Harriet Sant'clair , filha única do General de Gênova, está prometida em casamento para o seu melhor amigo de infância Finn Hudberg, herdeiro do condato de Chersterville.
Ela havia se acostumado tanto com a ideia desse matrimônio, que fora impost...
"Querido Diário, Chegamos num ponto da história que fica difícil de se ignorar angústias. Celebramos tudo, até um amor que não existia, isso não podia estar mais errado."
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𝑴𝒂𝒊𝒐 𝒅𝒆 1802
𝗘𝗟𝗔 estava cansada, saturada, impaciente, desolada.
As olheiras escuras, disfarçadas com pouca maquiagem, denunciavam o quão péssimas estavam sendo suas noites ultimamente. Não havia outro assunto palpável para as conversas em família, comentários dos criados ou fofocas da vizinhança se não o famoso "Noivado do ano" , quem sabe do século, devido a importância dada. Tudo isso lhe tirava até o apetite, e o resto de bom humor ou qualquer sentimento positivo se esvaia junto num processo contínuo de desgaste emocional.
Harriet tentou ser forte e aguentar ao máximo todo aquele teatro, mas a verdade é que últimos quatro anos não foram nada favoráveis, que dirás corriqueiros. Se comparecer a bailes todo início de primavera era enfadonho para qualquer dama da alta sociedade, imagine ter de estar presente e ainda obrigatoriamente negar qualquer cortejo, pedidos de valsa, ou passeios amigáveis por jardins com uma desculpa esfarrapada de estar "perdidamente apaixonada" por um jovem misterioso que ainda não havia firmado compromisso.
Era um vexame sem fim!
Para a moça, com certeza era a maior das humilhações ter de se sujeitar a um relacionamento anônimo onde O SEU PAR tinha total liberdade para dançar livremente ou ter outros relacionamentos somente pelo fato de pertencer ao gênero oposto, e ELA precisa se resguardar e manter as aparências de pura e casta, mantendo distância de todos os demais garotos.
"Estupidamente ridículo esses privilégios onde somente os homens desfrutam de alguma liberdade, mesmo sem se preocupar em dar satisfações ou magoar alguém!" - pensava ela.
Mas é o que se espera de uma sociedade onde o monarca não passa de um fanfarrão, que se aproveita da viuvez recente para ter inúmeras mulheres em seus aposentos.
Apesar dos males, felizmente Finn tinha o mínimo de consideração e respeito para com sua prometida, pois não era do conhecimento de ninguém que o jovem manteve algum relacionamento com qualquer moça, até mesmo as estrangeiras, o que era um verdadeiro milagre pois tudo era de conhecimento de todos naquela região.
- Rebanho de fofoqueiros fastijosos ! -exclamava Harriet sempre que ninguém a observava.
Contudo o rapaz, por justamente estar se dedicando ávidamente as atividades de interesse familiar ocupa o tempo se dividindo entre conhecer as grandes vinícolas que seu pai, o Conde, mantinha e por conseguinte visitar as propriedades que herdará, inclusive para encontrar uma do gosto de Harriet, com uma paisagem campestre e com muitas flores coloridas e cheirosas.
