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18 de setembro - 3 meses antes

Raios de sol atravessavam minha janela, os vãos da minha cortina os deixando num monte de luzes que passavam preguiçosamente pelo meu quarto silencioso. O zumbido meu ventilador era a única fonte de som, um ruído calmo que quase me fez voltar direto para o sono. Os cobertores da minha cama estavam mornos e macios contra a minha pele, e o som de um cortador de grama lá fora, sem dúvida um dos vizinhos esperava acabar algum serviço no quintal.

Era um sábado bem no meio de setembro - a bem-vinda transição entre verão e outono quando o clima não era nem frio nem quente, apenas agradável. 18 de setembro; alguns dias antes do dia 21, tecnicamente o primeiro dia de outono, ainda que o sol brilhasse lá fora como se não pudesse se importar menos.

18 de setembro. Meu aniversário.

Me levantei da cama, erguendo meus braços acima da minha cabeça pra alongar. Eu não me sentia nem um pouco mais velha. Mas acho que você nunca se sente mais velha desse jeito - é uma coisa gradual. Eu tinha 18 anos ontem, e tinha 19 hoje, mas isso era a única coisa que mudou durante a noite.

Fui me preparar para o dia, imaginando se teria alguma coisa especial cozinhada para o café da manhã, e quais presentes eu receberia. Estava particularmente esperando para descobrir o que minha meia-irmã, Nova, tinha pra mim. Ela tinha 8 anos, e sempre encontrava algo que aquecia o coração pra me dar de presente, fosse para feriados, meu aniversário, ou só porque ela queria me dar algo. O que ela me daria hoje?

Corri os dedos pelo meu cabelo e abri as cortinas da minha janela, não mais restringindo a luz do sol. Meu quarto estava banhado em claridade, o sol uma brilhante bola branca erguida no brilhante céu azul.

Era um dia particularmente ensolarado, notei, para essa época do ano, mesmo se o clima estivesse mais agradável nessas semanas. Normalmente o céu era dotado de nuvens fofas aqui e ali, mas hoje estava completamente limpo, um infinito de azul acima da Terra. Eu não estava de nenhuma maneira reclamando- era um dia bonito, adicionando ao meu ânimo de completar 19 anos.

Saí do meu quarto e desci as escadas calçando os sapatos no caminho. Ouvi vozes da cozinha enquanto passava pela sala de estar, abrindo a porta da cozinha e entrando nela.

O cômodo estava um caos; minha madrasta falando ao celular e Nova na mesa com um poptart em cada mão, meu pai fora de vista. Jenny, a estilista da minha madrasta, de pé assistindo ela andar pra frente e pra trás no chão ladrilhado da cozinha, uma prancheta em seu braço. Alguém de uma companhia de algum buffet de comidas falava com nosso planejador de festas e de repente todo a movimentação me fez lembrar que época do ano estávamos.

Tempo de campanha eleitoral.

Meu pai era o prefeito de Lakefield, Oregon, a antiquada cidade uma hora e meia do sul de Eugene e duas horas e meia do sul de Portland. Ele estava na prefeitura nos últimos dez anos, o que não era incomum numa cidade pequena, considerando que cada mandato durava 5 anos. Agora, setembro do quinto ano de seu segundo mandato, era tempo para ele ser reeleito uma terceira vez ou alguém novo tomar a prefeitura.

O que significava que minha madrasta estava completamente no modo primeira-dama, organizando banquetes e festas e coletando mais fundos da campanha, mesmo apesar de que todos gostavam do meu pai como prefeito e não seria difícil pra ele ser reeleito. Mesmo assim, ela ainda tinha pessoas em nossa casa todo dia, os encantando e convidando para tomar chá em nossa varanda dos fundos. Meu pai era bom com política mas era minha madrasta que fazia a verdadeira campanha.

Ao longo da campanha vínhamos eu e Nova sendo forçadas a lindos vestidos e ficar com a nossa família com sorrisos brilhantes em nossos rostos, sem brincadeiras permitidas de maneira alguma. Eu era a filha do prefeito- a biológica, de qualquer maneira. Eu era esperada para ser formal e apropriada e linda.

evergreen [h.s.] (tradução) ON HOLDOnde histórias criam vida. Descubra agora