Cap 5 - Um caco

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Aquele cheiro, aquele toque, aquelas dores, todas aquelas sensações voltaram. Parecia que não conseguia acordar do meu pesadelo. Gritava por ajuda mas ninguém me ouvia. Sentia-me contorcer na cama até que consegui abrir finalmente os olhos acompanhados com um grito. Passei a mão pelo meu pulso esquerdo e respirei fundo.

Sentia-me a ferver. Olhei para a janela e já era dia. A minha cabeça parecia que ia explodir. Levei a mão à testa e estava tão quente que era quase impossível não ter febre. Merda. Não tenho nada aqui para tomar. A madrinha bem disse para trazer qualquer coisa mas não me lembrei. Tentei levantar-me para ir à casa de banho. Todo o meu corpo estava pesado, mal conseguia andar. A garganta arranhava. Passei um pouco de água pelo rosto e olhei-me ao espelho. Estava com umas olheiras enormes, parecia que já não dormia à imensos dias. Todo o meu rosto estava ruborizado devido à febre. Gotas de suor misturavam-se com a água que passara pela face. Acho melhor ir ao médico. Peguei no telemóvel e fiquei surpreendida por perceber que já são 15h. Mas dormi assim tanto tempo? Liguei para a única pessoa que poderia me ajudar neste momento.

- Bom dia dorminhoca. - disse Jessica ao telefone.

- Não é um bom dia para mim. - repliquei.

- Se se passa contigo, que voz é essa? - notei preocupação na sua voz.

- Estou doente. Não me estou a sentir mesmo bem. Queria pedir-te um favor. Será que poderias vir comigo ao médico. No meu estado não posso conduzir. - disse-lhe num tom de voz muito baixo para não arranhar a garganta.

- Oh minha linda, infelizmente não posso porque estou fora da cidade com o Christian. Viemos almoçar com os pais dele, mas não te preocupes que eu peço alguém para ir contigo.

- Obrigada.

- De nada. Prepara-te que alguém te vai buscar. - ordenou ela desligando o telefone.

Vesti-me com dificuldade. Todo o meu corpo doía. Poderia ter ligado a Alex, mas depois do fiasco de ontem não me sentiria bem. Deitei-me na cama e senti o meu corpo afundar-se no colchão. De repente ouvi alguém bater à porta com tamanha força.

- Ei calma. Não me queiram deitar a porta abaixo. - resmunguei.

Levantei-me devagar e abri a porta. Para minha surpresa vi Liam de pé, a olhar para alguém que passava no corredor, provavelmente uma rapariga qualquer, e preparando-se para voltar a bater.

- Estou há minutos a bater á porta e tu não abrias e já me ia em... - ele parou de falou quando olhou para mim. Merda Jessica tinha de ser ele? - Estás bem? A Jessica disse-me que estavas doente, mas tu estás um caco. - notei um pouco de preocupação na sua voz.

- Obrigada. - disse eu revirando os olhos.

- Onde tens os teus documentos? - pontei para cima da comoda. Ele entrou para ir busca-los. - Vamos lá. Já vi que vou fazer de baby-sitter hoje.

- Idiota. - sussurrei.

Ia jurar que lhe vi um sorriso na cara. Mas provavelmente foi só um dos meus delírios devido à febre alta. Saímos do quarto e virei-me para fechar a porta, mas fi-lo tão rápido que perdi o equilíbrio. Senti o braço dele à volta da minha cintura, segurando-me para não cair. Tirou-me as chaves da mão e fechou a porta. Seguimos para o seu carro que estava estacionado o mais próximo possível da entrada. Entrei e coloquei o cinto e ele fez o mesmo. Olhou para mim e disse:

- Estás mesmo um caco.

- Se é para isto vou embora, já estou mal o suficiente. - disse-o tão alto que o som arranhou a garganta ao sair. Levei a mão ao cinto mas ele parou-me. Aquele arrepio outra vez. Devem ser os trémulos provocados pela febre.

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