A Última Redenção (Catradora)

1. O que vem depois da guerra

Estava amanhecendo em Lua Clara. Os raios de Sol entravam silenciosos e ainda preguiçosos pela janela do quarto de Adora. A paz dominava aquele lugar, depois de tantas noites interrompidas pela preocupação de uma guerra que parecia infindável. Na cama super macia com dezenas de travesseiros, dormia não só Adora, mas Felina, bem ao seu lado, com um braço por cima do tronco da outra e as pernas tão entrelaçadas que não se sabia quais eram de quem. Melog estava deitado em um amontoado de almofadas ao lado da cama. Parecia o sono dos campeões. Que não durou por muito mais tempo. Cintilante surgiu num piscar de um 'poof' em frente à cama e abusou do tom agudo de sua voz ao falar com entusiasmo:

– Bom dia! – continuou enquanto abria mais as cortinas da grande janela mais próxima. – Olha como o dia já está lindo! Perfeito para começarmos a reconstruir Etéria!

A primeira a acordar, e não muito contente, é Felina. O segundo, claro, seu amigo gato alienígena, que é praticamente sua extensão de materializar sentimentos. Disfarçadamente ela abaixa os pelos da cauda que se arrepiaram com o 'bom dia' assustadoramente animado de Cintilante, coça um dos olhos e boceja enquanto responde:

– A gente não ia viajar pelo espaço? O que tem para fazer em Etéria que a SheRa já não tenha resolvido com mágica e arco-íris?

Na mesma hora, Felina olha para Adora que ainda dormia indiscretamente com a boca aberta e uns fios de cabelo espalhados pelo rosto. É inevitável não sorrir ao ver o amor de sua vida finalmente descansando de verdade. Depois, direciona o olhar para Cintilante. A rainha de Lua Clara dá a volta pela cama e senta na cabeceira da princesa e começa a sacudi-la para que acorde.

– Quem me dera se tudo se resolvesse com mágica e arco-íris... – ela responde rapidamente e depois volta a atenção para o que estava fazendo – Adora, levanta logo, vamos!

– Ué, mas não é isso que a Aliança das Princesas sempre faz? Mágica e arco-íris, poder da amizade, tãnãnã – a ex-comandante da Horda levanta da cama ajeitando seu cabelo curto e se espreguiçando para espantar o cansaço ainda restante de anos de guerra. Ela caminha na direção do banheiro, com Melog a seguindo e depois parando na porta para esperá-la.

– Olhe aqui, sua namorada já acordou e só você tem o poder de parar todo o deboche desse ser! – exclama Cintilante.

A palavra "namorada" parece ter ativado o on do cérebro de Adora. Ela rapidamente sentou e olhou para o lado da cama que Felina, antes, estava deitada. Seus olhos arregalaram em questão de segundos na direção de Cintilante.

– Felina! Cadê a Felina? O que aconteceu? – a loira levantou rápido da cama e mais uma vez olhou para sua amiga, esperando uma resposta terrível. Mas, não a recebeu.

A rainha só olhou para a direção do banheiro e respondeu calma:

– Ela só foi ao banheiro. Lembra que a guerra acabou e você não precisa mais ficar achando que a todo momento ela, ou qualquer um de nós, está em perigo? – em seguida, ela levantou da cama e pousou as mãos nos ombros da amiga:

– Acabou, nós vencemos!

Os ombros de Adora consequentemente relaxaram depois das palavras de Cintilante. Um sorriso cansado e orgulhoso se formou em seu rosto. Lógico que tudo acabou, lógico que tudo aquilo foi real. A declaração de Felina, o beijo, o beijo, o beijo de novo, SheRa derrotando o Mestre da Horda. O fim da guerra. Que alívio! A princesa só sai dos seus pensamentos ao ouvir a porta do banheiro se abrindo e a razão da sua inquietude saindo dele.

– Ei, Adora... Que gritaria é essa? Será que não consegue ficar nem dois segundos sem me ver? – ela se aproxima, ficando entre a princesa e a rainha e finda a distância de sua namorada dando um selinho nela.