Capítulo 1

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Boa leitura

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Rodrigo

Ana tem o tom de só com o olhar me irritar, o mulher chata, mimada, se acha a inteligente e ainda é boba, ela tem tudo o que me estressa em uma pessoa, e pra piorar parece que nossos caminhos estão sempre entrelaçados.

Moramos em uma cidade pequena onde quase todos se conhecem e estudamos juntos do primário ao ensino médio, não sei de onde vem esse sentimento de desavença nosso, sei que ela cultiva a mesma coisa, e mesmo nossos pais sendo melhores amigos nunca conseguimos nos dar bem, todos falando que quando pequenos até nossos seis anos nos dávamos muito bem e eu até falava que iria me casar com ela, o que é um absurdo o quanto mais longe daquela sem noção melhor.

Ela é aquele tipo de pessoa tímida e que é boazinha pra todos lógico que menos pra mim, na escola sempre foi a mais inteligente de todos, e mesmo ela sendo a nerd da turma todos gostavam dela e por incrível que parece os nossos amigos eram os mesmos até hoje o que dificulta evitá-la, tinha aqueles que mexiam com ela por pura maldade e inveja por sua inteligência, alguns idiotas a chamavam de nerd, rata de livros ou o mais utilizado "gorda", por ela ser mais gordinha que as outras meninas, o que acontece até hoje.

Mas nunca achei isso um motivo de zuação, até porque também sempre fui acima do peso, só de uns dois anos pra cá consegui emagrecer um pouco depois de começar a fazer academia e jogar com os meninos, por isso quando queria mexer com ela tava apenas alguns puxões em suas típicas tranças maria-chiquinhas horríveis e falava que ela era mimada, filhinha de papai ou essas coisas besta para provocar mas por hora eu apenas a ignorava já que nosso santo não batia, e mimada é mesmo sempre foi e ainda é, também como não ser, com quatro irmãos mais velhos e um pai superprotetor que é policial, e sua mãe a doceira da região que faz tudo o que ela quer.

E hoje mesmo seis anos depois, continuamos os mesmo conseguimos nos afastar um pouco, mas é difícil uma vez que ainda temos o mesmo ciclo de amizade e trabalho na doceria de sua mãe, onde ela faz a administração de tudo.

Depois que terminamos a escola, ela começou a faculdade de contabilidade na cidade vizinha e eu descobri minha paixão por doces fiz um curso especializado e hoje trabalho com isso, enquanto ela além de administrar a doceria da mãe abriu um escritório de contabilidade na parte de cima onde presta serviço para todos que tem um comércio da cidade, já que ela é pequena e viram o quanto ela é boa.

A um tempo atrás a minha única vontade era superar ela, mas vi que não tinha mais idade pra esse tipo de coisa e nem idade  para as provocações de chamar ela de mimada ou ela me chamar de idiota, então paramos, ela fica na sua e eu fico na minha, mas nem um mísero cumprimento trocamos.

Mas ultimamente eu tô é doido pra chamar ela de besta ou idiota como ela me chamava, sabe os babacas que a importunavam quando criança um deles se tornou o novo subordinado do seu pai na polícia, e quando ele veio pegar algumas coisas aqui na doceria para o delegado pai dela, por coincidência ela quem estava no caixa e os dois começaram a conversar animadamente.

Como ela pode ter esquecido o grande babaca que ele foi com ela, e ainda ficar cheia de sorrisos, sabia que ela era simpática com todos coisa que mais me irritava nela, mas com ele é demais né, ele nem faz parte da nossa roda de amigos na verdade nunca gostei dele, e olha como ele está olhando pra ela agora e ela todo sorrisos pra ele, é muito besta mesmo.

Deixa os irmãos dela veem essa intimidade toda, quer saber eu mesmo vou contar a eles, lógico que mesmo eu não tendo nada a ver com ela e nem gostando dela sou amigo dos seus irmãos e eles merecem saber disso.

****

- Idai cara, conhecemos ele, gente fina - Victor o irmão mais novo fala

- sim ele é da hora, seria bom Ana conhecer alguém como ele - João o mais velho

- vocês estão com algum tipo de amnésia agora, ele é um babaca, aliás o mesmo babaca que zuava a irmã de vocês na escola

- E você também fazia isso e ainda sim somos amigos, relaxa cara o que deu em você, nunca ligou pra vida da aninha - falou Matheus o segundo mais velhos, apenas Rafa não estava aqui na loja de ferramentas do seu avô, os três quem ficaram responsáveis por essa loja, enquanto Rafael tomou um rumo diferente seguindo os caminhos do pai.

- Pois é né, pra que estou me preocupando  tanto pelos meus amigos, será que é porque se eu tivesse uma irmã eu gostaria de ser avisado se algo assim acontecesse - falo mas confesso que nem eu sei porque estou gastando meu tempo com isso

- beleza cara entendemos e realmente vamos ficar de olho, ok, mas quem decide alguma coisa é ela, só nos intrometemos se ele a fizer sofrer - diz João

- se ele a fizer chorar ele é um homem morto - apenas confirmo com a cabeça, mas isso ainda não me desce se ele a fizer chorar vai ser tarde demais, eles deviam fazer alguma coisa antes disso acontecer, e ele tá certo quem decide é ela vou perguntar se ela tem amnésia e não lembra das vezes que ele já a fez.

Mas que diabos porque mesmo estou gastando meu precioso tempo com isso, quer saber ela que quebre a cara eu vou trabalhar um pouco isso sim

***

Quando estou chegando na entrada da doceria ela também está chegando com uma sorriso que quase rasga a cara, e reviro os olhos ela quando me vê também faz o movimento e desfaz o sorriso.

Faço uma careta pra ela que me mostra o dedo do meio.

- saindo durante o expediente que bonito em - ela fala me provocando

- pelo Jeito você também - rebato sua provocação

- idiota

- deixa eu perguntar uma coisinha, por acaso esqueceu o que aquele babaca do Gustavo já fez com você - falo bravo pra ele que fica até confusa - e agora estão até namorando por aí no meio do expediente - falo e vou pra trás do balcão colocando meu Doma e ela vem atrás para ficar no caixa.

- desde quando eu e o Gu estamos namorando e o que você tem a ver com isso - ela fala empinando o nariz e dando de ombros

- nossa estão tão íntimos assim que já tem até apelidinhos, ele te chama de que amnésia - ela fica vermelha e cerra os olhos

- pro seu saber ele me pediu desculpas, reconheceu que foi um idiota e que se arrepende muito, ao contrário de pessoas como você hipócrita que também mexia comigo na escola e quer julgar ele - ela fala e me dá as costa e vi que agora fedeu

- é diferente e você sabe, nunca falei nada relacionado ao seu corpo por exemplo, já ele você sabe muito bem, o que mudaria agora ele já te fez chorar Ana, eu nunca fiz isso - falo pra ela antes que passa pela porta, e nem ligamos pra quem está na doceria todos já conhecia nossas discussões.

- não te entendo de verdade, você me zuava de tudo o que podia quem me garante que não falava sobre isso também, sim pode ser que nada tenha mudada em relação a ele e nem a mim não é mesmo, pois continuo a mesma gorda nerd, não venha com conversa de bom moço como se você se preocupasse com algo em relação a mim, pois sabemos que você me odeia e nem sei porque cargas d'água

- E você também não?

- nunca disse isso ao contrário de você - ela fala com uma semblante de decepção em seu rosto e desvia o olhar mas logo volta a me encarar - mas ultimamente acho que descobri esse sentimento por você e realmente eu acho eu..eu acho que... eu também te odeio - ela fala em um tom meio de incerteza e mágoa e fico sem entender - agora que terminamos o papo furado poderia voltar ao trabalho - mesmo em todos esses anos de provocações e implicância, onde tentamos nos evitar ela nunca falou comigo assim, não como agora com todo esse desprezo e raiva, mesmo nos dias que eu pegava mais pesado, ela apenas me chamava de idiota e me ignorava fingindo que eu nem existo, só que algo parece ter mudado.

- ok chefe...

-

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