A latina se ajeitou no sofá pra se sentir mais confortável e ouvir a história.
Joalin estava bem apreensiva, nunca falara desse assunto em voz alta.
"Acho que eu passei toda minha vida estudantil apaixonada por Heyoon, ela era diferente das outras garotas, ela era uma garota tímida que ficava na dela, sempre a via no pátio, lendo algum livro ou simplesmente escutando música em seu MP3.
Mas hoje foi diferente, hoje eu tomei coragem de falar com ela, eu não deveria, já que sempre soube da imposição dos meus pais sobre relacionamento homossexual.
Mas eu deixei de falar com ela por isso? Não. Eu fui assim mesmo.Dois meses depois começamos a namorar, depois de algumas semanas ela me apresentou pra sua família. Mas eu não a apresentei pra minha, eu já havia conversado com ela, e explicado toda a situação pra ela. Na minha mente eu não precisaria apresentar ela, eu faria meus dezoito anos e sumiria da vida dos meus pais, sem ter que dar satisfação da minha vida para eles. Mas é tudo deferente colocado em prática, ter dezoito anos, não significa muita coisa, apenas algumas responsabilidades.
Bom completei dois anos de namoro com Heyoon e a levei na minha casa, não como namorada, apenas como uma amiga íntima. Lembro exatamente de como aconteceu aquele dia. Primeiro erro da noite.
Estávamos todos sentados a mesa, papai mamãe, meus irmãos e Heyoon.
- Minha filha você deveria começar a tocar sua vida não é?. - disse meu pai com o tom bruto, como sempre.
- Papi, eu já estou na faculdade de direito como o senhor quis, estou fazendo três cursos de três línguas diferentes, o que mais o senhor quer ? - perguntei realmente não sabendo o que ele queria de mim. Segundo erro da noite.
- Quero que você arranje logo um noivo, e constitua sua família. Você nunca nem se mostrou interessada nisso, nunca apresentou nenhum garoto para nós. - eu estava me sentindo incomodada, mas não transparecia, olhei de relance para Heyoon e vi que sua expressão não era a das melhores.
- E você Heyoon, já namora? - perguntou meu pai se direcionando a minha namorada. Que irônico.
- Namoro sim - ela disse com a voz baixa.
- Viu Heyoon, até sua amiga namora e você não, mas eu conheço o garoto? - novamente meu pai se dirigiu a minha namorada.
- É garota senhor Joseph, e talvez o senhor conheça sim.
Merda.
Meu pai deixou o talher cair na hora.
- Como assim garota, você por algum acaso é lésbica Heyoon.? - meu pai já estava alterado, e eu me sentia uma retardada por não conseguir proferir nenhuma palavra.
- Não sei se essa seria a palavra pra me definir já que eu já namorei com garotos também, mas pode ser.
- Você sabia disso Joalin, como uma garota consegue namorar com outra já tendo provado o amor de um homem.
Eu juro que tentei falar, eu queria defender Heyoon, mas não pude.
- Desculpa Joseph, mas eu não vi nada de mais em um homem, não quanto uma mulher pode fazer. - Heyoon me olhou como se perguntasse se eu ficaria calada. Eu nada fiz.
- Joalin, não sei se seria conveniente você continuar uma amizade com alguém assim.
Eu também sou assim pai, pensei.
- Pai...
- Joseph, não acho que você deveria dizer com quem Joalin deve ou não andar, ela já é grandinha o bastante...
- Joalin você vai deixar sua amiga falar assim, vamos, diga a ela pra ir embora.
- É Joalin, olha pra mim e diz, diz que é pra mim sair, finja que não é assim também - Heyoon proferiu.
- Como é que é, vai deixar ela falar essas coisas contigo, e vai ficar calada. Joalin você é como ela? - apontou pra Heyoon.
Heyoon olhou pra mim, eu olhei pra ela, pra minha mãe, pros meus irmãos que fizeram os egípcios. Essa era minha família, eu não podia a destruir. Seria melhor magoar uma pessoa do que quatro. Terceiro erro da noite.
- Não pai, eu não sou assim. - disse já derramando algumas lágrimas. Sabia que Heyoon tinha se decepcionado com minhas palavras.
- Como você ver senhorita Heyoon, minha filha não é como você, faça o favor de se retirar da minha casa, e não volte por favor.
Heyoon se levantou, e se retirou sem dizer nada. Eu corri atrás dela, meu pai até tentou me impedir, mas eu fui.
- Yoon! Olha pra mim por favor.! - pedi quando ela abriu a porta.
- Não Joalin, eu estive do teu lado por tanto tempo, sempre aguentei ser chamada de apenas sua amiga, mas hoje, hoje você deveria mostrar esse amor que você diz sentir, eu não estou com raiva, é mais decepção sabe, você sempre me disse que era fraca, só não sabia que era tanto. Eu não ligo pras palavras do seu pai, é isso que eu sou na verdade, eu só queria que você estivesse do meu lado hoje, e não negasse o que você é. Você tá se destruindo Joalin, não dá pra ir pro fundo do poço com você, eu tentei,mas não consigo, já é de mais pra mim, minha vida já não é boa o suficiente, eu não preciso de mais dor.
- Yoon não.....não - tentei falar algo, mas ela tinha razão, eu não conseguiria lutar por nós.
- Olha pra mim Joalin - a fitei - Espero que um dia, alguém faça com que esse medo de amar desapareça, eu espero de verdade que alguém tenha a paciência e o amor necessário pra lutar contigo, eu tenho que ser sincera, essa pessoa não sou eu. E no fundo você sabe.
Tudo que eu vi foi suas costas, se distanciando cada vez mais. Sai de casa e fui andando. Andando sem rumo, chorando o que eu não chorava a anos, eu me senti destruída, e não por me machucar, mas por machuca-la.
É muito ruim ter a sensação de que não existe nenhuma direção pra seguir. Andar reto pra lá e pra cá, tanto faz, tudo parece uma eterna contra mão, tipo rua sem saída, sabe?"
Sabina ficou um tempo em silêncio, processando as palavras de Joalin. Não sabia o que dizer, nem o que fazer, nem sabia se era necessário alguma atitude.
A loira estava em sua frente, com os olhos molhados, como um corpo quebrado e uma vida confusa.
Não pode fazer nada que não fosse lhe abraçar, lhe abraçar pra dizer que ela estava ali, que ela entendia.
- Jo, não chora, eu tô aqui agora.
- Sabina, você é boa de mais pra mim, eu não mereço mais um coração em mãos pra quebra-lo. Eu... eu não posso.
- Hey - a latina tomou seu rosto em suas mãos. - Eu quero, essa escolha é minha, você não pode me afastar, não agora que me deixou entrar. Não diga não, antes que eu pergunte. Não recuse, algo que eu ainda não lhe ofereci.
Joalin não evitou e tomou os lábios da latina nos seus. Precisava saber que aquela garota era real, ela precisava sentir que tinha mesmo uma mulher na sua frente dizendo aquelas palavras.
Sabina correspondeu o beijo, o aprofundando, pediu passagem com sua língua, o que logo foi aceito, ela queria que Joalin sentisse tudo que ela sentia, ela queria entrar na confusão que era a vida de Joalin, ela seria a luz em meio a tanta escuridão.
- Eu vou ser Jo, eu vou ser a pessoa que vai lutar contigo, eu vou ter o amor e a paciência necessária pra estar do seu lado, sempre. Eu vou ser!
- Você existe mesmo Sabina? - perguntou a loira.
- Claro, você pode me beijar pra ter certeza - respondeu a latina voltando a beijar a loira.
"Eu a amava, não pela a forma como ela dançava com meus anjos, mas pela forma que o som do seu nome acalmava meus demônios"
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Luna, a pirralha | Versão Joalina
Fanfic[ADAPTAÇÃO] Sabina se mudou pra um bairro em Miami com sua filha Luna o ser mais atentado do planeta, só não esperava que sua vizinha não fosse com a cara de crianças.