Harriet Sant'clair , filha única do General de Gênova, está prometida em casamento para o seu melhor amigo de infância Finn Hudberg, herdeiro do condato de Chersterville.
Ela havia se acostumado tanto com a ideia desse matrimônio, que fora impost...
"Minha maior vontade até então ainda era de jogar tudo pelos ares, porém parecia tarde demais. Mas um grito por ajuda, mesmo que sufocado, ainda pode ser ouvido."
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Maio de 1802
Acabou.
Não havia mais o que debater, contestar, chorar, apenas uma realidade que deveria ser aceita de bom grado, aos empurrões, com um belo disfarce de simpatia e contentamento, e com uma pitada de sorte todos acreditaram que ambos estavam genuinamente felizes.
Mas para Harriet, sem dúvida, o ar estava mais rarefeito e doentio do que jamais esteve, e nem adiantou culpar o corset francês, extremamente apertado, que ganhou de presente de casamento para usar justo hoje, no "grande dia". Os preparativos para cerimônia foram concluídos num piscar de olhos, tudo corroborava para que em questão de minutos a filha dos Sant'Clair andasse em vagarosos passos através de um gramado decorado com lírios perfumados até chegar ao coreto que serviria de altar, onde um coral orquestrado a regeria em uma marcha nupcial ,ensaiada diversas vezes, para entregar sua vida e sonhos as mão de um homem.
Um "homem."
Tentou por dias pensar no quanto isso tudo pode "não ser abominavel ", afinal, conhecia relatos de casamentos arranjados que foram brutais, e com certeza causaram danos irreparáveis, muito piores do que se possa imaginar. Onde os casais, além de não se compreenderem, sofriam abusos e passaram por atrocidades, como infidelidade, agressões, traumas e outras vergonhas por mero interesse financeiro ou poderio. Finn Hudberg se mostrava um devido cavalheiro, a cortejou pelo tempo devido seguindo a boa moral, era jovem, bonito, e Harriet não duvidava de sua índole nem do seu bom coração, pois o mesmo sempre auxiliou os menos favorecidos, não tinha vestígios de arrogância em seu temperamento e prometeu cuidar dela pelo tempo que essa união perdurar.
Talvez, no fim das contas, o amor surgisse com o tempo, e ela estivesse sofrendo sem motivos crassos.
Quem sabe após se tornarem mais íntimos nos momentos a sós, a famosa chama da paixão se acendesse de uma maneira vívida, os dois ainda não haviam trocado nem se quer um beijo em respeito as vontades de Harriet.
Será que não foi dura demais com ele?
Ele a respeita em todos os sentidos, não lhe faria nenhum mal. Também os dois se aproximaram muito ao compartilhar suas teorias sobre os romances skaesperianos.
Harriet estava determinada em tomar uma atitude!
Se lamentar pelo resto da vida só tornaria a angústia pior, deveria aceitar de uma vez a incumbência que lhe fora imposta, dar o melhor de si, e desejar que tudo fique bem.
