Capítulo 48

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Assim que vejo Bernardo parado em minha porta, penso que isso é um sonho. Mas depois que descarto a possibilidade, penso que pode ser um fruto da minha imaginação. O que raios ele está fazendo aqui? Minha mente está uma mistura de emoções. Quero odiá-lo por estar aqui, mas no fundo, sinto até uma certa felicidade por vê-lo de novo. Não sei muito o que dizer.

- Oi. – Respondo sem demonstrar nenhuma expressão, não quero que ele perceba a quantidade de sentimentos que estou sentindo dentro de mim agora. Parece uma briga interna entre amá-lo e odiá-lo.

- Bia... – Ele começa e por incrível que pareça, sua voz sai trêmula e incerta. – Preciso que você me ouça tá? É muito importante e preciso, com todas as minhas forças que você acredite no que eu vou te falar. – Eu reviro os olhos. Como ele quer que eu faça isso? – Prometa para mim que você vai me deixar explicar tudo? Porra, eu vim para Porto Alegre só para falar com você.

Eu apenas assinto com a cabeça e dou espaço para que ele entre em casa. Não sei bem o que dizer. Ele realmente veio até aqui? O que ele estava pensando?

O encaminho para meu quarto e ele apenas me segue em silêncio. Quando chegamos Bernardo olha ao redor curioso, claro, meu quarto não tem absolutamente nada. Eu me sento na borda da cama e cruzo os calcanhares e os braços. Decido apenas escutá-lo por enquanto, mas quando finalmente dou a oportunidade, percebo que ele não sabe bem por onde começar. Ele coça a cabeça e olha para o chão com um sorriso que tenta passar confiança, porém, não funciona, percebo que ele está nervoso e bem... Bernardo Vieira nervoso... deve ser sério mesmo.

- Então... Primeiramente, me desculpa. – Ele começa e quero dar risada, começou totalmente errado. – Como você está? – Ele pergunta. Arqueio as sobrancelhas e dou de ombros sem dizer nada. Ele confirma sutilmente com a cabeça como se me compreendesse. Mas eu dúvido. – Olha, o que você viu não foi o que aconteceu, eu juro. Patrícia e Melissa armaram para gente. Sei que é difícil de acreditar, mas é verdade. – Abro a boca para dizer algo, quero muito falar que quero acreditar nele, mas que não consigo, porém eu apenas deixo que continue. – Patrícia me falou que Melissa tinha algo urgente para me contar e que estava desesperada. Você sabe, eu achei que era mesmo urgente, então fui ver se ela precisava de ajuda. Achei que ela tinha se machucado ou sei lá. – Ele me encarava com intensidade. Senti falta de seus olhos claros... Seus poros estavam exalando desespero, como se ele quisesse de todo jeito que eu acreditasse em sua verdade. – Então ela me beijou e você viu tudo. Quando eu tentei impedi-la, você havia visto tudo e foi embora. – Ele continua a história. – Bia, porque você não me deu a chance de te explicar?

Quando ele pergunta, vejo que parece muito triste, decepcionado até. Abro a boca para responder, e a verdade é que bem... eu não sei. Me pergunto se tomei uma decisão meio precipitada quanto a voltar e não dar a ele uma chance. Mas... ele havia me decepcionado tantas vezes que achei que não precisava mais disso e que era hora de partir.

- Eu fiquei chateada Bernardo. Muito. Tão chateada que senti uma necessidade enorme de sair de São Paulo, porque estava triste demais para ficar por lá já que muitas coisas lembravam você. Uma necessidade imediata de te superar, mesmo que fosse tão recente.

- Bia... – Ele quase suplica. – Como você podê achar que eu faria algo desse tipo com você? – Eu arqueio as sobrancelhas. Não sei se acredito ou confio nele. Quando ele vê que não vou dizer nada, ele continua. – Vou te falar algo, sabe Bia, eu sou um cara mau. – Ele começa dizer sem olhar para mim.

Com essa afirmação não consigo me conter e deixo escapar um riso.

- O que? – Pergunto incrédula.

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