Já era um novo dia e Rosalia acabou por acordar com os raios de sol que entravam pela janela, era muito cedo e ela se culpou mentalmente por não ter lembrando de fechar aquelas cortinas. Não notou nenhum barulho pela casa então presumiu que Shura ainda estava dormindo, em sua cabeça já que ele bebia tanto, deveria mesmo dormir até tarde.
Ela desceu as escadas com alguma dificuldade e ainda bem que não se pode morrer com o próprio veneno. Assim que venceu o último degrau, avistou Shura tomando seu café calmamente, apreciando o nascer do sol e o jardim encostado no batente da porta.
- Deveria ter me chamado, eu te ajudaria a descer as escadas.
Agora que Shura tinha notado sua presença, ele prontamente já estava colocando outra xícara na mesa para ela, junto de café e alguns pães.
- Bom dia pra você também.
Rosa aceitou o convite mudo para tomar café junto dele e se sentou com um pouco de dificuldade.
- Bom dia, Rosa.
Tomaram o café sem muitas palavras, estava silencioso até demais para o gosto da Rosalia. Apesar de saber que Shura era assim mesmo a maior parte do tempo, hoje ele estava diferente, e ela sabia que alguma coisa estava incomodando aquele homem, e iria descobrir o que era com toda a certeza.
- Aconteceu alguma coisa, querido?
Depois de um longo suspiro, Shura se retirou da cozinha deixando a mulher confusa e sem respostas para trás. Não demorou muito para que ele voltasse com uma sacola escura e a colocasse sobre a mesa.
- Desculpa te preocupar é só que...isto é seu. Eu não tinha certeza se era a hora certa pra te mostrar, mas aí está.
Shura agora ao invés de se sentar do outro lado da mesa, onde estava anteriormente, decidiu sentar-se ao lado dela. Era como se ele quisesse protegê-la de abrir o pacote, e talvez ele estivesse certo em fazer isto.
Assim que a mulher abriu aquele embrulho, viu que dentro havia uma caixa de metal suja e um pouco pesada, junto de uma colher de absinto.
A colher que ela usava para servir o absinto.
Rosalia por um instante pegou a colher na mão e a olhou com carinho mas logo a colocou na mesa, sua atenção era toda daquela caixa.
- Os policiais fizeram a busca no local e só acharam isto nos escombros. Como eu era a pessoa mais próxima de você que eles tinham contato, acabaram trazendo pra mim. Eu posso guardar de novo, se você quiser.
Shura estava preocupado, não gostava de ver aqueles olhos verdes tristes e cheios d'água como estavam agora. Não sabia o que podia fazer para mudar aquilo, e em uma tentativa vaga de consolar aquela mulher, ele colocou sua mão sobre o ombro dela gentilmente.
- Não, obrigada por me mostrar. Esta caixa é muito importante e eu achei que tinha sido perdida.
Dito isto ela abriu a caixa, quase achou que não iria abrir por estar danificada, mas abriu sem problemas. Dentro havia vários documentos como a escritura do bar, documentos pessoais e algumas poucas economias.
Agora ela já havia espalhado os papéis pela mesa para olhar melhor, mas o que mais chamou a atenção de Shura foi o diploma de gastronomia.
- Eu não sabia que você é formada em gastronomia.
- Tem muita coisa sobre mim que você não sabe. - Agora Rosalia já não parecia tão triste, para a alegria de Shura.
- Você é de Girona?
VOCÊ ESTÁ LENDO
Absinto
FanfictionDepois de toda a guerra, os cavaleiros reviveram. Alguns criaram família, outros decidiram viajar ou trabalhar mas Shura ainda estava preso ao seu passado. Como o grande Cavaleiro de Capricórnio poderia se desfazer de seus fantasmas?