i wish i were heather.

[16]. in love

Seo Changbin

Jogar vôlei enquanto meu cérebro processava as últimas informações não foi uma boa ideia.
Eu precisava ao menos fingir que estava participando e interagindo com os outros jogadores, mas vi Christopher na arquibancada que outrora estava vazia e tudo o que queria era sair da quadra e ir até lá.
Precisava contar tudo que Heather disse e pedir sua opinião a cerca da minha decisão de alertar Felix.
Já havia decidido falar a verdade, nenhuma manipulação me faria desistir.

Chris acenou ao flagrar meu olhar, acenei de volta e gesticulei que havia algo importante para falar. Ele imediatamente animou-se mas antes que eu pudesse enfatizar que era algo sério, o treinador acenou.

ㅡ Changbin! Mexa-se! Você é o líbero!

Fiz careta enquanto voltava a focar na quadra, meu time estava perdendo e era formado por nerds sem coordenação motora, minhas esperanças estavam nulas conforme a diferença nos pontos aumentava. Eu também era péssimo e sabia disso, por isso não me atrevia a tentar impedir que a bola acertasse o chão, mesmo que gritassem comigo por minha função ser exatamente essa.

ㅡ Eu quero que todos tenham pelo menos tocado nessa bola no final da aula. ㅡ O treinador gritava de minuto em minuto. ㅡ Quero ver o empenho que vocês têm nas aulas teóricas aqui também! Changbin, não fuja da bola!

Pelo costume, curvei-me algumas vezes ao pedir desculpas e alguns alunos riram.
Se eu fizesse ao menos um ponto poderia me livrar de estar em quadra na próxima aula, odiava tanta movimentação.
Decidi que faria algo e coloquei minha atenção na bola, iria impedir que ela acertasse o chão e em seguida fingiria que machuquei o tornozelo recém curado. Uma ideia perfeita.

ㅡ Os alunos do terceiro ano vão usar a quadra daqui a pouco, apressem o ritmo!

Imediatamente olhei ao redor e quando meus olhos encontraram Lee Felix caminhando entre os jogadores de basquete da escola, qualquer objetivo que eu tenha colocado em mente foi apagado em segundos.
Quando o vi ali, descontraído, rindo de algo que um dos amigos disse, com a camisa do uniforme de educação física parcialmente levantada enquanto a usava para limpar o rosto, esqueci até mesmo de respirar.

Ele me viu e acenou mas eu não consegui esboçar nenhuma outra reação além de sorrir forçadamente e fingir que estava mais interessado no teto da quadra.

Estava suado, com certeza haviam ido correr ao redor da escola como aquecimento. Eu já havia o visto daquele jeito outras vezes mas nunca fiquei tão afetado.
Alimentando meus pensamentos fanáticos, Felix agarrou uma garrafinha de água jogada por um dos rapazes com uma mão, tirou a camisa com a outra e jogou o líquido na cabeça.
Foi nesse momento que eu desliquei, se me perguntassem a cor da água que ele se molhou eu não saberia responder.

ㅡ Changbin, a bola!

Não tive tempo de reagir ao chamado e só percebi o que havia acontecido quando realmente estava encarando o teto. Um teto turvo e borrado com vários círculos escuros. Minha cabeça latejou e quase entrei em pânico achando que tinha levado um tiro, mas o rosto do responsável surgiu no meu campo de visão.

ㅡ Desculpa, Changbin. ㅡ Era do time adversário. Logo os outros também surgiram e vi cada um deles me olhar de cima como se conferissem se eu estava morto ou não.

ㅡ Tudo bem. ㅡ Murmurei, mas meu corpo não concordou com isso e continuou imóvel no chão, passei a mão na testa sentindo a região arder como um inferno e quase ri pela situação.

O treinador também me olhou de cima, fez careta e apitou sinalizando o fim do jogo.
Era a segunda bolada que eu recebia no mês, a primeira foi mais leve, só fiquei sem ar durante alguns segundos por ter sido no estômago.
Dessa vez, minha cabeça doía pra caramba e eu ainda achava que aquilo havia sido um tiro.