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Ensaiei um monte de caras no espelho do elevador, mas nenhuma conseguiu disfarçar o meu mau humor. Cheguei ao meu andar e fui direto pra minha sala.

— O Alfonso está te esperando na sala de reuniões! — Maite, minha colega de trabalho e best, me avisou.

Reviro os olhos toda a vez que ela fala Alfonso, chamamos ele de Poncho desde a faculdade, — Só agora notei que passamos toda a graduação juntos e acabamos trabalhando no mesmo lugar. Mira que bella es la vida! — mas devemos usar a formalidade no ambiente de trabalho, né?

— E daí? — dei de ombros e continuei andando.

— E daí? Você só está meia hora atrasada para a reunião semanal que você tem com ele e toda a equipe criativa. Esqueceu? — ela parou na minha frente e franziu o cenho. — O que houve, hein? Foi mal comida essa noite?

— Será que você pode ser um pouquinho mais sensível, Mai! — virei a direita e segui correndo para a sala de reuniões enquanto Maite me seguia. Estava tão p da vida que nem havia me lembrado dessa bendita reunião.

— Quero saber o que tá acontecendo, tá! — ela sussurrou quando eu fechei a porta atrás de mim.

— Desculpem o atraso! — disse sem encarar ninguém e fui direto para o meu lugar.

Enfim… trabalho em uma agência de publicidade como diretora criativa, Maite como designer e o Poncho como produtor fotográfico. Todas as segundas-feiras nós nos reunimos para acertar os detalhes das campanhas da agência. A reunião durou algumas horas e nós dois mal olhamos um para o outro. Em geral essa indiferença entre nós não me afetava, mas eu não sei o que diabos está acontecendo comigo hoje. Tive vontade de girtar pra ele: Ei, não tá me vendo aqui não? ou Dormiu comigo? Não ganho um "Bom dia"? mas me controlei porque se eu fizer essas últimas perguntas, ele irá responder : Sim, eu dormi com você! com aquele jeito desdenhoso dele, aí eu ficarei com mais raiva ainda.

Antes de ver o SolOnde histórias criam vida. Descubra agora