Capítulo 1

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Toda a história de ter Lola na equipe era como um pesadelo sem fim para Melinda. Talvez Coulson não compartilhasse desse sentimento, mas ele tem suas razões. Ela, no entanto, não tem um mínimo motivo para não abominar completamente a ideia de ter que ver aquela mulher todos os dias. E embora preferisse fingir que isso não irá acontecer, precisa lidar com a realidade, mesmo que a odeie, e comunicar a treinadora dos inumanos, assim como lhe foi ordenado. Daisy estava no quarto, com seu laptop, quando May entrou sem nenhum aviso prévio. A jovem ficou encarando-a com uma expressão assustada e curiosa, e ficou esperando que a invasora dissesse-lhe algo, o que demorou certo tempo.

— Vamos ter uma pessoa nova na equipe — disse, repentinamente. — Vai precisar de treinamento e disciplina.

— Pode me passar o nome dele? — perguntou a moça que estava confortavelmente sentada na cama, pronta para digitar.

— Lola Daniels — sussurra. Daisy encara Melinda com os olhos arregalados e a boca aberta, sem esconder a surpresa.

— Lola? Aquela Lola? A Lola Lola? A Lola do...

— Sim, Daisy. A Lola do carro — a asiática mais velha está irritada e é incapaz de disfarçar.

Ao refletir sobre seu pequeno diálogo com Coulson na garagem, agente Johnson começou a se perguntar se havia alguma relação entre o mau humor repentino de May e o estado espiritual estranho dele naquela manhã com a chegada da novata. O lado questionador e conspirador de Daisy começava a tentar tomar espaço e a vontade de encher-la de perguntas só aumentava. No entanto, ainda restava algum tipo de receio quanto a tentar estabelecer uma relação íntima com a May, afinal, é da cavalaria que estamos falando.

— Quer dizer alguma coisa? — pergunta May.

— Ah, bom... Essa mulher é inumana, certo?

— Certo — concorda.

— Então, o treinamento ficará por minha conta, a maior parte? — Johnson não tem certeza se sua mentora consegue entender o que ela está tentando fazer, mas prossegue.

— Sim.

— Devo pegar pesado?

— O máximo que puder.

No índice, há uma pré-ficha de Lola, vaga e praticamente inútil. Ao observar bem as quinhentas e poucas palavras que surgiram na tela do aparelho, Daisy não começou a entender melhor o que havia de tão errado com a tal — além da suspeita de ter havido um relacionamento entre Phil e ela. Ergueu seu olhar por um segundo e se surpreendeu ao ver que Melinda permanecera. Ela abaixa a tela do laptop e cruza as pernas sobre a cama.

— Você quer me falar alguma coisa, May?

— O Coulson não conversou com você?

— Não. Ele deveria?

— Na verdade, não.

— Quer me dar uma breve ideia da pessoa com quem vou ter que trabalhar? Sabe, porque eu investigo os inumanos antes e não tem nada da Lola aqui. Só por isso.

— Sei — a voz dela denuncia sua incredulidade quanto a motivação de Daisy. — Só vou te dizer que a conheço há muito tempo.

— Deve ter muita história ruim pra contar.

— Infelizmente sim. Agora, se me der licença...

— Vou fazer chá Nighty-Night. Quer que eu faça pra você também? — oferece Daisy, com um sorriso gentil e compreensivo.

— Claro. Apareço mais tarde pra beber com você.

×××

Melinda nunca teve problemas para conseguir dormir. Na verdade, sempre foi muito fácil para ela, fechar os olhos e entrar em sono profundo. Afinal, acorda todos os dias de madrugada para treinar. Mas, naquele dia em específico, ela teve bastante problemas com isso. Só conseguia ficar pensando em sua história com Lola Daniels e na dor de cabeça que a presença dela na base, iria lhe causar.

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