Nada pelo o qual eu não pudesse passar

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Jungkook's P.o.v

Eu havia acordado de madrugada naquele dia, as dores estavam um pouco fortes mas nada que eu não pudesse aguentar, nada pelo o qual eu não pudesse passar. Não queria chamar meu pai então simplesmente me sentei na cama respirando devagar, o que me trazia certa calma, mas não ajudava muito diminuindo minhas dores. Há 6 anos eu comecei essa batalha contra essa doença, há seis anos eu convivia com a Leucemia, mais especificamente Leucemia linfóide aguda. Com 10 anos eu comecei a sentir algumas dores e quando vi, estava sangrando pelo nariz em pleno almoço de domingo na casa da vovó, então me levaram pra emergência e veio o diagnóstico, câncer.
Lembro claramente de ter visto meus pais chorando, muito, e eu nunca tinha visto-os naquela situação. Ah sim, eu tenho dois pais, sou adotado, e isso dificultava muito mais porque, pasmem, nenhum deles era compatível comigo. Mas estava tudo bem, eles eram ótimos e me davam todo o amor e suporte que eu precisava.

— Ah inferno... - Digo sentindo as dores piorando e ouço os passos do corredor, será que eu fiz algum barulho?
— Amor - Vejo a porta abrir e percebo que era o Namjoon, estranho porque geralmente quem vinha era o Jin. - Está tudo bem? Estou ouvindo seus gemidos de dor do quarto... - Ele disse se aproximando e sentando na minha cama ao meu lado.
— S-sim pai... - Tento parecer bem e acabo soltando um gemido de dor, merda. - Ta tudo bem, eu só.. Só preciso esperar passar não é? - Dou um sorrisinho recebendo outro de volta.
— Acha que os remédios podem te ajudar nisso? Ou ainda quer ser teimoso de tentar fazer passar sozinho? - Ele diz e ri, e eu acabo rindo junto. Nunca gostei de tomar remédios e ele sabia bem. - Você tem que pedir ajuda quando se sentir assim bebê... - Ele disse fazendo carinho no meu cabelo.
— Não me chama de bebê.. - Digo o olhando meio emburrado.
— Você vai ser pra sempre o meu bebê, Jungkook. - Assim que ele termina a frase vejo seus olhos encherem de água, e quando ele percebe que eu percebi ele desvia o rosto pro criado mudo pegando os remédios e um copo d'água me entregando. - Toma, vai melhorar... Vou ficar aqui com você essa noite.
— Mas o papai... Ele vai ficar só? - Bebo os remédios o olhando. Eu sempre me sentia estragando o casamento dos meus pais, sempre me perguntava quantas vezes eles tiveram bons momentos depois que eu entrei nesse "ensaio de morte".
— Ele tomou alguns remédios pra dormir hoje, e eu já tinha dito que iria ficar de olho em você.. - Comecei a me sentir horrível, mais uma vez eu era motivo da insônia dele, isso não era justo. - Não adianta dizer não, eu vou dormir aqui e pronto. - Ele disse se arrumando na cama ao meu lado o que me fez rir um pouco.
— Tudo bem pai, mas se o senhor roncar eu te expulso. - Digo olhando pro mesmo sério, eu não brincava nem por um segundo.
— Tá, agora deita, você precisa dormir, amanhã tem consulta à tarde. - Deito do seu lado sentindo a dor começar a ir embora, não sabia dizer se eram os remédios ou o carinho nos meus cabelos, que por sinal estava ótimo. Meu pai era TUDO.
— Consulta? Na onco? - Pergunto meio confuso, eu tinha ido nela essa semana.
— Não amor, na psicóloga...
— Eu vou voltar?? Nossa eu amo ir na senhora Burns...
— Ah, não é mais com ela, é uma nova.. Ela achou melhor te mandar pra alguém mais especializado... - Faço um biquinho ao ouvir o mais velho que ri da minha expressão. - Fica tranquilo meu bem, vai ser tão divertido quanto, e podemos ir tomar sorvete depois..
— Jura? - Ele concorda com a cabeça. - De dedinho? - Estendo o dedinho pra ele e ele entrelaça nossos dedinhos. - Agora tem que cumprir.. - Sinto o sono tomar conta do meu corpo e depois de piscar não consigo mais abrir os olhos.
— Eu vou cumprir meu amor.. Agora dorme, você precisa descansar.. - Ouço a voz dele meio estranha, ele estava chorando? Ou eu estava ouvindo coisas? Antes que eu identificasse, caio no sono profundo.

Medicines (KTH + JJK)Onde histórias criam vida. Descubra agora