》Aquele da chegada

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Joui P.O.V

Assim que seus dedos tocaram a minha testa, me afastei, assustado com a frieza do toque.

— Você tá gelada. – eu disse, olhando para ela envergonhado. Ela se assustou com a minha reação.

— Não tô, não. Você tá com febre. – disse, retirando um papel da mochila e passando em minha testa, enxugando o suor que se acumulava ali.

— Eu tô bem, sério. Não precisa fazer isso...

— Já comeu alguma coisa hoje? – ela me interrompeu, curta e direta.

— ...Não, eu não tive tempo.

— Sabia que precisa se alimentar pelo menos três vezes ao dia? – me repreendeu, agindo como uma mãe. Eu assenti, fazendo meu papel de criança.

— Sim, e-eu sei disso mas é que-

— E alguém do seu tamanho precisa se alimentar, é fundamental...

—  Liz, que tal deixar de lado seu papel de mãe, por um segundo? O cara tá tentando se explicar. – um garoto de cabelos castanhos disse, sua voz soando divertida e acostumada, como se sempre fosse ele a pessoa a dizer aquilo para Liz.

— Ele não comeu nada hoje, Thiago!

Ah, então o nome dela é Liz e o dele é Thiago...

— Mas você também não deixa ele falar nada! – O Thiago diz, exaltando-se. 

O que tá acontecendo?...

E então, de uma hora pra outra, eles começaram a discutir sobre como eu precisava comer e como a Liz era exagerada.

Tá até parecendo que são meus pais...

A discussão continuou por minutos, e todo aquele barulho, o calor que fazia e o balançar do ônibus me deixava ainda mais enjoado. A ânsia me atingiu novamente, minha cabeça estava girando e então meu corpo se curvava em resposta ao meu estômago se comprimindo e expelindo todo aquele líquido nojento.

Isso pareceu despertar os dois da sua briga, os gritos cessaram e uma mão apareceu em meu campo de visão estendendo uma garrafa de água.

Depois de vomitar e beber bastante água - Que a senhorita Liz me obrigou a beber -, o Thiago me deu dois sanduíches de frango e eles ficaram me encarando enquanto eu comia. Foi engraçado, parecia mesmo que eles eram meus pais.

Acabei os sanduíches e repousei minha cabeça no encosto da poltrona, satisfeito. Porém, minha cabeça parecia estar prestes a explodir e eu não me lembrava de onde tinha colocado os remédios.

Ótimo, agora eu vou ter que aguentar essa dor insuportável até chegar no campus, e ainda tem a Liz e o Thiago que estão me encarando como se esperassem algo.

— Tá legal, agora ele pode se explicar. – o Thiago diz um pouco baixo

— Obrigado. - Eu digo quase que num sussurro, só então entendo o que eles tanto esperavam.

— De nada, Joui. – A Liz se pronuncia calmamente. Nem parece a mesma pessoa que gritou pro ônibus inteiro ouvir. — Mas por que você não comeu nada? Já são nove horas da manhã e você deveria ter comido pelo menos uma fruta.

É que eu acabei me atrasando, e não deu tempo de comer nada antes de sair correndo de casa. Desculpa...

Eu falei aquilo tão devagar que eles devem ter dormido. Não me julguem mas o olhar da Liz como se a qualquer momento ela fosse me bater por não ter tomado café era mais do que assustador.

— Tá de boas, Joui. - o Thiago fala e depois volta a mexer em seu celular.

A Liz apenas me encarou com um olhar de quem está prestes a dar uma bronca, mas não a fez, e se endireitou na poltrona.

Tenso...

Depois de algumas horas, enfim chegamos ao campus. Era um espaço bem grande, cercado por um campo de grama bem verde com várias flores, além de grandes árvores que ofereciam sombras e uma leve brisa, que amenizavam o calor que estava fazendo.

Aos poucos as pessoas vão descendo do ônibus; Eu, Liz, Thiago e os outros garotos – o menino que esbarrou em mim e o outro de cabelo comprido – ficamos por último. Depois de descer do ônibus, todos nós seguimos em frente, parando perto dos guias que falavam sobre a distribuição dos dormitórios.

— São cinco pessoas por dormitório. - ele disse um pouco alto e logo todos começaram a combinar sobre quem ia com quem; eu só fiquei parado esperando falarem com quais pessoas eu iria dividir o quarto pelos próximos 15 dias.

Só espero que sejam legais.

Passaram alguns minutos e todos já tinham ido aos seus respectivos dormitórios, só restavam eu e as pessoas que me ajudaram, e estávamos em cinco.

Nem tem mais o que decidir, né?

— E vocês ficam juntos. – o guia disse e entregou uma chave à Liz. — Vocês já sabem as regras, mas eu vou repetir, por precaução: Nada de bebidas alcoólicas, drogas..

— E festas à noite. — o guia e o menino que esbarrou em mim dizem ao mesmo tempo — A gente já sabe disso, pai.

Então ele é filho do... como era mesmo o nome dele?... Brúlio?

E mesmo assim vocês nunca obedecem! - Ele diz e eu ouço eles rirem baixo. — Se comporta dessa vez Arthur, por favor. – ele fala e olha sério para o garoto, mas dava pra perceber que nem ele acreditava que aquilo realmente iria acontecer.

Então o nome dele é Arthur. Agora só falta o nome do menino de cabelo longo...

— Pode deixar seu Brulio, a gente vai tomar conta do seu filhinho. - O Thiago fala rindo e recebe um dedo do meio vindo do Arthur.

Depois dessa conversa nós começamos a andar em direção à região onde ficam os dormitórios, como nós fomos os últimos nosso dormitório era um pouco mais afastado dos outros.

Será que eles são tão bagunceiros pro moço pedir pra eles se comportarem dessa vez?

esse capítulo é tão chatinho, que eu mudei as coisas e mesmo assim ele continua ruim.

O Acampamento na Floresta [Joesar] | o segredo na floresta | Onde histórias criam vida. Descubra agora