[2]. hope

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Era uma noite de terça-feira animada, mesmo que o clima estivesse tão frio quanto o humor da minha irmã mais nova, que chorava à cada três minutos. Eliot jurava que era apenas uma birra infantil, sendo apenas alguns anos mais velho que o bebê em questão.
Tínhamos permissão para jogar Uno na cozinha enquanto os adultos bebiam e assistiam TV na sala.
Daisy chorava pela décima quinta vez nos braços de Thomas, o segundo mais velho depois de mim, enquanto ele tentava jogar um bloqueio amarelo sobre as cartas.

ㅡ Eu não aguento mais... ㅡ Grunhiu e balançou ainda mais o corpo da irmã, que em resposta chorou mais alto ㅡ Eu vou jogar essa criança pela janela!

Eliot concordou enquanto procurava uma carta amarela entre as que tinha, eu ergui as sobrancelhas quando enfim notei que Thomas havia me bloqueado.

ㅡ Isso é para que pense bem antes de passar dos limites com uma garota. ㅡ  Alguém gritou da sala e algumas risadas foram entoadas junto com o barulho contínuo da televisão em volume máximo. Pelo barulho, deveriam estar vendo um jogo de futebol.

Aquela era host family mais absurdamente ativa que eu poderia ter tido a sorte de ganhar.
Mas não conseguia me imaginar morando com mais ninguém da Austrália. Eles me tratavam realmente como parte da família.

ㅡ Uno! ㅡ Thomas gritou, comemorando com Daisy ainda aos prantos quando jogou a penúltima carta sobre o montinho.

Era a minha vez, tinha um bloqueio azul e um +4, não poderia bloquear Eliot, Thomas teria mais chances de ganhar, e o +4 era a chance de fazê-lo não conseguir.

ㅡ Você tem algum inverter ai? ㅡ Murmurei olhando de relance o jogo do garotinho quase ruivo ao meu lado, ele assentiu. ㅡ Que cor?

ㅡ Verde.

ㅡ Vocês estão jogando contra mim? É isso?! Dois contra um não vale! ㅡ O mais alto entre nós quatro quase derrubou a criança que tinha nos braços tentando esconder a carta que sobrou em sua mão.

Peguei algumas cartas até chegar a um inverter da cor correta, Eliot aplaudiu alegremente.
Joguei sobre o montinho e lancei um olhar perverso em direção ao Thomas irritado.

ㅡ Você disse Uno, Thomas? Sua vez, Lio.

Eliot jogou um +4 pra mim.

ㅡ Uno. ㅡ O garotinho sorriu, satisfeito. Mas o sorriso sumiu quando viu que Thomas havia jogado a última carta e estava levantando para comemorar.

ㅡ Estou decepcionado com você,Eliot. ㅡ Joguei as cartas na mesa e bufei, odiava perder.

ㅡ Eu não sabia qual era seu plano!

O vencedor dançava alegremente ao redor da mesa, Daisy parara de chorar e apenas olhava confusa para o irmão.

Eu não ia perder cinco dólares.

ㅡ Tudo ou nada, Thomas? ㅡ Peguei as cartas da mesa para embaralhar, Eliot se animou e começou a tagarelar sobre sua futura vitória.
O mais alto ali continuava nos ignorando, comemorando incansavelmente.

ㅡ Changbin? Tem visita pra você. ㅡ A voz da minha mãe surgiu tão repentina quanto o choro de Daisy ao vê-la. Assenti, meio confuso, levantando de onde estava enquanto Eliot pegava as cartas para continuar embaralhando.

Eu nunca recebia visitas além de Heather, e era terça-feira à noite, ela estaria mais ocupada que nunca na companhia de Freddie Linds, o bonitão do time da escola.
Atravessei a sala e olhei ao redor, ninguém além da minha velha famíla barulhenta.
Abri a porta da frente e lá estava Felix sentado na escadinha da varanda. Ele se levantou quando notou que  alguém havia saído, e sorriu ao ver que era eu.

i wish i were heather.Onde histórias criam vida. Descubra agora