Coroa de Espinhos | Yoonmin

Shadow

Nota da autora: oi para mais um capítulo cheio de discórdia porque yoonmin inimigos é a única coisa que existe no meu vocabulário :)

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Morana era uma fraude.

Min Yoongi tinha aprendido isso ainda cedo. Ouviu histórias e mais histórias de como a linhagem familiar dos Park havia usurpado o trono real dos seus ancestrais, exilado o seu povo para terras desconhecidas e o oprimido durante dezenas de anos.

Hoje, Aldaria era um reino pequeno, nascido do esforço dos tataravôs dos seus avôs, enquanto Morana prosseguiu crescendo exponencialmente, abrangendo-se para todos os lados, continuando a tomar terras e tornando todas as nações do Sul suas vassalas. Cada Park que colocava a coroa na cabeça se tornava um regente pior que o anterior, continuava seguindo os mesmos passos ditatoriais de seus antecessores.

Yoongi os conhecia. Tinha os estudado, cada um deles. Foi obrigado, desde que aprendeu a formar e entender palavras, a estudar o passado e presente dos seus vizinhos, conhecer suas motivações, suas ambições e o rosto dos seus monarcas. Seus pais e tutores costumavam dizer que nenhum deles era bom, nenhum Park era digno de confiança.

Por isso, para o Min Yoongi de dez anos, escondido atrás da sua mãe e curioso sobre a visita indesejada em seu reino, foi uma tremenda surpresa quando se deparou com Park Jimin. À primeira vista, não gostou da família real moraniana: o rei tinha um sorriso vazio no rosto e o olhar era maldoso, a rainha não tinha uma expressão gentil e carismática como a da sua mãe, e o filho mais velho era arrogante, intimidador. No entanto, o garotinho menor, com os cachinhos loiros e olhar baixo, parecia muito com o próprio Yoongi.

Ele estava escondido na sombra dos pais e sequer abriu a boca para falar algo quando o cumprimentaram, limitando-se a retribuir as falas com acenos tímidos da cabeça. Seus olhos detiveram-se no Min, entretanto. Por ser muito observador — característica da qual se orgulhava bastante —, o mais velho não demorou a sentir o olhar pairando sobre si, ansioso e hesitante. O pequeno não falou consigo até mesmo quando seu irmão se aproximou. Quando esse anunciou que iria passear pelo reino, Jimin recusou ir junto e disse que preferia brincar pelo castelo. Ninguém pareceu se importar, o que também incomodou Yoongi. Todos os Park eram dignos de desconfiança, não é? Foi o que tinha aprendido. Então por que ninguém estava dando atenção ao principezinho perambulando sozinho pelo seu castelo?

Como não demonstraram incômodo com o visitante, Yoongi resolveu ele mesmo seguir o príncipe mais novo aquela tarde e, quando o encontrou tão entretido nas margens do pequeno lago que existia no jardim real, surpreendeu-se com seu jeito tão delicado e inocente. Ele não parecia ser uma pessoa ruim, mas ainda não podia confiar completamente — aparências enganam, não é mesmo?

Aproximou-se do mais novo e perguntou se podia brincar com ele como uma tática para analisá-lo, descobrir se tinha algum plano secreto. No entanto, enquanto a tarde passava, Yoongi se viu cada vez mais envolvido na presença amigável do pequeno príncipe, na forma como ele sorria tão genuinamente feliz quando o mais velho conseguia fazer bonequinhos de lama iguais aos seus, como seus olhinhos brilhavam e sua voz animada coloria aquele jardim sempre silencioso e solitário.

Talvez nem todos os Park fossem pessoas malvadas, talvez um deles pudesse ser seu amigo. Para um filho único, príncipe de um reino tão afastado politicamente dos outros, esse era um conceito com o qual Min Yoongi não estava acostumado, mas, quando abriu os olhos no cativeiro e encontrou Park Jimin chorando assustado por sua causa, ele deduziu que amizade fosse aquilo: passar a tarde brincando nas margens de um lago sem se importar com os arredores, se sentir bem na presença um do outro, chorar quando o outro está machucado e cuidar, proteger.