• vinte e quatro •

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lado pogue, outer banks.
jj.

Já havia se passado alguns dias desde o incidente no lago e desde então eu ainda não tinha visto a Kiara, passei os últimos dias trabalhando limpando barcos no lado kook da ilha. Mas desde aquele dia Pope e John B tem se preocupado comigo, mesmo eu dizendo que não é necessário, mas eles se preocupam principalmente por saberem da relação que eu tenho com o meu pai e o que isso causa em mim. No dia anterior ao do lago, eu tentei pegar algumas roupas e tudo que eu recebi na casa que um dia chamei de minha foram socos e chutes do meu próprio pai, título que nem cabe mais a ele.

~FLASHBACK ON

Cheguei em casa e vi que a porta e as janelas estavam todas abertas. Procurei meu pai e o encontrei dormindo jogado em cima do sofá, com várias garrafas de bebidas ao redor.

- Pai? - chamei mas não obtive resposta.

Fui direto pro meu quarto e abrindo a porta do mesmo relembrei momentos ruins que já passei nessa casa, mas, esse cômodo em específico, me trazia conforto, era onde eu me trancava, colocava música alta e evitava ouvir a voz do meu pai falando sobre como eu desgracei a vida dele e outras coisas piores.

Abaixei em frente a uma cômoda e comecei a pegar algumas roupas que eu gostava. Peguei uma última camiseta na mão e quando fui guardar na mochila percebi que caiu alguma coisa de dentro dela.

Vi um colar brilhando no chão e mal pude acreditar o que era quando peguei na mão. Era o colar da minha mãe. A única lembrança que eu tinha dela, a uns anos atrás eu jurava que tinha perdido, mas deve ter ficado dentro dessa camiseta o tempo todo.

O colar tinha um pingente em formato redondo que quando abria aparecia uma foto, abri e vi na foto a mulher que me deu a luz comigo ainda bebê no colo.

Senti meus olhos marejarem e meu corpo se aquecer, reviver uma lembrança dessas depois de tanto tempo, ainda mais quando você nem se lembrava, trás sentimentos antigos de volta à tona.

- JJ? - ouvi uma voz masculina e rouca vindo de trás de mim, sabia muito bem de quem se tratava.

- Que merda. - falei baixo o suficiente pra ele não ouvir, planejava entrar e sair da casa sem ele me ver - Oi pai. - falei me virando pro homem e vendo seu estado decadente.

- O que está fazendo... - E a voz dele simplesmente some quando vê o que estou segurando na mão.

Levantei colocando o colar e a camiseta dentro da minha mochila e fechando ela, olhei pra ele que ainda parecia não ter despertado totalmente mas o suficiente pra lembrar de quem era esse colar.

- Não me diz que você voltou pra casa depois desse tempo todo pra buscar essa porcaria? - ele então fala dando uma risada alta e irônica.

- Pai, eu... - comecei sem jeito mas fui interrompido.

- "Pai, eu..." - repetiu me imitando e rindo em seguida - Ainda tem medo de mim, garoto? O tempo passa mas você não cresce, é incrível, voltou pra casa só pra pegar essa porcaria desse colar? Vai fazer o que agora? Ir chorar? - a risada ecoava pelo meu quarto enquanto eu engolia um seco e pensava bem no que dizer pra não arranjar confusão, eu só queria ir embora.

- Eu nem sabia que esse colar ainda existia. - falei rápido.

- E nem deveria existir mais mesmo, assim como a vadia da sua mãe.

- Pai! - o repreendi mas ele continuava achando graça da situação.

- O que? - ele pergunta dando dois passos até mim mas ainda assim mantendo distância. - Não gosta quando eu chamo ela de vadia? Prefere como? Vagabunda?

Beach Sun | Jiara • Outer BanksOnde histórias criam vida. Descubra agora