Despedidas

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— Essa é uma decisão que você tem que tomar e acho que sei muito bem qual a de ser! — Desviou sua atenção do horizonte e se voltou a mim, com seu leve sorriso amigável.

— Não quero traí-los, não posso fazer a mesma coisa que Saruman fez.

— Me acha um traidor? — Franzi as sobrancelhas e olhei confusa para o mago.

— Por que perguntas isso Mithrandir, nun... — O mago branco me cortou, enquanto tenta acender seu cachimbo.

— Aaa senhorita Taurwen, você é uma de minhas testemunhas! — Fez uma pausa pois finalmente conseguiu, puxando a fumaça e soltando-a tranquilamente. — Quantas vezes tive que lhe deixar sob os cuidados de Saruman e Radagast? — Suspirou. — Muitas das vezes não conseguimos seguir uma jornada inteira com aqueles a quem zelamos. Somos um só, e cada um de nós tem sua própria trajetória a moldar. Sei que seu coração te encaminha até Fangorn e se é isso que ele quer, isso que deves fazer. — Laçou uma piscadela sorrindo ainda mais. — Não se preocupe, não será a última vez que nossos caminhos iram se cruzar.

Não sei o que dizer, pois meu coração ainda estava dividido. Mas diante das falas de Gandalf, pude escolher um caminho, mesmo que doa ter que deixar o outro para trás.

Reverenciei em agradecimento a Gandalf e me retirei em direção ao palácio.

Ao adentrar, Éowyn está observando uma prateleira de livros e ao escutar meus passos, tomou sua atenção a mim. Não consegui conter as lágrimas que desciam e a única coisa que fiz, foi abraça-la.

— Aconteceu algo? — Fechei meus olhos, não sabia como dizer que os abandonaria. Ela apenas ficou em silêncio e eu respirei fundo para que conseguisse falar.

— Sinto muito, tudo o que aconteceu foi minha culpa... — Nos separamos do abraço. Éowyn me olha aflita e assustada. - Prometa que ficará bem!

— O que está querendo dizer Taurwen? — Seu nervosismo aumentou, pois sua respiração estava ofegante e vê-la assim doía.

— Irei resolver algumas pendências. — Soltei suas mãos a olhando uma última vez e segui em direção ao meus aposentos.

Devo partir durante a noite, sem chamar muita atenção.

[...]

Já é quase madrugada, o reino está em completo silêncio e essa é a hora perfeita. Peguei minha bolsa com suprimentos que havia organizado mais cedo e desci sem fazer nem um só ruído.

Ao chegar no grande salão, olhei para a grande porta de saída e senti um aperto forte em meu peito. Lembranças de toda minha trajetória em Rohan começaram a passar por minha cabeça.

Em cima da mesa onde encontrei Éowyn mais cedo, notei que havia um livro aberto que sempre líamos juntas, desde quando ela e seu irmão passaram a ficar sob os cuidados de Théoden.

Ergui minha cabeça, a partir de agora devo ser forte tanto por mim, quanto por aqueles a quem amo. Fui em direção a saída, sei que Elrohir está a me esperar.

— Iria sem ao menos se despedir? — Parei de imediato ao escutar a voz altiva do rei. Me virei em sua direção, o qual possuí uma feição séria.

— Perdoe-me, não os abandonaria, ao menos que fosse necessário meu senhor. — Théoden suspirou e fui surpreendia por seu abraço.

— Não está nos abandonando Taurwen, está fazendo o que deve ser feito! E quando tudo isso acabar, você voltará para cá em meio a dias melhores. — O rei ficou de frente a mim com um sorriso estampado em seu rosto e segurou minhas mãos. — Não carregue toda essa culpa sobre seus ombros. Gostaria de ver-la sorrir uma última vez, antes que siga seu caminho. — Não consegui conter um sorriso com suas palavras.

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