Hold on

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  Os próximos meses pareceram uma eternidade, na finalmente os 3 primeiros meses de maior risco tinham acabado sem nenhum grande susto. Mas a doutora Maggie ainda pedia total  atenção e insistia toda consulta que Sophie diminuísse sua carga de trabalho. Mas ela não podia, mas havia trocado o nome de fundo da faculdade para fundo da bebê. Secretamente ela sentia que seria uma menina, não por algum motivo especial, mas por que sempre soube no seu íntimo que seu primeiro filho seria uma menina. Durante a noite Sophie colocava suas músicas preferidas e fica conversando com a minúscula bolinha em sua barriga. Ela na verdade tinha emagrecido de tanto vomitar, mas estava tudo bem com ela e com o bebê.
Sua relação com Paul evoluiu do jeito que queria, sempre limitada a conversas sobre o bebê. Ele ainda comprava os remédios e dava carona para as consultas, mas era o máximo que ela aceitasse que ele fizesse. O contrato que garantia a guarda compartilhada da criança havia saindo assinado. Jane como sempre foi um anjo pra Sophie e a ajudou em tudo nesses meses. Sempre que chegava exausta tinha uma jantinha caseira e saudável a esperando. E sempre que corria para o banheiro para vomitar, Jane em pouco segundo estava lá segurando seu cabelo. Ela se sentia uma boba por algum dia ter cogitado que estaria sozinha. Até mesmo Afonso tinha se encantado com a ideia de um bebê a caminho. Foi dele o primeiro presente para o bebê, um body rn escrito: "I love my uncle Fonfom".
As coisas estavam melhores do que Sophie já mais ousou esperar.

Até que um dia, quando Jane estava para a Austrália visitando sua família por uma semana e Afonso tinha ido para Disney com seu namorado, Sophie não acordou muito bem, uma dorzinha irritante no pé da barriga a incomodou o dia inteiro. Consegui comer apenas uma maçã e salada no almoço. Mas como já estava faltando todo mês para as consultas e exames, ela foi trabalhar normalmente. Quando chegou em casa, a 1 da manhã depois de Tobias ter pedido para ela fechar o Grill como retribuição as faltas, Sophie percebeu que algo estava errado. Sua respiração estava entrecortada, e qualquer coisa a cansava absurdamente, até mesmo levantar da cadeira. Foi quando ela sentiu algo escorrendo por suas pernas. Quando levou a mão da perna aos olhos seu maior medo se concretizou, ela estava sangrando. Sem conseguir controlar o pânico e estando sozinha, com muita dificuldade ela pegou o telefone e ligou para Paul.
Ele atendeu no 5º toque.
-Sophie? Que horas são? Você está bem?
-Paul, Eu estou sangrando. Disse ela com um sopro. Estou sozinha, não consigo me mexer. As lágrimas escorriam e ela começou a soluçar.
-Sophie, calma, estou indo, se concentra na minha voz tudo bem, tenta respirar devagar, não tente se mexer nem falar, estou indo.

Ele continuou com ela ao telefone até chegar ao seu apartamento. Como a porta estava trancada, Paul usou um martelo do zelador para arrombar a porta.
Sophie estava pálida, sua respiração era um fio, suas mãos ainda com o sangue que escorria. Paul a pegou no colo, quando ela percebeu já estavam em seu carro. Ele a olhava de 5 em 5 segundos enquanto dirigia muito mais rápido que o permitido pelas ruas de madrugada. Seu olhar tinha tanto medo e desespero que Sophie sentiu que precisava consola-lo. Com muito esforço colocou a mão em sua perna e com um sopro disse:
- Tá tudo bem Paul, eu consigo sentir, ele ainda está aqui.
-Shhh... não se esforce. E pegando a mão dela como se segurasse o mundo ele disse. Eu sei que está tudo bem. É nosso filho lembra? É mais forte que a maioria. E abriu o sorriso mais lindo que ela já havia visto. Retribuindo-o, as pálpebras de Sophie se fecharam contra sua vontade, e o mundo a sua volta se calou.

O tão familiar cheiro de hospital invadiu as narinas de Sophie. Abrindo os olhos com certa dificuldade, lutando contra a claridade, ela viu Paul, dormindo em uma cadeira ao lado de sua maca. Sua mão ainda segurava a dela.
Ela não queria acorda-lo, mas Maggie entrou no quarto.
-Veja quem acordou! Como você está Sophie?
-Estou bem. E... e o bebê?
-Está tudo bem Sophie, mas precisamos ter uma conversa séria. Você tem que diminuir seu ritmo. Esse episódio foi seu corpo dizendo que não aguenta mais.
-Mas eu não posso parar...
- For God sake Sophie. Pare de ser orgulhosa isso tem a ver com a saúde desse bebê e não com você. Gritou Paul
O silêncio pairou no ar, e assim continuou até que Sophie recebesse alta, foi quando Paul falou.
-Não acho uma boa ideia você ficar sozinha, até que sua amiga volte ficaria mais tranquilo se você ficasse comigo.
-Tudo bem.
Paul a olhou espantado como se esperasse ter que brigar, mas Sophie estava exausta e não precisava de outra briga.
-Preciso pegar minhas coisas em casa, não vai demorar.
-Claro.
E foi assim que Sophie, pegou algumas trocas de roupa, seus remédios , itens de higiene e seus documentos, e foi pela primeira vez para a casa de Paul.

Era uma casa relativamente modesta, 1 quarto, escritório, sala e cozinha num lindo estilo que mesclava itens modernos com bucólicos, além de um lindo jardim com as mais diversas ervas e flores. Ela com certeza não imaginava que ele fosse um "pai de plantas". Paul explicou que a casa era pequena por que quando as gravações começavam mal parava em casa e quando estava na cidade, passava muito tempo na casa de seus pais, algumas ruas pra baixo. Lá inclusive ficava seu cachorro, ele acrescentou, iria buscar Muffin na manhã seguinte para lhe fazer companhia. Sophie decidiu que o melhor seria pedir demissão no Grill, e usar suas férias na escola. Desse modo teria uma rotina bem mais tranquila trabalhando só na escola e teria um mês de repouso total.
Como só havia um quarto, Paul insistiu que dormiria na sala até que arrumasse um colchão extra para acomoda-la no escritório. Seriam só 4 dias, mas não dava pra negar o clima estranho que havia se formado.
Na hora do jantar, Paul foi o primeiro a falar:
-Me desculpe pela forma como falei com você, eu fiquei fora de mim, quando... quando eu cheguei no seu apartamento você mal respirava, e depois quando pagou no carro... me desculpe.
-Está tudo bem Paul, eu estava sendo teimosa, só que sempre odiei depender de alguém, e eu sei q isso é passado, mas não quero que nunca mais eu passe a impressão de que estou abusando do seu dinheiro, pra você, pra sua família, pros outros...
-Você nunca passou esse impressão Sophie, eu fui um isópata que foi levado por um advogado fajuto. Torey tinha se aproveitado tanto de mim durante o divórcio que eu passei a desconfiar de todos. Se te deixa mais tranquila, minha família quer muito te conhecer, minhas irmãs só falam disso, me pediram para te convidar pra festa de Ação de graças, se você não tiver nenhum compromisso claro.
-Humm... claro.
-Se você não quiser, não tem problema.
-Não eu sou fico um pouco intimidada, mas com certeza quero conhecê-los também. Sabe, tudo que eu quero é que esse bebê possa ter uma infância como a minha, inesquecível. Disse Sophie, acariciando a barriga com um sorriso genuíno.
-É tudo que eu mais desejo. Retribuiu Paul sorrindo e segurando sua mão.

Sophie insistiu que dormiria na sala, mas Paul não permitiu. Assim, Sophie adormeceu na casa de Paul Hanley, seu amor platônico da adolescência, e agora o pai do bebê que crescia em seu ventre.

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⏰ Última atualização: Jul 20, 2020 ⏰

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