5.Permuta

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-Todos estão sabendo, não é? - Shura falou de cabeça baixa, olhando apenas para o café.

-Sim, o Camus nos avisou. Como ele mora no último andar do prédio dele, assim que viu as faíscas avisou o mestre. - Aiolos respondeu, assim que terminou de degustar seu próprio café.

Shura tomou um pouco de ar, e seguiu firme com aquele dialogo.

-Bem, me desculpa por aquela cena no bar? Eu...bem...não estava pensando direito. Não foi legal o que eu fiz com você e com a Rosa.

-Não tem problema Shura, você está perdoado, sempre esteve.

Um silêncio desconfortável tomou conta daqueles dois homens, mas Shura estava determinado a continuar, se não por ele então por Rosalia.

- Aiolos, eu...

- Você não precisa falar nada, Shura.

- Eu preciso, sim! O que eu fiz com você não tem perdão. E se eu tivesse chegado a Atena aquele dia? Eu deveria ter desconfiado, deveria ter questionado mas não fiz.

- Você é leal e bom, Shura, ser assim não é um defeito e se alguém se aproveita disso o problema não é você e sim o outro. Não estou colocando a culpa em Saga, se é o que está pensando, ele não conseguia pensar com clareza na época mas percebeu o erro e se arrependeu a tempo.

- Isto não torna o que foi feito melhor.

- Tem razão, mas você já parou pra pensar que se nada daquilo tivesse acontecido nós não estaríamos como estamos hoje? - Aiolos queria muito que o amigo entendesse seu ponto, então colocou uma das mãos no ombro dele e teve certeza de estar o olhando nos olhos. - Estamos em tempos de glória, com o santuário e com a fundação Graad. Tudo o que passamos foi necessário para chegarmos até aqui. Pagamos um preço caro pela paz mas estamos aqui, está tudo bem agora, você não precisa mais carregar isto, Shura, já chega.

Shura agora sentia como se uma onda de paz o atingisse.

Finalmente parecia ter alcançado sua almejada redenção e quando percebeu já estava junto do amigo, diluindo todos aqueles sentimentos ruins em um abraço apertado.

Depois daquela conversa, o Cavaleiro de Capricórnio parecia até outra pessoa agora, estava mais feliz e nem se importava tanto com as dores que sentia ou as queimaduras em sua pele

O cavaleiro gostava de receber seus amigos nos horários de visita no hospital. Ficou surpreso quando todos os cavaleiros de ouro vieram o visitar, inclusive a própria Atena e alguns de seus alunos vieram lhe trazer algumas flores e desejar melhoras.

Aquele sentimento de ser querido e mimado a maior parte do tempo era muito bom, mas ainda tinha um problema.

Rosalia.

Havia se passado uma semana e ela não acordava. Shura havia convencido as enfermeiras a deixar ele visitar a moça mesmo assim. Todos os dias ele estava lá para conversar com ela, para dizer como o dia estava bonito e como era um saco perder o verão dentro daquele hospital, não que eles tivessem muita escolha naquele momento.

Rosalia continuava dormindo pacificamente e isto fazia o coração de Capricórnio apertar cada vez mais, só piorou quando chegou na porta dela aquela tarde. Ele teve alta e estaria saindo do hospital logo depois da visita.

Assim que alcançou a maçaneta, ele respirou fundo para juntar toda a coragem que existia em si. Logo que abriu a porta sentiu uma brisa atingir seu rosto, o que não era comum já que as janelas permaneciam sempre fechadas.

AbsintoOnde histórias criam vida. Descubra agora