21 - Eu preciso de você

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O lugar pequeno mas totalmente luxuoso suas mãos repousando em sua perna, esperando que eu lhe desse o papel assinado. Mas eu não o faria.

- Você só pode estar ficando louco se acha que eu vou assinar a porra desse contrato. O que pensa que eu sou? Um objeto do qual você tem posse? Você acha mesmo que pode me vender assim. Qual é o seu problema?

- Não vejo porque tanto drama Joalin, não estou lhe pedindo nada de mais.

- Ah não? Só está me vendendo pra um dos teus amigos, se é que posso chama-los assim, quantos anos ele tem Joseph? 40? Você não liga não é? Tudo o que o senhor se preocupa é com a quantidade de dinheiro que ele pode te oferecer no final das contas.

- Quando foi que você ficou tão mal educada garota, por que mudou tanto? Você continha sentimentos pelo seu pai.

O homem estava incrivelmente calmo, algo estava errado ele não era assim.

- Chega um dia em que as coisas mudam, sentimentos acabam e o coração faz novas escolhas. Eu escolhi ser feliz, coisa que eu não pude ser perto do senhor.

- Você é tão ingrata sabia, tudo eu que eu fiz foi pro seu bem. Tudo o que eu fazia era pra te dar do bom e do melhor.

- Não me faça rir Joseph, tudo o que você fez foi sair de casa pela manhã e voltar no fim da noite. Você trabalhava como um condenado, e tudo isso pra ter sua conta bancária cheia no fim do mês, nada que você fez foi realmente pros seus filhos. Cadê Noah? O senhor nem ao menos deve saber onde ele está, me diz que sua mulher te ama, porque da última vez que eu a vi, ela apenas o suportava, ela não tem escolha.

Palavras guardadas são capazes de te asfixiar, solte-as não fique podre por dentro, elas precisam ser libertas.

O homem pareceu não se importar com minhas palavras, ele era incrivelmente seco, nada que eu dissesse o tiraria desse altar que ele mesmo se colocou. Eu não conseguia mas enxergar meu pai nesse homem sentado ao meu lado nesse carro que mais parecia uma prisão

- Saia do carro - foi o que eu ouvi sair de sua boca.

- Como? É só isso? Sério? Sem ordens, nem obrigações?

- Você irá assinar os papéis? - me perguntou e eu apenas neguei com a cabeça, não me submeteria a tal situação, não por ele.

- Então é isso, saia do carro. Não pedirei novamente.

Eu queria rir, rir por tanto cinismo, tanto egocêntrismo. Abri a porta, me retirei do carro e antes de fechar a porta eu pude o ouvir dizer

"Nós ainda nos encontraremos, Joalin"

Claro, ele não iria sem uma ameaça, ele não viajaria para cá atoa, ele não perderia seu tempo assim. Eu poderia não sentir medo, fingir que não me importa, fazê-lo pensar que suas palavras não me afetavam. Mas se eu o fizesse, eu estaria mentindo, seria só mais uma máscara a mais. Eu era fraca. E eu sabia disso.

Fora impossível não sentir alívio ao entrar novamente na casa de Sabina. Lá era realmente onde eu me sentia em casa, nada poderia ser comparado ao que eu sentia estando na presença daquelas pessoas.

Eu podia ouvir da porta, as risadas de Luna, os gritos que Ale dava pra Sabina e a voz de Fernando cantando alguma música antiga. Era tudo tão simples, mas eu amava essa simplicidade.

Parecia que todas as palavras que Joseph Loukamaa me dissera minutos atrás. O medo já não estava mais lá, eu podia me sentir livre. Livre de qualquer ordem, de qualquer opressão.

Eu fui ganhando a sala com passos cautelosos.

Lá estavam eles. Os Hidalgo's.

Fernando estava segurando Luna com um braço enquanto o outro estava em volta de sua esposa, Sabina fingia ser cantora, estava em pé no braço do sofá, com o controle em mãos. Ela cantava alguma música cubana, enquanto seus pais e Luna fingiam ser dançarinos.

Luna, a pirralha | Versão Joalina Onde histórias criam vida. Descubra agora