Capítulo 01 - Sarah

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2024

- Sarah, já é a terceira faculdade que nos matriculamos só esse ano. - Diz Benjamin entrando de surpresa no quanto de Sarah.

- E qual o problema? Não pedi para que vocês me acompanhassem!  - responde Sarah irritada com Benjamin por entrar em seu quarto sem bater e sem ser convidado, ela olha friamente para ele.

- Me diz o que tanto procura, assim eu posso te ajudar. - Há preocupação na voz de Benjamin.

- E quem disse que estou procurando algo? - A irritação de Sarah está maior.

- Você só assiste aulas sobre ocultismo e o sobrenatural, lendas e assuntos do tipo. É claro que está em busca de algo, porque não diz pra gente, somos sua família, só queremos te ajudar, e também temos a Rebeca. Porque não pede ajuda dela? - Benjamin dá um passo para trás depois que Sarah encara ele furiosa. 

- Não preciso de ajuda... e me da licença que eu estou atrasada. - depois de ter arrumado suas coisas dentro da sua mochila ela vai em direção a porta. 

- Me dá uma carona? Vou buscar minhas coisas! - Benjamin passa pela porta.

- Não! Vai com Philipe, tenho que passar em um lugar primeiro.

Sarah sai de seu quarto apressada e vai para o seu carro, uma SW4 preta, ela passa em uma floricultura, compra um buquê de rosas vermelhas, em seguida vai até o cemitério da cidade. Por ser de manha bem cedo, Sarah sente o cheiro do orvalho, passa pela neblina que cobre o lugar, sem muito esforço ela encontra o sepultura de sua pequena sem dificuldade, pois é um caminho que ela está acostumada a percorrer. Na lapide está escrito, Alice J. Rylles, Filha Amada, nascida em 1993, morte em 1995. Ela troca as rosas vermelhas já murchas pelas novas, limpa a lapide, tirando todas as poeiras e as folhas secas que estão em cima, deixando tudo limpo. 

Sarah é incapaz de chorar, mas dá pra ver em seu olhar a imensa tristeza que está sentido, uma dor que ela jamais irá se esquecer.  

Nova Orleans - 1994

Sarah Rylles, nascida em 1975 e renascida em 1995, é uma mulher forte, uma sobrevivente das mãos de homens pervertidos e cruéis, que tirou dela o direito e a vontade de se viver, mas apresentando o amor da sua vida para sempre, apesar de ''para sempre'' não ser muito tempo. Ainda gravida conseguiu emigrar do Brasil para os Estados Unidos e agora com seus 19 anos de idade vive com sua linda filha de 1 ano e 11 meses, ela a cria sozinha. 

Sarah acaba de sair de sua última faxina do dia e foi pegar sua filha na creche, como de costume elas vão para a estação esperar o trem e ir para casa descansar para voltar à rotina no próximo dia. No caminho até o metro sua linda filha avista uma magnifica roseira e corre até ela para pegar uma linda rosa vermelha e da a sua mãe Sarah, que agradece sua pequenina com um belo sorriso e um longo abraço. 

Esse parece ser mais um dia qualquer, porém não é, enquanto esperam pelo trem entra um rapaz na estação, armado fugindo da polícia, pois tinha acabado de se envolver em um assalto. Como o assaltante se vê encurralado começa a trocar tiros com a polícia justamente onde Sarah esta com sua filhinha. 

Sarah se abaixa desesperadamente jogando seu corpo em cima de sua filha para protegê-la, no entanto é tarde de mais, Sarah sente sangue em suas mãos, sua filha está toda molinha em seus braços, respiração fraca, olhos se fechando, Sarah entra em choque, como se sua alma saísse de seu corpo, sentindo cada osso de sua costela se arrepiar, ela não consegue acreditar no que vê sua filha, o amor da sua vida, o amor inigualável e inexplicável ali, morta em seus braços.

Ela sente a sua alma saindo do seu corpo e passa um filme em sua cabeça, desde o momento em que descobriu sua gravidez, os enjoos, a barriga crescendo, comprando as roupinhas, montando o quarto do bebê, o momento mais esperado da gravides, ver o rostinho dela pela primeira vez, o vínculo da amamentação, a papinha, o primeiro andar e o primeiro falar, a primeira flor ganhada, ela é vermelha e está toda ensanguentada. 

Os planos com sua linda e doce filhinha se acabaram ali, as lágrimas corriam em seu rosto, e assim que sentiu o gosto salgado de suas lágrimas o ódio tomou conta de seu olhar, seu coração ficou tomado pela escuridão, deixou sua filha ali deitada no chão como um anjinho.

Sarah só ouvia um som naquele momento e era o som da respiração do assassino, sem medo algum, andou entre o tiroteio em direção daquele homem mascarado que tinha acabado de levar um tiro no braço onde segurava sua arma e a deixa cair no chão, Sarah então segura ele pela gola na parte de traz de sua jaqueta e puxando com toda sua força joga ele nos trilhos e assim que ela o jogou imediatamente o trem passou e o transformou em pedacinhos. 

Naquele momento todos os que ali estavam presentes ficaram em choque e aliviados, pois aquele horror havia acabado, mas não para Sarah, pois a dura e dolorosa trajetória da vida dela estava apenas começando.

Devido ao assassinato Sarah foi presa. Ali em sua cela ela se isola de todas, olhando para a foto de sua filha e a rosa vermelha Sarah chora. Chora com todo o seu ser, com toda a força de sua alma, sua imensa tristeza comovia as outras presas e nenhumas dela ousavam mexer com ela. 

Sarah estava tomada pelo a dor e pelo ódio, mesmo tendo perdoado seu pai perverso pela morte de sua mãe e por toda a atrocidade que a fez passar até se livrar dele, mas o destino foi cruel. Sarah tinha sua pequena para esquecer os horrores do passado, agora não tem mais ninguém, mas nada, sua única esperança havia sido arrancada dela cruelmente. 

 2024

Após sua visita ao cemitério, Sarah retorna ao seu carro, mas em vez de ir para a faculdade, dirige até um prédio antigo e sombrio no coração de Nova Orleans. Ela para em frente a um bar de aparência discreta, mas conhecido por ser um ponto de encontro para seres sobrenaturais.

Dentro do bar, Sarah liga para Rebeca, uma bruxa que tem sido sua conselheira e amiga ao longo dos anos.

Eu a vi novamente, Rebeca. - diz Sarah, sua voz cheia de dor e determinação.

Quem você viu, Sarah? - pergunta Rebeca, intrigada.

Minha filha. Em um sonho... ou talvez uma visão, não sei exatamente. - Sarah olha fixamente para um ponto na parede do bar. - Algo está acontecendo. Algo grande. E sinto que estou perto de descobrir o que realmente aconteceu em 1994.

Rebeca fica em silencio por um momento antes de falar.

Se isso é verdade, precisamos estar preparadas. Há forças em movimento que podem ser mais perigosas do que imaginamos. E olha que já passamos por muitas coisas ao longo desses anos. 

Sarah concorda com a cabeça.

Eu sei. E é por isso que estou estudando tanto sobre ocultismo e o sobrenatural. Preciso entender tudo antes que seja tarde demais.

Depois de se alimentar com um sangue fresco fornecido no bar, Sarah volta para seu carro e retorna o seu caminho em direção a faculdade.

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Toda semana um novo capitulo.

Até a próxima pessoal. 

As Crônicas de SarahOnde histórias criam vida. Descubra agora