Capítulo 4 - Apolo

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— Você deveria parar de se mexer, Mingyu! — comentou Wonwoo. Pela milésima vez naquela noite ao levantar seus olhos de seu caderno de rascunhos, percebeu que Mingyu havia movido seus dedos e agora estavam em uma posição diferente da que havia começado a rabiscar no papel.

O garoto era impossível. Impossivelmente adorável, pensou. Desde que fora salvo por aquelas palavras tudo que bastou foi um convite para tomar um café, depois da visita, para Wonwoo ter certeza de que Mingyu era sua alma gêmea. Não por serem terrivelmente iguais, e sim pelas suas diferenças completantes. Mingyu estava cursando Engenharia Civil e decidiu acompanhar seus amigos em um curto intercâmbio para estudar as construções parisienses, o jovem era pura razão enquanto Wonwoo era arte. Bagunçado, nem sempre bem interpretado, mas belo de sua própria forma.

Mingyu não era alguém feito para Wonwoo. Era alguém que fazia o nosso, não mais eterno, jovem ser alguém melhor, Mingyu era alguém que fazia o coração de Wonwoo bombear os mais diferentes sentimentos para sua alma, e não somente sangue para o corpo. Era alguém que fazia com que Wonwoo tivesse inspiração o suficiente para encher um museu três vezes maior que o Louvre.

— Wonwoo, eu já estou nessa posição a uma hora. Vamos descansar? — implorou Mingyu, piscando como um cachorrinho abandonado.

— Eu pensei que você disse que queria uma estátua sua. — comentou Wonwoo, largando seu lápis. Olhou seu rascunho, faltava pouco para terminá-lo, mas queria que tudo estivesse perfeito.

— Eu quero! Mas você poderia me desenhar de cabeça sabe, significa que você pensa em mim. — respondeu Mingyu, desistindo da sua posição e levantando-se do sofá para abraçar Wonwoo, que estava sentado na cadeira em frente.

— Você sabe que eu penso em você... — passei uma eternidade pensando em você, Wonwoo pensou, preferindo guardar para si sua história, mas essa era a verdade.

Havia ansiado tanto pelo momento que encontraria sua alma-gêmea que não acreditava que tudo que estava acontecendo era real. Retribuiu o abraço de Mingyu, envolvendo sua cintura e encostando sua cabeça perto do seu peito, ouvindo os batimentos de seu coração.

— Me sinto honrado por ser sua "musa". — brincou Mingyu, inclinando-se depositar um delicado selar nos lábios finos de Wonwoo. — Acho que eu mereço uma estátua... apesar da minha inabilidade de ficar quieto.

— Ai, ai! — exclamou Wonwoo, revirando os olhos. — O que eu não faço por você!

— Eu te amo. — declarou Mingyu pela milésima vez desde que começaram seu relacionamento há 2 anos. Dois anos que Wonwoo estava livre da sua maldição.

— Eu sei, agora me larga para que eu possa terminar isso nessa vida. — disse, tentando se livrar do abraço que só se tornou mais apertado ainda.

— O tempo não importa, temos todo o tempo do mundo.

Wonwoo não conseguiu segurar sua risada após a fala de Mingyu. Graças aos deuses, não tinham todo o tempo do mundo. Tinham uma vida só e deveriam aproveitar ao máximo, mas Wonwoo tinha a certeza de que nunca trocaria a presença de Mingyu por uma eternidade vazia. 

Elos; sobre almas gêmeas e maldiçõesOnde histórias criam vida. Descubra agora