Ligação inesperada

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Era 8 horas quando Malia acordou. Estava acostumada a acordar cedo, então não conseguia dormir até muito tarde. Pensou em mandar mensagem para Allison para saber se ela estava bem, mas preferiu esperar que a mesma o fizesse primeiro.

Como era muito cedo, somente seus tios estavam acordados. Ela se levantou, tomou café, arrumou o quarto e voltou a ficar na cama. Enquanto esperava por mensagem de Allison, decidiu ficar jogando Call Of Duty.

Depois de um bom tempo jogando, recebeu uma mensagem e não exitou. Saiu da partida e foi lê-la. Era a mensagem pela qual esperava.
"Bom dia. Desculpa a demora, acabei de acordar. Não sei se já está acordada, mas espero que tenha dormido bem."

Sem perceber, estava sorrindo para o celular, um sorriso que qualquer pessoa teria notado de que tipo era...
"Estou acordada há algum tempo. Dormiu bem? Como você está?"

Elas conversaram um pouco até Malia dizer que estava indo pra casa. Se despediu de seus tios, seus primos e agradeceu pela estadia. Foi para o ponto de ônibus que ficava a alguns minutos dali e continuou a conversar com a nova amiga.

Quando o ônibus chegou, Malia fez o de sempre: colocou seus fones de ouvido e estava ouvindo as músicas de sua playlist favorita, enquanto conversava com Allison.

Quando chegou em sua casa, cumprimentou sua mãe e foi recebida com um super abraço de seu irmãozinho. Guardou suas coisas e foi para o banho.

Depois do banho, ficou um pouco deitada no quarto até sua mãe a chamar para o jantar. Jantou e voltou para o quarto. Pegou o primeiro de livro Jogos Vorazes da prateleira e começou a ler, parando apenas para responder as mensagens de Allison.

Era por volta das 23 horas, Malia tinha acabado de pegar o sono quando o celular tocou. Todos estavam dormindo e a casa estava em silêncio total, então o toque do celular fez um barulho estrondoso, e atendeu o mais rápido que pôde falando com uma voz bastante sonolenta.

- Alô? - Sua voz parecia mais baixa do que realmente estava.

- Malia? Estava dormindo? - Malia percebeu imediatamente que era Allison e parecia que ela estava se segurando para não chorar - Desculpa, eu vou desligar...

- Não, espera, não desliga. O que houve? Algum problema? - Malia se adiantou

- Não sei... Eu não sei dizer. De repente, algumas memórias me vieram à mente e eu simplesmente... Eu não sei dizer. É como se tivesse mergulhado nessas memórias sem saber nadar.

- Está tudo bem, conversa comigo. Quer conversar sobre isso ou prefere algo que te distraia?

- Distração, por favor...

Houve uma pausa antes de Malia dizer algo, uma pausa de menos de 5 segundos, mas pareceu uma eternidade.

- Que tal continuarmos com os 50 fato? Ainda faltam 40 certo?

- Tudo bem, acho que podemos fazer isso. Sua vez ou minha?

- Eu começo. Assim você tem tempo pra pensar um pouco mais sobre os próximos fatos. - Malia tinha levantado e foi até o banheiro para lavar o rosto e se sentir um pouco mais acordada - Bom, fato 11, eu tenho um sério problema com a gramática, eu corrijo muito a escrita das pessoas e a minha principalmente. 12, eu gosto de ver documentários sobre fatos históricos, alienígenas e coisas desse tipo. 13, minha comida favorita é Strogonoff mas também sou apaixonada por lasanha. 14, eu sou apaixonada por café. 15, nunca tomei bebida alcoólica. 16, nunca namorei ninguém, mas já tive um crush por uma pessoa (sim, uma única pessoa em toda minha vida). 17, gosto de usar all star, acho super tendência. 18, não uso maquiagem, nunca usei e pretendo continuar sem usar. 19, tenho rinite e bronquite, premiada (risos baixos). 20, estou em busca do meu lugar no mundo, meu propósito de vida. Agora você, sua vez.

Malia sussurrava e recebia respostas da mesma maneira.

- Nossa, quantos fatos. Mas acho que consigo apontar coisas ainda mais visíveis e perceptíveis em você do que isso (risos baixos). Pra ser sincera, ainda não pensei em mais fatos sobre mim, mas... Não, deixa pra lá.

- O que? O que foi? Me conta.

- Desculpe, ainda não estou pronta pra falar sobre... Só duas pessoas sabem disso sobre mim... Não sei se estou pronta pra falar sobre. Aconteceu quando eu era criança, mas me atormenta até hoje. Penso eu que, isso vai me atormentar pelo resto de minha vida...

- Tudo bem... Bom, façamos assim, vou te contar algo que também assombrou meu passado, me assombra hoje e vai me assombrar até o fim dos meus dias. - Sua voz agora era pesada e baixa, como se ela estivesse falando sobre isso pela primeira vez, porque realmente era. Seus colegas nunca souberam sobre o que ela contaria a seguir - Vou te contar algo que nunca contei pra ninguém...

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