Capítulo 2

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Meu celular começa a tocar loucamente.

— Oi? — falo, irritado.

Ah Keith, aqui é o Doon, então, vai ter um luau dia 12 na praia e as pessoas que estão fazendo a programação nos chamaram pra tocar, você aceita? — Doon é tipo o chefe da nossa banda, como ele é o único que tem uma voz bonita, nós consideramos ele o "nosso líder".

— Tá bom Doon. Já falou com os outros?

Ainda não. Como você é o único que é mais ligado na banda, pensei em chamá-lo primeiro. — ele faz uma pausa — Além do mais o Greg disse...

Não dou mais ouvidos ao que ele diz quando vejo um caminhão laranja bem ao lado da minha casa. É um caminhão de mudança, isso é óbvio; mas que estaria se mudando para a casa ao lado?

— Hãããã Doon, depois você me fala o que rolou, tenho que desligar. — desligo o celular antes dele protestar qualquer coisa.

Ligo para Clance o mais rápido possível, já que ele mora à minha frente e é mais fácil ver o caminhão.

— Clance me fala o que está acontecendo aí na rua. — cumprimento ele.

Oi pra você também. — reclama.

— Vai logo! — grito, colocando o rosto o máximo que consigo na janela.

Tá, tá, relaxa cara. — ouço ele se movimentar — Tem um caminhão laranja, com uns dois caras de óculos de sol e uma garota que... uau, ela é linda!

— Clance...

Continuando, eles estão levando umas caixas pra dentro da casa e a garota tá usando uma roupa super linda e ela tem um sorvete na mão, ah, agora um garoto de cabelo platinado cuspiu no sorvete e ele tá indo pra sua casa... — escuto meu amigo se virando para ver o resto.

— Como assim!? Não, eu nem o conheço! — protesto.

Agora é com você cara. Ele entrou. — Clance desliga.

Merda. Fico parado por um momento até ouvir meu irmão me gritando.

— Keith! Desça aqui agora!

Abro a porta e vejo lá embaixo Hank e o Cabelo-Platinado estão conversando como se fossem conhecidos.

— Finalmente. — Hank fala quando me vê — Leigh esse é o meu Keith.

— E aí? — ele sorri, que por acaso é um sorriso muito bonito.

— Oi... — aperto a mão dele.

— Ele é do meu time de lacrosse, por isso que o conheço.

— Legal... — desvio o olhar para o quadro de um vaso de flor.

— Eu soube que tem uma banda, qual é o nome dela? — Leigh tenta puxar assunto.

— Daddy Issues...

— O Keith é o cara do baixo, mas ainda tem mais três. Eles tocam muito — meu irmão me interrompe.

— Queria ir no ensaio algum dia. — meu vizinho fala.

— Você pode nos ver tocar dia 12 na praia aqui perto. — respondo, secamente.

— Então tá..., até o treino Hank! Tchau... Keith. — ele fala o meu nome como se fosse amaldiçoado.

Humpf! Cara chato.

— Qual é o seu problema? — Hank me olha com raiva.

— Nenhum...

— Poderia ser uma vez educado!? Eu já cansei de você tratando as pessoas como se fossem lixo! Chega disso Keith! Só foi ela morrer que você ficou assim! — meu irmão está com olhos marejados. Eu nunca o vi assim.

— Vai te catar Hank! Você devia me entender! — subo as escadas.

— Nem tudo gira em torno de você!

Eu não o escuto mais. Chuto o pé da minha cama, mas me arrependo no mesmo instante. A minha vida só ficou uma merda porque ele não parou para me entender e além do mais, faz uns três dias que eu não vejo o meu pai. Se eles ligassem realmente pra mim, teriam me dado mais atenção.

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 O nosso "estúdio" está uma baderna. É claro que nunhum de nós vai se dar o trabalho de arrumar o lugar (por mais que eu esteja quase pegando uma vassoura e limpando tudo), o chão tem pelo menos um tapete que não deixa transparecer muito a poeira, mas ele tá bem encardido. 

— Ei galera! — Clance grita, fazendo nós quatro pular — Eu trouxe nachos e guacamole, uhuu! 

Ele começa a fazer uma dancinha esquisita com as mãos segurando duas vasilhas. O Clance não toca na nossa banda, ele é o cara do lanchinho e de nos divulgar por aí; ele tem um rosto mais dócil do que qualquer um de nós, e é mais carismático. 

 — Hum... eu amo nachos. Valeu Clance — Greg para de afinar sua guitarra azul com brilho e se levanta. Greg sempre foi mais "avançado" do que o resto da equipe, ele tem um cabelo que eu gosto de chamar de beiçola, mas é um corte que estava famoso nos anos 90; é o mais alto e tem cílios enormes (não que isso mude alguma coisa). 

— Calma aí Greg, eu também quero. — Doon grita, empurrando o guitarrista. Doon é o tipo de cara que tem que sair do armário, seus cachos loiros e seu rosto cheio de sardas encantam qualquer uma, mas o mais engraçado é que ele nunca deu muita bola para as garotas malucas que o idolatram. 

— Cadê o Nico? — pergunto, com a boca cheia de nachos e guacamole. 

— Ele foi atender o telefonema da namorada — nosso vocalista responde, labendo os beiços.

 Depois que Nico começou a namorar ele ficou mais distante; ele sempre foi o cara que saía sorrindo pra qualquer pessoa da rua, afinal o seu sorriso é muito lindo e ele tem aquele topete que nunca sai de moda; mas depois do dia em que começou a namorar, ele se afastou de nós todos. 

— Ah..., se ele não voltar daqui cinco minutos a gente vai arranjar outro baterista. — Greg fala.

— Eu ouvi isso! — Nico aparece olhando para o celular uma última vez antes de colocar no bolso — Uh! Guacamole! — ele enfia o dedo na vasilha cheia de guacamole. 

 Depois de comermos, nós decidimos que vamos tocar dez músicas no luau: seis autorais e quatro de outros cantores. Ensaiamos a tarde inteira até ficar escuro. 

 — Parabéns caras! Vocês foram incríveis! — Doon levanta a mão e dá um "toca aqui" em todos. — Nós vamos arrasar! 

 Concordamos gritando que todos naquele luau vai amar a nossa banda. Sorrio com isso, vai ser ser legal fazer algo de diferente com eles. 


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