A lovely night

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Paul tinha uma beleza única. Sophie se sentia minúscula mesmo tendo 1,75 encarando aquele homem de mais de 1,90. Seu maxilar quadrado dava ao rosto uma forma que fora feita apenas para ele, uma boca extremamente delineada, mas eram os olhos o mais impressionante. Um verde tão diferente que na luz do entardecer assumia tons de amarelo, e ela sabia- pelos seus anos admirando essa beleza pela TV- que a noite esses mesmo os olhos seriam de um profundo mel que enxergavam até sua alma.
Mas toda essa divindade estava desperdiçada em um ator prepotente e preconceituoso. Talvez Deus de asa para cobras afinal.
- Acredito que depois do showzinho de vocês lá dentro não tenhamos mais nada para conversar. Deixei claro meu ponto.
- Você tem que entender meu lado. Isso tudo foi um choque, se você fosse eu também cogitaria um golpe.
- Bom e você tem que entender meu lado. E eu nunca seria você, por que a "fama"- disse ela ironicamente- não me faria julgar pessoas que não conheço.
-Sophia- e talvez por ter descendência polonesa seu nome não soou estranho em seus lábios como acontecia com os americanos- Eu quero essa criança. Eu sei que estava descartando a amostra, ela era um projeto com a minha ex mulher. Eu quero ser o pai desse bebê. Agora eu entendo, talvez um pouco tarde, que a culpa não é sua, nem minha, mas essa criança está aí e tudo que eu mais quero é que ela nasça saudável e tenha uma infância normal sem ser afetada pela loucura de sua "concepção"
- Eu também.- Podiam ser efeitos da gravidez, mas Sophie não sentia vontade de continuar brigando, ela estava cansada, e realmente aquilo era tudo que ela queria para seu bebê.
- Ótimo. Tenho uma amiga médica de confiança.-disse ele me dando um cartão- Quando ligar é só falar seu nome que a secretaria já está ciente da urgência, marque uma consulta o quanto antes e me avise, meu número é esse em preto.Quero participar de todas as consultas.
Meio em choque em como aquele homem começou a agir como se nunca tivesse a ofendido e nem ao menos pediu desculpas, Sophie só acenou confirmando. Ela estava cansada e ele estava certo, havia uma criança a caminho, não era o momento de querer esganar o pai da dita cuja.
Com outro aceno um armistício foi instalado entre os dois opostos da história, e do mesmo modo que chegou Paul foi embora deixando Sophie sozinha no Jardim de frente da casa de um desconhecido.

Como leu o contrato mais de 3 vezes sabia que podia contar para seus familiares que Paul era o cara do semên. Como estavam quase todos mortos ela achou justo transferir a responsabilidade para Jane. Além, precisava de alguém para desabafar e tentar acreditar em toda a loucura que estava acontecendo em sua vida.

-No fucking way Sophie.- Jane repetiu umas 10 vezes provavelmente tentando acreditar no que a melhor amiga acabara de contar.- Tá pelo menos sabemos que essa criança será tipo uma Semi-deusa do chalé de Afrodite né.- disse ela fazendo como sempre uma referência absurda a sua saga preferida.
Jane e Sophie em parte deram certo por isso. Ambas eram "nerds" na adolescência e devoraram todas as suas de livros possíveis. Uma amizade verdadeira baseada em horas de discussões sobre livros era inevitável.
-Imagina uma bebê, da sua cara, com a sua cor com aqueles olhos. Ou um menininho com aquele maxilar quadrado e toda sua ginga brasileira!!!

Por mais que não tivesse qualquer ginga brasileira ,Sophie não pode deixar de gargalhar com os devaneios da amiga. Ao contrário dela, quando Sophia obrigou-a  a assistir Dark Love, Jane ódio com todas as suas forças a série, tinha que admitir que o elenco era de tirar o fôlego, mas não teve o mesmo encanto que ela.

Depois de virarem a noite conversando sobre a novela que tinha virado a vida de Sophie, mais um dia começava e com ela sua rotina louca. Café no ônibus, 8 horas cuidando de suas lindas pestinhas do primário e mais 8 horas enfrentando tarados que a secavam durante seu turno do Grill.
Sophie não se achava a mulher mais linda do mundo. Sua mãe sempre disse que sim, mas ela odiava sua altura, tamanho de suas mãos, seus pés, seus peitos pequenos. Sempre admirou aquelas musas loiras dos olhos claros que a intimidavam. Mas os americanos pareciam ser obcecados pela garçonete morena com a "bunda brasileira" e a assediavam constantemente. Sophie sempre respirava fundo para não chutar as bolas desses vagabundos pois precisava do emprego. Mas isso era só a vida sendo injusta com as mulheres como sempre.
Assim que todas as crianças foram tirar seu cochilo pos almoço, Sophie telefonou para a tal médica de Paul e conseguiu um horário para ali 2 dias. Mandou uma mensagem para Paul avisando-o do horário-tinha salvado seu contato convenientemente como "Babaca" para preservar sua identidade ,claro.
Sophie se sentia incomodada de ter q encontrá-lo todo mês para as consultas, mas sabia que esse era um direito dele e continuaria respeitando o armistício por seu filho. Ela estava aflita por essa consulta também, como uma boa aspirante a medicina, sempre pesquisou tudo sobre o assunto, e era encantada por G.O, então tinha milhões de dúvidas sobre a gestação. Sabia que 2 tiras no palitinho não necessariamente significava que o embrião estava bem e se formando em seu útero. Também se preocupava com todos seus problemas de infância e decorrentes do incêndio. Ela não sabia se ter um pulmão pela metade afetaria a saúde do bebê ou se poderia ter assim como sua mae e madrinha pré- eclâmpsia. Assim, foi bom que Paul tivesse toda essa influência e tivessem conseguido uma consulta tão rápido.Afinal ter alguém me para compartilhar os desafios da gravidez não seria de todo ruim, mesmo que esse alguém fosse um filho da mae arrogante.

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