Capítulo 2 ❋ 𝙻𝚊𝚍𝚢 𝙼𝚊𝚛𝚖𝚊𝚕𝚊𝚍𝚎

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Los Angeles é feita de caos e glamour nas mesmas proporções. Pode sim haver as grandes estrelas da era de ouro de Hollywood, o requinte de Bel Air e a trágica melancolia, solitude das tardes dos bairros nobres. Essa finesse é o sonho americano do cidadão médio que já não tem nada a almejar em sua triste existência em um mundo capitalista. Limpo, discreto e antigo, em tons de marrom, branco, bege e dourado fosco sem vida.

Mas a Los Angeles na qual conheço não é limpa, na verdade tem cheiro de cigarro e álcool, cores azuis, vermelhas e roxas neon em toda parte e principalmente música, não música clássica e erudita. Música de verdade, em seu verdadeiro propósito, Blues, Jazz, Rock... e Disco, principalmente o Disco em seu nobre caos de alegria.

O Camarim de Nancy Rainbow representava exatamente essa Los Angeles instigante e perigosa que todos deveriam experimentar ao menos uma vez na vida. E confie em mim quando digo, sou uma grande especialista em Camarins, ele é o reflexo do que o artista é em seu âmbito mais íntimo e consequentemente mede sua longevidade para o futuro. Eu já havia estado no Camarim de diversos artistas, - ócios que o ofício me proporciona- desde artistas medianos, como Prince e de músicos brilhantes que certamente serão lembrados por décadas sem jamais cair no ostracismo como Billy Ocean, Robert Palmer e Diana Ross (spoiler, no século 21 ninguém mais conhece Billy Ocean e Robert Palmer).

Apesar de todos serem malditamente arrogantes, um pequeno mal que afeta todos os artistas, Nancy curiosamente parecia não ter pegado ainda a doença da soberba artística. Mesmo sendo um mar de gentileza não resisti em perguntar:

- Vai mesmo me conceder uma entrevista ou só falou aquilo para me colocarem no stage e tentar escapar de um futuro processo? - tentei dizer em tom de humor para relevar o silêncio errante do lugar, apesar dos ecos advindos da boate.

Nancy estava sentada em frente ao espelho enorme da Delirium, lendo um papel de conteúdo desconhecido para mim, enquanto fumava um cigarro de odor suspeito. Cada aspecto ali dentro era de uma organização tremenda, me dava até vergonha de usar uma saia tão curta e bolsa tão desgastada.

- Não sei se o público alvo do LA post irá querer ler sobre uma Drag Queen. Vocês não são bem uma revista Rolling Stone - respondeu, com um tom de incerteza e ao mesmo deboche, que sempre lhe parecia inato e não intencional.

All Through The Night [REESCREVENDO]Onde histórias criam vida. Descubra agora