Na noite anterior a consulta Sophie recebeu uma mensagem de Paul:
~Babaca: Passo na sua casa para te levar à consulta. A clínica me passou seu endereço. Não tem por que você recusar, só se mostrará infantil.
A primeira coisa que veio à cabeça de Sophie é que ela realmente precisava processar aquela clínica, e depois um ódio enorme a impediu de responder a mensagem. Como aquele idiota tinha a coragem de chamá-la de infantil e decidir o que acontece na sua vida!!! Amanhã colocaria aquele petulante no seu lugar. Ele ser rico ou famoso não o daria direito a despejar ordens sobre ela. A criança era dos dois, ela não era uma barriga de aluguel comandada por ele. Na manhã seguinte o senhor Hanley enfrentaria sua fúria.Sophie acordou no outro dia e já nem se lembra da raiva que sentia por Paul, só conseguia pensar que finalmente saberia se estava tudo certo com a saúde do bebê. Quando ligou avisando que da faltaria da escola, a diretora como sempre foi uma fofa compreensiva, além do que Sophie nunca faltava.
As 9 em pronto uma SUV preta linda estacionou na frente de sei prédio. Talvez por assistir filmes demais Sophie assumiu que Paul teria um chofer ou algo parecido. Não podia estar mais errada. Lá estava ele com uma calça jeans e uma camiseta colada ao corpo esperando- impacientemente- que ela parasse de analisá-lo.
-Bom dia.
-Bom dia.
O silêncio constrangedor que já era esperado se instalou de primeira. E pra continuar contrariando as expectativas holliwodianas de Sophie, Paul foi o primeiro a tentar quebrá-lo.
- Amm... então, a quanto tempo está aqui nos EUA
- 8 anos.
-Veio com a família?
- Minha família está morta.- Sophia tinha formado um armistício mas isso não significava que ela tinha que ser simpática com aquele babaca arrogante.
-Eu...Eu sinto muito.- disse ele com uma expressão de choque e o que Sophie mais odiava, pena.
- Não preciso que sinta pena de mim.
- Não é pena ,é empatia. Se você não quer que nós conheçamos o mínimos avise que eu paro de tentar.
Suas bochechas queimaram. Ele a acusou de armar um complô para extorqui-lo e agora a fazia se sentir uma escrota por tratá-lo com a mesma arrogância que era direcionada a ela. Mas se teve uma coisa que Sophie levava de seu pai era superar o rancor e ser gentil, então ela deu o braço a torcer.
-Eu não quis ser grossa. Me desculpe. Hum...E a sua família?
-Meus pais nasceram na Polônia, vieram pra cá quando crianças. Eu sou daqui de Washinton mesmo,born and raised, tenho 2 irmãs ,a mais velha tem 3 filhos. Moram todos juntos.
-Até você?
-Não, eu me mudei quando comecei a atuar, depois com a minha ex mulher, e agora voltei para perto deles, mas ainda gosto de ter minha privacidade. Conviver com 3 crianças mais agitadas que um border collie é desafiador.Sophie não queria, mas riu da forma como Paul parecia preferir morar em uma casa com 100 cachorros. Era estranho ver aquele homem ,que ela sempre assistia na TV ,agir como um cara normal e não como um vampiro gostosão. Mais uma vez ela estava enganada, ele podia ser um arrogante nos atos mas tinha uma vida comum como qualquer americano que conheceu. Ouvi-lo falar de sua família acendeu uma chama no coração de Sophie, seu filho teria uma família grande amorosa com muitos primos. As coisas não aconteceram do jeito que ela queria, Paul não era o amor de sua vida não compartilharia com ele seus medos e angústias, mas ele poderia ser um bom pai para esse bebê. E considerando sua situação, seria bom que algum dos lados paternais possuísse bases sólidas.
A conversa seguiu esse rumo supérfluo e leve até chegarem ao consultório. As mãos de Sophie suavam e suas pernas pareciam gelatina. Ela rezava para que estivesse tudo bem com seu bebê. A estranheza da circunstâncias não a impediu de se conectar com o bebê. Sempre falou que a razão de sua vida era ser mãe, e não seria uma história bizarra como a que estava vivendo que a impediria de viver o momento que sempre sonhou com a maior intensidade possível.
A sala de espera foi regida por mais silêncio, mas dessa vez não necessariamente constrangedor. Paul parecia tenso também, mas Sophie estava tão perdida em seus pensamentos memorizando todas as perguntas que desejava fazer que nem se lembrou daquele homem sentado ao seu lado a observando.
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Breath again
RomanceSophia é uma brasileira que se mudou para os Estados Unidos com 16 anos depois da trágica morte de sua familia em um incêndio. Tentando superar a dor da perda ela deixa pra traz seus avós paternos, seus amigos de infância e seu sonho de ser médica...