Prólogo, Ally.

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Olá, meu nome é Ally. Sou filha de uma mestiça e de um negro, nasci em Angola mas o meu pai recebeu uma proposta de trabalho em Portugal e desde isso mudamos para cá, hoje é o primeiro dia que sairemos em família para almoçar num restaurante e estou entusiasmada, quero muito conhecer a cidade e as pessoas de cá! A minha mãe é pasteleira e o meu pai Director de Marketing, temos uma vida equilibrada e eu sou muito feliz, gosto muito de socializar e espero conhecer alguém ainda hoje, sei lá pode ser na rua ou no restaurante mas seria muito bom ter novos amigos porque ser nova num lugar e não ter amigos é muito complicado! Bom vou me preparar para ir.
Enquanto me preparava a minha mãe conversava com o meu pai eu sem querer ouvi:
Mãe: Stelvio, estou com medo que ela sofra racismo aqui, devias ter vindo sozinho, a nossa filha é muito social e isso pode destruí-la.
Pai: Eu pensei nisso Nayol, mas é uma proposta única e podemos viver muito melhor se eu me der bem, não te preocupes, ela vai se dar bem por aqui!
Quando eu cheguei eles pararam de falar e fingiram que nada passara. Fiquei um pouco insegura mas depois esqueci. A caminho do restaurante eu reparava tudo, admirando alguns lugares e tentando memorizar o caminho, eu estava muito feliz, o meu pai colocou a nossa música familiar e cantávamos alegremente. Quase chegando fomos parados por Polícias, um deles conversava com o meu pai:
Polícia: Passe os documentos por favor
O meu pai passou, estava tudo legal, mas reparei que o polícia olhava mal para nós.
Ele chegou a perguntar o que nos levou a viver em Portugal, mas perguntou como se isso fosse errado, só nos deixou em paz depois de saber a nacionalidade da minha mãe. Perguntei à minha mãe o motivo de ele olhar tão mal para nós, mas a minha mãe não me dava uma resposta lógica, guardei minha curiosidade e seguimos o caminho. Postos no restaurante notamos que estava cheio, mas o meu pai estava despreocupado porque tinhamos reservado uma mesa. Chegamos ao gerente e demos o código de mesas mas ele disse que já estava ocupada. Indignado o meu pai reclamava pela irresponsabilidade dos funcionários, o clima começou a ficar tenso e o meu pai já estava alterado, minutos depois o gerente grita para nós: "Isso não é um restaurante para pretos".
O meu pai olhou para ele e disse: A minha cor não tem nada que ver com isso, acredito que tenho capacidades de ser muito melhor que tu, fica com a maldita mesa e esse teu ego racista, que um dia te arrependas. Eu chorei presenciando a situação e confesso que estava com medo de passar por isso novamente, voltamos à casa e comemos ali mesmo, horas depois vi meninas a se divertirem a frente de casa num largo e decidi ir ter com elas....

A cor do PecadoOnde histórias criam vida. Descubra agora