O sétimo dia havia chegado, sim, Joseph fazia questão de me lembrar o prazo que ele mesmo estabelecera.
Estávamos tomando café da manhã, eu não desperdicei nenhum segundo ao lado dessas duas, tirei um tempo de folga na empresa e peguei Luna mais cedo todos os dias dessa semana levando Sabina para passear comer fora e piqueniques no parque.
Sabina estava tão feliz, e eu tão triste.
Eu não sabia como fazer pra me afastar dela, como arrancar de mim a única parte que me sustenta ? Como abandonar minha base. O que me mantém de pé.Sabina estava a minha frente dando comida na boca de Luna, linda. Eu a encarava confusa, sem saída, sem saber o que dizer ou fazer. Não podia passar de hoje e eu estava me corroendo por dentro, cada segundo que o relógio deixava para trás apertava cada vez mais meu peito.
Sabina deixou Luna tentar comer sozinha e me olhou.
- Joalin, por que você tá me olhando como se tivesse uma galinha na minha cabeça ?
- Uma galinha ? Que aleatório Bina. - eu respondi soltando um riso fraco.
- Mas é sério, o que está acontecendo ?
- Precisamos conversar Sabina..
Escutamos o barulho de buzina no lado de fora. Era a vã que levava Luna para o colégio, falei pra Sabina que eu a levava até a vã então Luna se despediu de sua mãe.
Levei Luna para fora e antes dela entra eu a abracei.
- Eu te amo minha filha, não se esqueça disso ok ?
- Eu também te amo mama.
- Você me promete que se um dia eu não estiver mais aqui você vai cuidar de Sabina?
- Co-como assim, a senhola vai abandonar eu e a momy?
Não respondi sua pergunta, apenas deu um sorriso forçado dizendo que estava tudo bem.
- Promete pra mim amor.?
- Eu prometo mama, vou cuidar da momy e da senhola. Das duas, as duas são minha família.
A pequena disse me deu um beijo em minha buchecha e se virou indo em direção a vã.
Eu queria chorar. Gritar. Sumir. Mas eu ainda tinha que fazer a pior parte.
Seria tão mais fácil desistir se não fosse tão profundo.
Entrei na casa e Sabina estava sentada no sofá, assistindo algum desenho e em seus lábios já nascia o sorriso que chegava sem esforço. Por que ela tinha que dificultar as coisas assim?
Quando a latina sentiu minha presença logo desligou a tv e se sentou corretamente no sofá, bateu a mão no seu lado indicando que eu me sentasse. E eu o fiz.
- E então, o que você tem pra me falar ? - Sabina perguntou inocente e isso só apertava cada vez mais meu peito
- Sa-Sabina, er..... Eu, você, nós......N-não tá dando mais certo - disse gaguejando a frase inteira.
A latinha continha sua testa franzida, sua expressão estava sem nenhuma condição de ser interpretada por meus olhos.
- Como? Não tô te entendendo Joalin.
- Eu não posso, não....não posso mais ficar com você Sabina
- Não pode, ou não quer Joalin?
- Eu. ...e-eu..... - minha frase morreu sem nem ao menos ter sido completada.
- Eu não tô entendendo Joalin, o que eu fiz ? Até ontem estávamos bem, até agora a pouco na verdade ! - seu tom de voz já era alto. - Eu preciso saber o por quê disso agora, eu não consigo pensar em um motivo pra isso Joalin.
- Não tem motivo Sabina, eu só não posso mais.
A latina se calou, levantou do sofá e caminhou de um lado para o outro, tudo o que eu via era suas lágrimas molhando o tapete felpudo que enfeitava sua sala.
Eu senti vontade de abraça-la pedir pra que ela não chorasse, mas eu não podia.
- Vamos conversar Joalin - ela disse voltando a se sentar, agora de frente pra mim, segurou minhas mãos e me fez olhar em seus olhos. Péssima ideia, foi só olhar em seus olhos castanhos que eu me perdi, me quebrei ao ver a vermelhidão do seu olho por chorar, por eu ser o motivo. - A gente...a gente pode resolver isso. Me diz o que eu preciso fazer Joalin.
- Nada Sabina, eu não quero mais ficar com você, eu não tô acostumada com relacionamentos, é demais pra mim, eu só e-eu só não consigo mais. - eu disse e dessa vez as lágrimas que eu segurava rolavam pouco a pouco.
- Não Joalin. - ela largou minha mão - Eu não posso aceitar que de um dia pro outro você resolva me deixar, e ainda mais com essa explicação sem sentido, dá pra falar o que tá rolando Joalin!? Não me deixa Joalin, eu não vou aguentar viver sem você.
Eu não aguentava mais, eu não sabia o que falar. Mas eu precisava a convencer de que era melhor assim.
- Eu não te amo mais Sabina , eu não quero mais nada com você é preciso que você respeite a minha decisão, eu sairei de sua vida, e você não me verá mais, só não complica mais as coisas ok.
Parece que dessa vez minhas palavras fizeram efeito, a latina deixou seu olhar cair e sem olhar pra mim deixou seu corpo cair sobre o sofá.
- Ok, agora é diferente, se você me dissesse que se sentia fraca, eu poderia ser sua força se me dissesse que não estava satisfeita, eu poderia mudar. Mas já que não me ama, eu não posso fazer mais nada Joalin - ela disse em um tom baixo, tão baixo que se eu não estivesse do seu lado não a escutaria.
- Eu acreditei em você Joalin, no seu amor, te dei meu coração mas você não cuidou - ela soltou um sorriso amargo, sem graça. - É uma pena saber que tudo que vivemos foi uma mentira.
- Só sai da minha casa Joalin. - ela falou com a voz firme mas diferente do que suas palavras mostravam, seu rosto estava fraco, cansado e triste.
Eu não disse mais nada, subi as escadas e fui em direção a seu quarto, eu não deixaria as minhas roupas lá, eu não podia dar esperança de uma volta, eu precisava ir, por sua segurança e de Luna. Era o melhor a ser feito.
Peguei apenas meu celular na cômoda e antes de sair entrei no quarto de Luna.
Eu sabia que doeria, só não sabia que essa dor pudesse me deixar assim.Quando desci as escadas Sabina já não estava mais lá, ela havia saído ou simplesmente se enfiado em um dos cômodos, não sei como mas segundos depois eu estava no carro só me lembro de ter pegado qualquer caminho pra qualquer lugar.
Minha respiração estava desregular e eu lembro de pensar em Sabina, lembro de ter a machucado, lembro de ter mentido pela sua segurança.
Minhas mãos no volante não eram firmes e meus pés no acelerador se apertavam cada vez mais.
Eu não me importava em passar todos os sinais vermelhos daquela cidade não me importava mais comigo.
Eu não merecia viver, não merecia estar respirando.
Tudo o que eu fazia era estragar a vida das pessoas que me conheciam, e eu já estava farta disso.
Acelerei cada vez mais, e a cada palavra que eu lembrava ter saído da boca de Sabina era um soco a mais dado no volante.
Minhas lágrimas já não tinham mais força pra descerem eu estava me sentindo sufocada, presa, nada que eu disser ou fazer pode descrever o que eu estou sentindo agora.
Quando eu finalmente conheço a mulher da minha vida, eu a deixo ir.
Eu já não sabia o que eu fazia, a minha visão ficou turva e eu já não via mais nadaLembro de sentir meu corpo ir pra frente com o baque do meu carro em alguma coisa. Espero que esteja feliz Joseph.
Foi só o que eu consegui sentir antes de dizer
"Perdão Bina"
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Luna, a pirralha | Versão Joalina
Fanfiction[ADAPTAÇÃO] Sabina se mudou pra um bairro em Miami com sua filha Luna o ser mais atentado do planeta, só não esperava que sua vizinha não fosse com a cara de crianças.