XXXII - Algo que eu não sabia

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POV Noah Urrea

Eu não podia esperar o bebê nascer para ter essa conversa, mas também não queria que ela se sentisse mal por cobrar isso dela. Sina já estava indo para o seu sétimo mês e isso ia passar correndo, não dava para ficar adiando.

ela passou algum tempo em silêncio depois do que eu falei, e eu já estava ficando agoniado com aquele silêncio, mas eu entendia que era muito coisa para se digerir do nada.

- Olha Sina, eu não vou te julgar por qualquer que seja sua escolha, logo no inicio da gravidez você nem queria manter isso e sempre deixou bem claro que não queria nada com o bebê, mas ultimamente eu vejo o seu apego a ele, você até mesmo coloca ele no seu futuro. Eu sei que está tudo confuso para você agora, mas daqui a dois meses o bebê já vai nascer e eu preciso saber como as coisas vão ficar, ainda não comprei nada para ele ou ela, e no fundo eu sei que estava esperando você mudar de ideia, mas se não for o caso está tudo bem também, eu sempre estive disposto a criar esse bebê sozinho. - digo e suspiro.

Ela me olha e respira fundo antes de falar.

- Eu adorava crianças, ainda as adoro, mas elas são tão frágeis que passei a ter medo de feri-las e não saber lidar com elas, depois que derrubei a sofya quando ela era um bebê. Ela quase morreu. Me senti tão culpada por isso que nunca mais a segurei no colo. E mantive uma distância segura de todo as crianças possíveis. - eu não estava entendendo onde ela queria chegar, mas estava escutando. - Nunca quis ser mãe do mesmo jeito que você quer ser pai, mas pensava na possibilidade. Até que eu fiquei grávida de você. - mas que merda de história era essa?! Sina ficou grávida? Quando? - desculpa nunca ter te contado isso noah, eu fiquei tão assustada e a gente era tão novo, foi um descuido, eu não sabia como te contar, mas até já estava aceitando isso bem, eu estava me apegando ao bebê e me preparando para te contar, quando eu o perdi. Eu perdi nosso bebê, porque meu corpo não resistiu e eu nunca mais queria me sentir daquele jeito, nunca mais, foi a pior sensação do mundo. - seus olhos estavam cheios de lágrimas e algumas escorreram contra sua vontade, fazendo ela limpar o rosto o mais rápido possível.

Eu queria muito falar algo para conforta-lá, mas eu não fazia a menor ideia de que isso tinha acontecido, e descobrir depois de tanto tempo me fazia sentir um inútil, por nunca ter notado tudo que aconteceu e que a sina aguentou sozinha. Segurei suas mãos por cima da mesa e as apertei forte tentando conforta-lá minimamente.

- Sina... Eu não fazia a menor ideia, não acredito que passou por isso sozinha! Por você não me contou? Eu podia ter te ajudado, sei lá, teríamos passado por isso juntos! - eu me sentia estranho, não achei que a conversa fosse tomar esse rumo.

- eu não sei Noah, foi muito rápido, eu não tinha certeza do que faria ainda, eu só tinha 18 anos, tínhamos acabado de entrar na faculdade, não queria que isso fosse um empecilho em suas escolhas, mas eu ia te contar, só que depois que eu perdi, eu.... - suspirou. - eu não queria que ninguém sentisse o que eu senti, e ainda mais sendo algo sem causa, sofri um aborto espontâneo. Você sempre quis ser pai, ia ser estranho, eu não queria que a gente passasse por isso no nosso relacionamento, ia ser uma dor desnecessária para você, ter ido para faculdades diferentes já nos afetava o suficiente. Me desculpa! - ela disse e deu de ombros, e mais uma lágrima escorreu pelo seu rosto.

- meu Deus Sina, por que você tá pedindo desculpa?? Eu que tenho que me desculpar, eu nem consigo imaginar o que você sentiu com isso e ainda enfrentou tudo sozinha. Me desculpa! - falei me levantando e me ajoelhando ao seu lado, abraçando seu corpo da melhor forma que podia.

Ela soluçou assim que enfiou sua cabeça em meu pescoço. Eu já ouvi  Sina chorar várias vezes, mas esse choro era diferente, ela me abraçou com força como se quisesse me fazer entender a dor que ela sentia e isso me deixou ainda mais triste, Sina era muito mais forte do que aparentava, ela já tinha aguentado bastante coisa, e com mais esse acontecimento eu só tive a total certeza disso.

Afaguei seu cabelo e me afastei dela vagarosamente quando seu choro cessou. Seu rosto estava molhado pelas lágrimas e seu nariz e olhos levemente vermelhos. Passei minha mão tentando limpar seu rosto e quando o garçom chegou com nosso pedidos pedi uma água.

Prendi seu cabelo em um rabo de cavalo desajeitado para ela não se sentir tão sufocada e ela já estava bem mais calma.

- Muito obrigada Noah. - falou quando me sentei ao seu lado e começou a comer.

- Ta tudo bem Sina, não foi nada, eu te devo muito por tudo isso, sério, consigo te entender um pouco melhor agora. - disse e ela assentiu.

- Sabe, quando eu acordei naquele quarto sem entender o que estava acontecendo e ainda por cima grávida, eu surtei, eu estava completamente aterrorizada Noah, eu não fazia a menor ideia do que tinha acontecido e eu ainda acho que estou tendo um sonho muito louco na maioria do tempo, mas sei lá, agora que eu já estou aqui com o bebê e tá tudo indo bem eu só gosto da ideia mais do que deveria. - ela disse e continuou comendo.

- olha Sina, acho que suas experiências te fizeram temer muito tudo isso de gravidez, mas você já aguentou quase 7 meses, só faltam mais dois, você gosta do bebê, e só faz uma semana que você convive com ele desde que se lembra. Isso não vai ser tão ruim quanto você imagina, e eu estou aqui para te ajudar e te apoiar,não vai acontecer nada de ruim! - disse.

- mas eu ainda tenho medo sabe, e seu eu for uma mãe ruim?! Do mesmo jeito que eu deixei a sofya cair e podia ter matado ela, isso pode conhecer com nosso bebê ou algo pior. Eu caí no banheiro Noah, eu causei tudo isso aqui!

- Não Sina, a culpa não é sua, e quando você deixou a sofya cair você só tinha 8 anos, era só uma criança sina,você não teve culpa de nada. Você vai ser uma mãe incrível para o nosso bebê, ele precisa de você Sina! - essa era uma das coisas mais verdadeiras que eu já havia dito.

Sina podia não ter muito jeito com crianças, ou não ser a pessoa mais habilidosa do mundo,mas ela ia amar essa criança, amar muito mais do que eu poderia explicar, e o resto a gente dava um jeito.


O Amor

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