FEAR - Harringrove.

𝐅𝐄𝐀𝐑 - 𝟎𝟐.

Quando Billy encontra Steve ele acha que o rapaz está prestes a pular em seu pescoço, mas não acontece, seus olhar raivoso é mantido de longe, nada mais que os dois em meio a tantos alunos encarando um ao outro como se estivessem prestes a começar uma carnificina. Billy sabe que mais uma semana se foi, e que Nancy Wheeler tem uma língua maior do que aparenta ter escondida dentro da boca pequena, pois ele imagina perfeitamente a garota brigando com Steve por causa das coisas que ele disse e o mesmo irritado com ele, como quando ele lhe empurrava nos treinos. Billy começou a ficar um pouco foda-se para os treinos também.

E ali estão os dois.

Steve o odeia. Billy consegue sentir de longe os olhos queimando suas costas quando está no estacionamento e no corredor ele acha que se Steve tivesse laser nos olhos ele já estaria morto há muito tempo.

Na segunda vez em que Billy o vê ele está agachado, mãos nos joelhos e o rosto baixo, não parecia estar se escondendo ou algo assim, parecia mais sério. Com o término das aulas e o início de mais um fim de semana, todos os alunos não mediram esforços para escaparem dali às pressas, deixando-os praticamente sozinhos naquela área. Para a infelicidade de Tommy, Billy já estava tomando raiva da cara dele, como quando um garoto disse que sua prancha era mais bonita que a dele e ele teve que parti-la em pedaços, ali ele queria partir aquele rosto sardento em pedaços. Tommy passa, joga o braço em seus ombros e começa a tagarelar sobre o que eles podem fazer para passar o tempo, mas Billy mantém os olhos nas costas de Steve, depois viajam pela cabeleira castanha e procura seu rosto conforme se afasta, indo em direção ao carro.

Steve treme, ele assiste de longe. Suas mãos estão trêmulas, penduradas no ar. Onde Steve está é onde ele quer ir, mas não o faz.

Consequentemente, seus pensamentos são todos sobre Steve Harrington, mesmo depois de horas, já em casa e trancado em seu quarto. Assistir Steve de longe é transformar todo o seu esforço para salvá-lo na piscina em nada, ele parece ainda se destruir de alguma forma, mas Billy não quer pensar em drogas ou qualquer outra merda assim.

Ele não entra em um acordo com si mesmo sobre Steve, então ele faz o que acha que não deve fazer, vai até ele. Billy é uma bagunça de sentimentos, ele não quer voltar atrás depois de todas as brigas, todos os insultos e as horas que perdeu rindo de alguma informação vergonhosa que Tommy contou sobre Steve e quando ele pensa sobre, parece perda de tempo, uma coisa boba de garotinhos. Quem parece merecer tudo isso é ele e somente ele. Seus dedos doem com os socos no volante, medo percorre seu corpo. Eu não posso ser o culpado. Ó, ele pode muito bem ser o culpado, ele sabe. Depois de todas as merdas jogadas em Steve, é clichê ele sentir-se arrependido depois que o viu naquela situação e salvá-lo na piscina não resolve metade.

Hargrove descobre que a casa Harrington lhe trás uma sensação ruim, sempre fechada e quieta, como se não fosse abrigo de ninguém. Ele para o carro longe, não há problema em caminhar se Steve estiver ali. Suas botas batem no cascalho da frente, agora ele consegue ver melhor a entrada, a merda rica dos detalhes na madeira da porta e toda a construção em si. Opta por bater, uma, duas e três vezes, ele pensa que talvez Steve não esteja, mas ouve uma movimentação do lado de dentro, coisa pouca, mas ele encosta a orelha na madeira e espera, quieto. Até ter que puxar o corpo abruptamente para longe quando a porta é aberta.

E lá está Steve, balançando o mesmo maldito taco cheio de pregos em sua direção. Ele tem lembranças ruins sobre essa coisa, mas não se abala o suficiente, tudo o que ele consegue observar é o medo nos olhos alheios, a forma como sua caixa torácica sobe e desce incansavelmente. Ele parece estar em um dia fodidamente ruim, pior que pneus furados e notas baixas. Billy espera, suspende ambas as mãos e tenta mostrar que é só ele e que ele não quer brigar, mas não tem certeza se Steve está tentando se proteger dele. O rapaz agarra seu pulso e o puxa para dentro, os dois se esbarram no hall de entrada, ambos os corpos apertados, mas Steve parece não ligar, ele enfia o rosto no olho mágico e tenta encontrar algo.