35 - A carta

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- Você precisa falar com ela, Joalin.

- Você pensa que eu não tentei? Sabina não quer ver minha cara nem pintada de ouro.

- Se fudeu.

- Obrigada pelo conselho maravilhoso, Shori.

- Por nada amor, precisar eu tô aqui - o garoto disse piscando o olho.

- E você Heyoon não vai falar nada? - perguntei a coreana que estava jogada na cadeira no canto do quarto.

Quando foi que eu permiti esses dois na minha casa?

- Escreve uma carta - o garoto que estava esparramado na minha cama disse.

- Uma carta?

- Sim, Sabina não quer te ver, mas você pode tentar dar a ela, você conhece a Sabina, é o pouco que eu sei dela tenho certeza de que leria, mesmo fingindo que iria jogar fora. No fundo ela não o faria.

Eu não sei porque deixei um secretário opinar na minha vida muito menos porquê seguiria seus conselhos. Na verdade eu sei. Sabina. Ela me ensinou a ser eu mesma com as pessoas, a me abrir. A antiga Joalin não dirigiria nem a palavra a um funcionário fora da área de serviço. E aqui estou eu acomodando as pernas desse viado nas minhas coxas, escutando suas ideias.

- Eu concordo com o Shori - Heyoon se pronunciou.

- Ok, agora vazem da minha casa, preciso de privacidade para isso.

- Hey, a gente te ajuda e a recompensa é expulsão? Bem linda você né.

- Vaza daqui Shori, vai procurar algum macho pra você encher o saco.

- Ai grossa - ele disse exagerando no tom fino em sua voz.

- Tchau branquela. Capricha nas palavras - Heyoon disse vindo em minha direção e se despedindo com um beijo na minha bochecha. Logo os dois passavam pela porta, me deixando sozinha.

(...)

- Quem vai tirar a mesa hoje? - Sabina perguntou pra sua filha e Any que estavam na mesa junto com ela.

- Ihh eu tirei ontem, sua vez Sabina.

- Ué tia Any, tira a senhola.

- Mas eu tirei ontem pirralha - Any disse repetindo a mesma frase que disse segundos atrás.

- Por isso mesmo, a senhola tem mais experiência. - a menina disse simples.

- Concordo com minha filha, Gabrielly.

Any bufou e se levantou pra retirar a mesa.

Sabina deu um risinho fraco batendo sua mão no ar com a de Luna.

- Olha, pode ir parando com esse complô contra mim viu. - a brasileira disse indignada. O que só aumentou o riso de Sabina.

Sabina deixou sua atenção se perder em pensamentos longes. Faltava um dia. Um dia pra que ela desse tchau a Miami. Deveria ser uma coisa boa, não? Então porque a única coisa que Sabina sentia, era um aperto no peito?

(...)

Um pouco mais distante da casa de Sabina, havia uma loira. Joalin, perdida. Com apenas uma caneta na mão e mil palavras em seus pensamentos, tantos sentimentos para serem expressos em uma folha, tanta história pra ser contada por míseras palavras.

Joalin nunca fora boa com as palavras. Sabina sim. Joalin tinha medo de não conseguir expressar nem um terço do que ela realmente pretendia.

Mas ela se esforçou, buscou do mais simples ao mais profundo sentimento e ali ela decidiu. Uma carta seria pouco para tanto amor.

Luna, a pirralha | Versão Joalina Onde histórias criam vida. Descubra agora