A dor emocional superava a física

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Taehyung's P.O.V

Era um dia frio e nublado, eu estava sentado na janela do meu apartamento pensando sobre como seria uma possível queda "acidental", mas obviamente não seria um acidente. A meses era como se minha alma fosse ser arrancada de mim, por uma dor insuportável que sobrecarregava tanto o emocional que chegava a ser física. E por mais que todos aqueles pensamentos me rondavam, eu não fazia nada, apesar de sempre ameaçar.
O vento frio batia na minha pele me fazendo arrepiar, o que era uma sensação ótima, já que eu não sentia nada há um bom tempo. Era tudo completamente vazio e sem graça. Encaro o chão que estava a alguns metros, uns 25 metros talvez? Não sei nunca foi bom com números.

— Que ótimo idiota, você não serve nem pra acabar com isso de uma vez.

Resmungo pra mim mesmo e saio da janela voltando para dentro do quarto e me jogando no chão, eu não estava vestido com roupas quentes o suficiente, apenas um samba canção, e sentia muito frio, mas esse frio ajudava a não prestar atenção nas outras dores. Começo a me mergulhar em outros pensamentos, sinto os olhos começarem a transbordar e antes que eu pudesse entrar naquele mundo escuro ouvi batidas na porta do meu quarto. MERDA!

— O que foi? - Digo me sentando sentindo a vista escurecer, merda de pressão baixa.
— Taehyung meu bem, o almoço ta pronto - Ouço a voz da mulher abafada pela porta, eu odiava que ela me visse assim, então trancava a porta do quarto sempre, melhor ela pensar que eu estava batendo uma do que chorando.
— Ok, eu já vou indo... Só vou me vestir - Isso logicamente fará ela pensar que você está batendo punheta, gênio.

Dou uma mínima risada da minha burrice, por mais que eu fosse triste eu ria fácil, um bobo triste. Levanto do chão e vou até o banheiro me encarando no espelho, meu deus essa olheiras, esse cabelo sem graça, argh. Jogo uma água no rosto, que não melhora muita coisa mas reduz o inchaço que tinha sido causado pelo choro, seco o rosto e volto a me olhar me sentindo melhor, porém ainda detestável. Era possível alguém se odiar tanto? Resolvo ignorar os pensamentos novamente e retorno ao quarto me vestindo com uma blusa preta e uma calça de moletom, desço as escadas vendo meus pais e minha irmãzinha na mesa, que era provavelmente o único motivo de eu não ter pulado daquela janela botando um fim em tudo isso.

— Porque demorou tanto? - Ouço meu pai perguntar e reviro os olhos internamente, não que eu tivesse problemas com ele, longe disso, mas ele perguntava demais.
— Perdão pai, eu estava estudando. - Minto na cara dura mesmo enquanto servia meu prato. Eu não sentia fome, mas se eu não comesse eles iam me levar de volta para a clínica, e sabe aquele lugar me deixava pior, com certeza.
— Tudo bem filho, estou orgulhoso que parece melhor. - Vejo ele sorrir pra mim e dou um sorriso quadrado de volta, era ótimo estar convencendo que eu melhorei, mesmo não melhorando.
— Toma seus remédios meu amor, não esquece que tem que tomar aqueles antes de ir na sua consulta, às 15:30. - Concordo a mulher que estava me olhando com olhos amorosos dando a primeira garfada e sentindo meu estômago embrulhar, argh comida não era bom. Não enquanto eu estivesse assim, feio.
(..)

Assim que termino de comer eu deveria ficar na sala, pra não correr e vomitar tudo, então fiquei lá tentando não escutar a voz que me pedia constantemente para tirar aquilo, a comida, de dentro de mim. Começo a me perder em alguns pensamentos e quando me dou conta existe uma pequena criança parada na minha frente com a sua boneca, e eu já havia entendido tudo.

— Ta bem Heejin, eu brinco com você.. - Digo rindo um pouco e vejo ela sorrir de volta me arrastando, acompanho ela até o tapete me sentando no mesmo ao seu lado e escolhendo a boneca mais bonita pra mim, óbvio.

Medicines (KTH + JJK)Onde histórias criam vida. Descubra agora