Coração Quebrado

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EXISTEM COISAS SIMPLES,

QUE SÃO COMPLICADAS POR

NOSSOS PRÓPRIOS CORAÇÕES.

Clamar pelos deuses não era uma coisa difícil, porém, deuses são geniosos, se ofendem fácil e às vezes, amaldiçoam humanos por estarem entediados, sempre teria um risco ao clamar a um deus, ainda mais se os deuses em questão fossem uma deusa do tempo perdida e um deus rejeitado.

Começar era com toda certeza, a parte mais difícil, porém, Gael respirou fundo, e sem saber se só sua consciência falava ou seus lábios também se moviam, ele começou.

- Eu sei que não tenho poder, nem direito para pedir, muito menos razões  pra vocês me ouvirem, porém, não peço por mim, e sim pelos que se arriscaram por confiar em mim, eu fiz promessas que não sei se posso cumprir, entretanto não é da minha natureza desistir, minha mãe, dês de pequeno me ensinou a cultuar as deusas do tempo, e a respeitar e fazer oferendas aos deuses 'esquecidos' do mundo inferior, então, peço, que escutem meu clamor, pois preciso eu, voltar para o meu amor, e devolver a paz, que em meu lar se acabou, ao deus do coração ferido e a deusa perdida entrego meu clamor e que, por favor, entendam minha dor.

Uma sombra negra cobriu a visão de Gael, transformando tudo em um imenso breu.

- Tens muita coragem de falar de amor comigo jovem humano, sou um deus, e nem mesmo assim, consegui achar na terra, no céu ou em meu próprio reino alguém que não olhe minha aparência monstruosa ou para as atrocidades que sou obrigado a cometer.

- Deixe o humano em paz, ele busca ajuda e conforto, assim como você, porém, ele sabe o que precisa, e você, ainda busca em círculos algo que não serei capaz de mostrar.

Uma voz feminina e forte rebateu, a escuridão se mesclou com um brilho prateado e etéreo, fazendo Gael sorrir.

- Esse humano insolente, sorri na presença do deus mais perigoso de todos, como se esperasse minha presença.

Gael ficou serio, não por medo, porém por respeito, não seria ele a desrespeitar um deus.

- Ele só está alegre por ter conseguido à nossa atenção, como quer ajuda se não tolera um sorriso?

Um tremor fez o sangue de Gael gelar.

- Vamos ver se esse humano é digno da minha atenção, se ele passar no meu teste, terá uma audiência comigo, se falhar, serão expulsos. Ele, a deusa e aquela outra humana.

Assim que a voz se calou, Gael sentiu como se caísse em um abismo sem fim, seus ouvidos tremiam e sua respiração ofegava, até, que desacelerando, chegou ao fundo, seus braços, pareciam pesados, como se correntes os prendessem, uma única luz iluminava o lugar, e nessa luz uma mulher, de cabelos loiros sentada no chão, cujo mesmo de costas, e mesmo depois de tantos anos, ele reconhecia ela.

- Mamãe?! – sussurrou ele aflito

Tentou ele em vão se aproximar dela.

- Mãe! – ele gritou enérgico.

Depois de tanto tempo, depois de ter chorado tanto. Porém, quando ela se virou e olhou pra ele, não foram os doces olhos de Tian Gai que Gael viu, a cor era a mesma, porém, algo estava errado, aqueles olhos não eram os dela.

- Mãe? Agora se lembra de que tem mãe? Você, filho maldito, me abandonou, me deixou ir, e em vez de ir embora, fugir, decidiu viver com aquele deus profano, se deitar com ele, como oferenda, como eu me deitei com seu pai, lixo, escória – a voz dela, não era doce ou suave, de seus lábios podres, só saiam o mais puro e letal veneno – Eu não tenho filhos, gerei três, porém os três me deixaram dois feitos à imagem do pai, sem sentimentos, e o outro, uma pequena naja manipuladora que não pensou duas vezes antes de se entregar e me deixar sofrer, na saudade e abandono, a sua traição me matou, sua traição me transformou.

Vucan - Romance GayOnde histórias criam vida. Descubra agora