sorrindo. – Está começando a aprender a gostar de festas então? – Fala referindo-se a mim.
- Não sei dizer, eu não não gosto. Isso é uma resposta?
- Acho que podemos lidar com isso. – Ele responde. – Você vai para casa depois da aula hoje?
- Sim, falei com a minha mãe e ela me olhou com uma cara estranha como se dissesse que iríamos fazer tudo menos estudar.
- Se eu fosse mãe ou pai de algum adolescente eu diria a mesma coisa. – Larissa fala levantando os ombros. Olho para cima pensando.
- É, com certeza. – Concordo.
As provas começariam em duas semanas, não que eu estivesse indo extremamente mal, para falar a verdade eu estava indo surpreendemente bem, eu só queria ter certeza de que estava no caminho certo, e Bernardo poderia me ajudar com isso, como ele têm ajudado desde o começo de nosso "relacionamento". Tinha dado certo, fechei o trimestre com uma nota boa, e isso que importava.
***
Assim que chegamos na casa de Bernardo vamos para seu quarto, jogo minha mochila no chão.
- Então, por onde começamos? – Pergunto olhando ao redor de seu quarto. Apesar de já ter vindo aqui antes, ainda assim para mim é uma novidade. Sinto que estou no seu lugar mais privado, em uma parte dele.
- A gente podia ver um filme. – Ele sugere curvando a boca em um sorriso. Eu reviro os olhos, porém sorrindo.
- Foco Bernardo, estamos aqui para estudar certo?
- Tudo bem, que seja. Vamos acabar logo com isso para gente poder assistir alguma coisa depois. – Ele responde.
- É quinta-feira, não posso voltar tarde para casa, você sabe. – Digo levantando a sobrancelha.
- Eu sei, não se preocupe, tenho tudo sobre controle. – Ele fala e pega minha mochila. – Vamos.
Começamos a estudar, sinto até orgulho de pensar que estou realmente empenhada nisso, nunca fui muito uma pessoa estudiosa. Mas nossos estudos duraram menos de uma hora. Já era de se esperar, e para ser sincera, eu pensei que duraria menos do que isso.
- Você é um bom professor mas estava certo sobre arranjar outra pessoa. – Digo. – Não conseguimos nem nos concentrar de verdade por mais de uma hora.
- Você não precisa disso Bia, já está boa o suficiente para ir bem de agora em diante. – Bernardo fala formando uma carranca. – E você sabe disso.
- Sei? – Pergunto dando de ombros. – Só quero ter certeza.
- A minha opinião já vale mais do que qualquer outra, aliás, sou eu que te ensinei.
- Vou sentir falta de sua impaciência comigo quando se trata de átomos. – Falo brincando.
- Então é isso, nada mais de química desdecessária?
- Se eu começar a bombar em química, a culpa vai ser sua. – Eu implico.
- Você não vai. – Ele diz se aproximando e dá um beijo na minha testa.
Tudo foi uma aventura. Desde o começo da nossa amizade até aqui. Eu não esperava que fosse começar a gostar dele, mas isso já era meio óbvio, não nos dávamos bem. Ainda não me conformo como tudo mudou tão drasticamente.
Bernardo me leva para casa antes da janta e recusa educadamente o convite de minha mãe para que ele se junte a nós no jantar. Vejo a oportunidade de avisar meus pais sobre a festa do dia seguinte. Meus pais sempre foram tranquilos em relação as minhas saídas, mas eu estava preocupada porque ultimamente tenho saído muito devido minhas novas amizades e relacionamento.
- Vai ter uma festa amanhã. – Vou direto ao assunto enquanto estávamos na mesa de jantar. Meu pai levanta os olhos do prato enquanto ainda segurava o garfo.
- Outra. – Ele afirma. Não foi uma pergunta.
- Bem, sim. Posso ir? – Pergunto.
- Você tem saído muito ultimamente. – Minha mãe fala, essa foi extremamente previsível.
- Isso é bom né? Significa que estou fazendo amizades. – Eu respondo usando essa desculpa que tem funcionado bem nos últimos meses. Meu pai dá de ombros.
- Achei que você nem gostava de sair. – Ele provoca arqueando as sobrancelhas.
- São Paulo a mudou. – Minha mãe responde por mim.
- E isso é ruim? – Pergunto curiosa.
- Acho que depende. Contanto que você continue sendo responsável está tudo bem. – Diz.
- Então isso é um sim, presumo.
- Acho que deve sim aproveitar sua adolescência. – Meu pai fala. – Mas óbvio, com moderação. – Ele acrescenta.
Algo que meu pai falou era verdade, eu não gostava muito de sair. Eu ia para algumas festas com Gabi, mas na maioria delas apenas para a acompanhar – e não era muito uma opção porque ela sempre me arrastava – e eu passava todas elas tentando conversar com pessoas que eram muito superficiais para manter uma conversa inteligente por mais de dois minutos. Talvez eu realmente tivesse mudado. Acho que na verdade era mais uma certeza, seria possível alguém mudar outra pessoa com tanta facilidade e em tão pouco tempo?
VOCÊ ESTÁ LENDO
Clichê Americano
Teen FictionBia nunca foi uma garota de chamar atenção, sempre quieta e na sua, porém isso muda quando ela e sua família se mudam devido ao emprego do pai. A garota odeia o fato de ter mudado de escola, cidade, e a mãe ainda insiste para que ela faça novas amiz...