Capítulo 4

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-SELENE
Chego na cabana chamando a Kyra.
—Kyra!
Foi preciso apenas uma vez, para ela aparecer.
Ela chega preocupada.
—O que aconteceu?
—Tenho que terminar a missão logo, porque o anjo, pai dela está começando a desconfiar. Se eu for descoberta antes de completar a missão, vai ser tudo em vão.
Ela me olha séria.
—Você tem razão, tenta não expor muito os seus poderes até ter o sangue da anjo.
—Sim, eu sei disso.
—Aconteceu mais alguma coisa?
—Sim, eu conheci a família daquele garoto.
Digo como se não fosse nada importante, apesar do meu coração estar saltitando no meu peito.
—Hum, ele tem alguma utilidade pra nós?
—Na verdade sim, a anjo parece gostar dele.
A kyra sorri ironicamente.
—É mesmo? Isso é bom, você pode usar isso.
—Como?
—Se ela gosta mesmo dele, não vai gostar de vê-la perto dele.
—Mas em que o ciúmes dela, pode ser útil pra mim?
—Isso pode a deixar desfocada na luta.
Eu faço uma careta.
—Eu não preciso disso pra ganhar e você sabe disso.
—Eu sei, mas é sempre bom ter uma carta na manga.
—É.
—Eles disseram mais algo?
—Na verdade sim, o que você sabe sobre companheiros Kyra?
Ela me olha surpresa.
—Sei que é muito importante, porque? A anjo é companheira do lobo?
—Na verdade a irmã dele disse algo sobre eu ser, o que isso significa?
A kyra aparenta estar muito chocada e então parece compreender algo.
—Oh meu Deus! Acho que entendi a sua missão.
Eu fico confusa.
—Como assim? Não é pegar o sangue?
—Sente-se, precisamos conversar.
Ela diz apontando para o sofá.
Eu me sento em uma ponta e ela em minha frente.
—Diga!
—Tudo bem.
Ela diz suspirando.
—Bom essa história é bem longa, mas eu vou tentar resumir.
—Vamos Kyra, você está me deixando preocupada.
—Aqui no mundo sobrenatural, todo ser tem um companheiro.
—E daí?
Eu digo impaciente.
—Espere eu terminar.
Ela diz irritada.
—Um companheiro é escolhido pela deusa da Lua, esse dois irão se amar e se proteger pelo resto de suas vidas. E bom, como vocês dois são imortais, isso é muito tempo.
Eu fico chocada.
— O quê? Como assim? É tipo uma alma gêmea? Isso não existe.
Eu digo irônica.
Ela revira os olhos para mim.
—Não existe no mundo humano, onde você vivia. Mas nesse mundo, sim.
— Quer dizer que eu sou obrigada a ficar com ele pro resto da minha vida?
Eu pergunto desesperada.
— Na verdade tem como cortar a ligação, mas é um processo muito dolorido.
— Diga, eu posso suportar qualquer dor. Você sabe disso.
— Você só precisa dizer seu nome inteiro e no final dizer que o rejeita como companheiro.
Eu olho para ela ironicamente.
— É sério? É só isso? Achei que eu teria que passar por um ritual com alguma bruxa ou algo do tipo. Mas é só falar uma frase? Como isso pode doer?
Ela me olha séria.
— Isso é sério Selene, vocês são companheiros o que significa que possuem a mesma alma, dividida em duas partes. Se o rejeitar, estará perdendo uma parte de si mesma. E haverá consequências.
— Que tipo de consequências? Vou chorar até morrer de coração partido?
Digo sarcasticamente.
Ela me olha estressada.
— Bom isso não vai acontecer com você, mas ele vai morrer.
Eu sorrio.
— E o que eu tenho haver com isso?
— Quando isso acontecer, você vai sentir e vai ser como se estivessem arrancando uma parte sua. A dor dele vai acabar com a morte, mas a sua vai durar toda a eternidade.
Ela diz séria e eu fico em silêncio.
Pensando sobre o que ela disse.
— Mesmo assim, eu irei rejeitá-lo. Um "amor" não é o que eu preciso agora. Isso só iria atrapalhar os meus planos e os do meu pai.
Ela fecha a cara.
— Vai sacrificar a sua felicidade por ele?
— Eu faria qualquer coisa por ele.
— Mas ele não faria por você.
Eu fico em choque.
E me seguro pra não chorar.
— Essa conversa acabou.
—Mas...
— Isso é uma ordem!
— Sim, senhora.
Ela diz se retirando para seu quarto e eu também vou para o meu.
Troco de roupa colocando o moletom novamente e me enfio de baixo das cobertas.
Fecho os olhos, impedindo as lágrimas de saírem.
Eu sei que ela falou a verdade, mas assim que eu provar que sou digna tudo vai mudar. Meu pai vai ficar orgulhoso e vai me amar assim como eu o amo.
Penso antes de dormir.

~NO OUTRO DIA~

Acordo cedo e vejo que a Kyra deixou minha roupa em cima do sofá, olho em volta e não a acho.
Pego minha roupa e levo para o quarto. Tomo uma banho e escovo os dentes.
A roupa consiste em uma calça preta justa, uma blusa cinza sem nenhuma estampa, um tênis preto que parece mais uma sapatilha e um sobretudo preto.
Visto tudo e pego minhas espadas as colocando nas costas. Tenho que estar sempre preparada.
Abro a porta bem na hora que Héctor estava prestes a bater.
Vejo que ele me observa. E eu faço o mesmo.
Ele estava com uma blusa de manga comprida preta e calça jeans escura, com um coturno preto nos pés. Seus cabelos estavam molhados, como se tivesse acabado de sair do banho.
Sinceramente, estava muito bonito. Respiro fundo para me lembrar do meu plano.
— Bom dia.
Ele diz sorrindo. Eu quase sorrio de volta, o que está acontecendo comigo hoje?
— Bom dia.
Eu respondo séria.
— Vim te chamar para tomar café.
— Eu não como antes de lutar.
Digo rápido e ele para de sorrir.
— Tudo bem, então eu te acompanho até a arena.
— Eu sei onde é, não preciso de ajuda pra achar o caminho.
Vejo que seus olhos ficam vermelhos e ele parece estar tentando se controlar.
Ele ficou muito bonito assim, quase que perco meu auto controle.
— Eu sei que não precisa de ajuda, só estou te oferecendo minha companhia.
Ele diz aparentando estar mais calmo, com os olhos voltando ao normal.
Fico chateada com isso.
— Talvez eu não queira sua companhia.
Digo tentando o irritar e vejo que funciona, seus olhos voltam ao tom vermelho e o vejo respirar fundo.
— Tudo bem, não vou te incomodar mais.
Ele diz saindo.
Fico decepcionada e o sigo.
— Você desiste fácil demais, estou desapontada.
Ele me olha surpreso.
— Pensei que não quisesse minha companhia.
Ele diz sorrindo.
— Eu gosto do seu sorriso.
Digo sem pensar. Ele me olha surpreso e então sorri convencido.
— Bom saber disso, eu gostaria de ver o seu. Mas isso parece impossível.
Eu o olho e fico tentada a sorrir, mas não o faço. Meu pai me disse que não devemos mostrar nossas emoções, pois elas podem ser usadas contra nós.
— Talvez seja impossível.
— Talvez seja... Mas eu não pretendo desistir. Afinal você disse que não queria minha companhia, mas está aqui ao meu lado, não é mesmo?
Ele diz irônico.
Eu fico chocada. Eu sabia que ele ia usar isso contra mim.
— Bom se você desistir tão rápido quanto a outra vez, vai ser entediante.
— Não se preocupe, a última coisa que você vai sentir comigo é tédio.
Ele diz parecendo ter segundas intenções.
Eu olho pra ele interessada.
— Isso é uma promessa?
— Talvez.
Ele diz sorrindo, fazendo meu coração bater muito rápido.

A filha de Hades e o SupremoOnde histórias criam vida. Descubra agora